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Publicado em 18 de abril de 2022 às 09:51
O Sesc Pompeia inaugura na próxima terça (19) um ciclo de debates com Sebastião Salgado, lideranças indígenas e especialistas em questões dos povos indígenas como parte da exposição do fotógrafo brasileiro sobre a Amazônia, em cartaz no centro cultural agora.
Salgado, que mora na França, já tinha a intenção de trazer algumas dessas lideranças para a abertura da mostra, em janeiro -mas os números da Covid-19 aumentaram no país na época por causa da ômicron. Em função da pandemia, a exposição acabou não sendo aberta primeiro no Brasil e passou antes por Londres, Paris e Roma.
Entre terça e quinta, três debates serão mediados por Leão Serva, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura, com nomes como Davi Kopenawa, autor de "A Queda do Céu", e Francisco Piyako, liderança do povo ashaninka que já foi assessor da presidência da Funai. Os encontros são gratuitos e também serão transmitidos no canal do YouTube do Sesc Pompeia.
Serva explica que as lideranças convidadas estão relacionadas às etnias que o fotógrafo retratou em suas expedições -foram mais de 60 viagens num período de sete anos. "Há o ensejo de dar um depoimento da situação atual das agressões ao meio ambiente e à Amazônia", conta ele.
O jornalista, aliás, gravou depoimentos de alguns dos indígenas retratados por Salgado sobre a situação de cada um dos territórios. Os vídeos, que estão na mostra, foram filmados entre 2019 e o começo de 2020, mas muitas das questões trazidas por eles mudaram nos últimos tempos.
"Os yanomamis foram muito afetados pela pandemia, inclusive porque o governo federal desmobilizou toda a estrutura da Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena]", afirma o jornalista.
As fotografias que estão na exposição do Sesc Pompeia, organizada por Lélia Wanick Salgado, já foram publicadas numa série de reportagens sobre as expedições de Salgado neste jornal, que acompanhou o contato do fotógrafo com as aldeias.
Além do ciclo de debate e de um segundo evento com exibições de filmes de cineastas indígenas ou sobre questões de povos originários, a semana terá ainda um concerto na Sala São Paulo, retomando composições de Villa-Lobos e Philip Glass para a floresta amazônica, na sexta-feira (22), às 20h. Os ingressos ficam disponíveis para compra a partir desta segunda (18) no site da instituição.
Todos os eventos comemoram os 30 anos da homologação da terra indígena yanomami, tema da mesa de abertura das três conversas.
Além da intensa programação paulistana, Salgado assina uma segunda exposição, em Paris, chamada "Aqua Mater", com série de imagens que abordam os recursos hídricos.
Veja abaixo a programação completa de debates
O fotógrafo debate as três décadas de reconhecimento do território e sobre a atual situação dos indígenas lá, que ainda sofrem com invasão de garimpo e desmatamento, com Davi Kopenawa, escritor e liderança política, Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami e também uma liderança na comunidade, e Marcos Wesley, antropólogo que coordena o programa Rio Negro do Instituto Sócio Ambiental, o ISA.
Terça (19), às 20h, no teatro do Sesc Pompeia. Retirada de ingressos com 1h de antecedência
Biraci Brasil, cacique do povo yawanawa, Francisco Piyako, liderança dos ashaninka que já foi assessor da presidência da Funai, e Watito Piyako, também liderança, falam sobre como estão os conflitos nas terras indígenas no estado hoje.
Quarta (20), às 20h, na área de convivência da unidade
Sebastião Salgado conversa sobre como estão essas populações com Beto Marubo, indígena que compõe a direção da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari e integra o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, Sydney Possuelo, indigenista e especializado no assunto, e Tiago Moreira, antropólogo do ISA.
Quinta (21), às 18h, na área de convivência da unidade
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