Sem carnaval de rua, 24,5% das cidades terão festas privadas no país

Confederação Nacional de Municípios (CNM) ouviu 2.193 cidades em todo o país para uma pesquisa. No ES, dos 35 entrevistados, cinco afirmaram que vão manter os eventos pagos

Publicado em 22/02/2022 às 14h05
Carnaval de rua de São Paulo

Carnaval de rua de São Paulo em 2020. Neste ano, a folia está cancelada. Crédito: Edson Lopes Jr./AG. Brasil

Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) com 2.193 prefeituras de todas as regiões brasileiras aponta que 24,5% permitirão eventos privados nos festejos de carnaval, embora tenham suspendido as celebrações públicas. Além disso, 46,1% afirmaram ter cancelado qualquer tipo de comemoração - a exemplo do Recife - e 25,1% estavam com indefinições para a data até 17 de fevereiro.

No Espírito Santo, foram ouvidos 35 municípios (a Confederação não divulga a lista dos entrevistados) sendo que um não respondeu as perguntas. Destes, 17 afirmaram terem cancelado os festejos públicos e privados e apenas cinco disseram que vão manter a folia paga.  Questionados sobre quais medidas serão adotadas no período, 12 disseram não terem definido nada até o momento.

Embora parte dos Estados e municípios tenha cancelado o ponto facultativo dos servidores públicos - o que não aconteceu por parte do Governo do ES -, os quatro dias de carnaval serão de centenas de festas e shows em capitais, como Rio, São Paulo, Vitória e Salvador, no interior e em cidades turísticas do País, como Pipa, com portes e valores variados (que ultrapassam os R$ 700), Guarapari e São Mateus, que também já tem eventos com ingressos sendo vendidos.

CRÍTICAS DA POPULAÇÃO

Na última semana, vídeos de um evento privado carnavalesco no Memorial da América Latina, na capital paulista, com a cantora Anitta, viralizaram na internet e atraíram críticas, enquanto os desfiles públicos estão suspensos. O show foi parte de um festival com programação de cinco dias e autorizado a receber até 12 mil pessoas. O mesmo evento foi realizado em Guarapari (ES), no fim de janeiro, dentro da programação de verão de shows privados na cidade.

Entre os críticos, há quem atribua a situação a um possível elitismo do carnaval, enquanto a organização tem ressaltado respeitar todas as exigências sanitárias. Nas redes sociais de HZ, alguns internautas criticaram a confirmação de eventos privados enquanto os públicos foram cancelados: "Certo não era ter nenhum (show)!  Se não pode nas ruas, não era pra liberar os eventos fechados também não", comentou um internauta.

"De que adianta não ter carnaval de rua e o povo ir pra show aglomerar ? Nada, dá no mesmo e é até injusto quem não pode pagar para ir nesse eventos e ficar sem curtir o carnaval", comentou outra.

Após a repercussão das imagens do show de Anitta em São Paulo, o governo paulista fez um alerta: "Há uma preocupação do comitê científico (do governo) em relação a esse período do carnaval, embora majoritariamente nenhum município do Estado esteja promovendo encontros de carnaval, há organizações privadas e pessoas desejosas de fazer festas domésticas. E essa não é uma boa iniciativa neste período", declarou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

No Espírito Santo, o Governo do Estado já havia recomendado no mês de janeiro a não realização de carnaval de rua, grandes shows e eventos. "Formalizamos hoje aos municípios capixabas a recomendação da suspensão do carnaval e dos grandes show e eventos em todo o Estado. Solicitamos aos municípios que decidam não acatar a recomendação que subsidiem essa decisão com fundamentos epidemiológicos, com estudos técnicos capazes de sustentar uma decisão que não seria adequada ao Estado em um momento em que a curva da expansão de casos pode ainda ser mitigada", disse o secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, na época.

Porém, apesar da recomendação, nada foi proibido. No Espírito Santo, as festas que acontecerem devem seguir as regras sanitárias de acordo com o Mapa de Risco para Covid-19. A maioria das cidades que possuem grandes eventos, como Vitória, Guarapari e São Mateus está na categoria de Risco Moderado (em cor amarela) para transmissão do vírus, o que permitiria eventos para até 2 mil pessoas em espaços que cabem o dobro de público, além da comprovação vacinal para entrar nos locais.

Vale lembrar que em Vitória, assim como no Rio e em São Paulo, o desfile das escolas de samba foi transferido para abril.

BLOCOS CLANDESTINOS

Os governos também têm se preocupado com eventos clandestinos. No Rio, ao menos dois blocos foram às ruas no fim de semana - e situação semelhante já ocorreu este mês em Salvador. Na capital baiana, a prefeitura anunciou que terá uma fiscalização nas ruas para evitar grandes aglomerações, porém liberou eventos com até 1,5 mil pessoas.

Ontem, a Federação Médica Brasileira emitiu uma nota em que demonstra "preocupação com as festas" e "reforça o alerta para que gestores sigam empenhados na vacinação e reforcem a orientação à sociedade sobre aglomerações".

Renato Kfouri, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Imunizações, destaca que "ainda se vive taxa de transmissão alta". "São 800 mortes por dia (em média)", ressalta, lembrando que o comportamento do vírus é imprevisível e, no fim de 2021, parecia possível a realização de festividades - agora, porém, a Ômicron se espalhou e impulsionou o aumento de internações.

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Com informações da Agência Estado.

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