Repórter / aline.almeida@redegazeta.com.br
Publicado em 18 de março de 2025 às 16:22
O Centro Cultural Eliziário Rangel, em São Diogo I, na Serra, inaugura nesta quarta-feira (19) o Cine Queimado, a primeira sala de cinema independente do município. A abertura será marcada por um evento cultural gratuito, que inclui apresentações de teatro, congo e capoeira, além de exposições e debates. A data escolhida não é por acaso: o lançamento acontece no dia em que se comemora os 176 anos da Insurreição de Queimado, um dos levantes mais emblemáticos contra a escravidão no Espírito Santo, inspiração para o nome do cinema.
O projeto foi viabilizado por meio da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, e reforça a proposta do Eliziário Rangel de democratizar o acesso à arte e ao audiovisual. Com capacidade para 70 pessoas, o Cine Queimado oferecerá sessões diárias de segunda a sexta-feira, com duas exibições gratuitas por dia: uma no horário do almoço, voltada para trabalhadores da região, e outra à noite, com enfoque no público infantil.
A cerimônia de abertura contará com a presença do Fórum Chico Prego, organização dedicada à memória da Insurreição de Queimado, além de debates com a professora Beth Barros, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Galdene Santos, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da Serra.
O evento também trará apresentações culturais, como a exposição da Associação de Banda de Congo da Serra, performances teatrais da Impropria Trupe e Atrevida Trupe, além de exibição do curta-metragem "Nós Importa (Mulheres)".
O diretor do centro cultural, Antônio Vitor, destaca que o Cine Queimado nasce como uma alternativa aos cinemas comerciais, que muitas vezes impõem barreiras de acesso à população periférica, seja pelo custo dos ingressos e da alimentação, seja pela localização dentro de shoppings, onde há forte vigilância. “Essa é a primeira sala de cinema fora de um shopping na Serra e uma das poucas da Grande Vitória. Queremos ser um espaço de articulação e difusão da produção audiovisual independente”, ressalta.
A programação do Cine Queimado será voltada para produções capixabas, brasileiras e latino-americanas, com destaque para obras realizadas por mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e outros grupos historicamente marginalizados. A curadoria ficará a cargo de Adryelisson Maduro, a projeção será conduzida por Marília Favalessa, e a produção cultural será de Roberta Portela.
Entre os projetos já previstos está a Mostra Rosilda Moreira, que será realizada no segundo semestre deste ano. O evento homenageará uma mulher vítima de feminicídio e abordará o enfrentamento ao racismo e à violência de gênero. Para 2026, está programado o festival A Cidade que Brinca, voltado para discutir os direitos das crianças e adolescentes.
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