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Publicado em 6 de julho de 2023 às 10:28
Vitória se prepara para receber uma das atrizes mais populares e queridas do Brasil. Susana Vieira retorna ao Estado com "Shirley Valentine", comédia agridoce em cartaz neste sábado (8) e domingo (9), no Sesc Glória. Os ingressos estão esgotados para os dois dias de apresentação.
Diva da dramaturgia nacional, Vieira revive a personagem eternizada no cinema - e nos palcos - nos anos 1980 por Pauline Collins, que chegou a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Susana - que comemora 60 anos de carreira e 80 de vida - brilha em uma peça que conta com a experiência de Miguel Falabella, responsável pela adaptação do texto clássico de Willy Russell para o Brasil. Falabella, com seu talento peculiar, trouxe um toque de leveza e "humor tropical" à história original.
Em entrevista à "HZ", Susana revela detalhes sobre sua preparação para o papel e a experiência em trabalhar com Miguel nos palcos, com quem também atuou na peça "A Partilha" (1990), que gerou a bem-sucedida continuação "A Vida Passa" (2000). Mesmo com pouco tempo de ensaio, ela garante que conseguiu transmitir a alegria e a tristeza de Shirley, uma mulher que enfrenta desafios familiares após os filhos deixarem o lar e seu marido tratá-la mal. Ela precisa recomeçar, aprender a reencontrar a felicidade e conhecer um novo sentido para a vida. Lógico que um tema tão sensível causa identificação imediata com a plateia.
Em vídeo de divulgação do espetáculo, Susana já deixa o convite para os fãs assistirem tudo: "Já estou chegando, tá!".
"Miguel Falabella trouxe um humor peculiar à peça, fazendo com que o público se sentisse à vontade para rir mesmo em momentos em que a história poderia ser triste ou dramática. A peça desperta nostalgia e remete a situações vividas por muitas pessoas, especialmente aquelas que já passaram pela experiência de ver seus filhos saírem de casa. Shirley foi um desafio", adianta.
Quando questionada sobre como se manter plena aos 80 anos, Susana, falante e vívida, responde com sinceridade e humor, afirmando que sempre foi uma pessoa alegre, apaixonada por festas, praias e família. Ao "HZ", também confessou que tem receio da morte, pois acredita que ainda há muito para aproveitar e que deseja continuar trabalhando (está escrevendo um livro de memórias), fazendo viagens e até mesmo atuando em novelas. Sua vitalidade e energia, segundo a própria artista, são as verdadeiras vitórias de sua extensa trajetória.
Sim, assim é a Shirley, mas não necessariamente uma Shirley inglesa, porque houve uma adaptação perfeita pelo Miguel Falabella, que trouxe para o Brasil, especialmente para o Rio de Janeiro e para a minha boca, um certo humor e leveza ao drama dessa mulher. Isso é muito do brasileiro, sabe? Estamos sempre bem-humorados. Quando você chega no carnaval, tá todo mundo bem-humorado. Bastou juntar três, quatro, cariocas, que parece que existe uma coisa de sobreviver ao desastre e à tristeza (risos), porque senão você vai para o buraco. É o Instituto de conservação do ser humano. Então, como todos, Shirley também tenta se salvar do buraco.
Ah, acho que não posso dar por encerrada a minha vida, fazer o quê? Meu cérebro continua funcionando. Acho que enquanto há vida a gente pode fazer coisas. Não vou aprender a fazer trabalhos manuais, porque continuo trabalhando com memória, leitura, representação e com dança. Se for possível, com música. Tem um livro para sair. Se Deus quiser, sairá este ano ainda. Vou contar desde quando comecei na televisão. São quantos anos? Sessenta e três, né? Anos de vida e de história. Não estou contando nada alucinante e não dou detalhes de nada para que o público não pense que seja um livro escandaloso. É uma obra contando a trajetória de uma atriz brasileira trabalhando em televisão e viajando pelo Brasil levando seus trabalhos de teatro.
Para ser sincera, não tenho a menor ideia, porque sempre trabalhei, fui alegre, quis sair, festa, praia, sempre quis família em casa. Acho que não sei como cheguei (aos 80 anos), mas cheguei bem. Até andando com a cabeça boa, decorando o texto e bonitinha, né? (risos). Tenho pavor da morte, muito medo dela, porque acho que tenho tantas coisas para fazer e posso ser tão feliz ainda.
Acho que tive uma brilhante carreira na televisão e foi me oferecido que há de melhor em matéria de novelas. Algumas não fiz, mas grandes atrizes fizeram. Tem "Roque Santeiro". Sinto uma que adoraria fazer aquela Porcina, né? Que a Regina Duarte fez... e tem outra que adoro e que gostaria de ter feito, "Barriga de Aluguel", com Cássia Kiss. Em relação às tramas marcantes, vamos falar inicialmente de "Senhora do Destino" (2004), do meu amado e querido Agnaldo Silva. Aquela personagem foi um presente lindo que ele meu deu. Tem "Anjo Mau" (1976), que foi o primeiro estouro. A "Escalada" (1975) e "A Sucessora" (1978) também foram top de linha.
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