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Publicado em 11 de março de 2023 às 12:39
A história do Coral SerenataDfavela começou antes mesmo das crianças aprenderem sobre afinação e notas musicais. Em uma sala de aula de uma escola do Morro do Quadro, em Vitória, em 2009, a professora Luciene Pratti sentia dificuldade de se conectar com novos alunos. Eram 28 crianças de 10 e 11 anos que não queriam prestar atenção no conteúdo, mas gostavam de cantarolar.
Percebendo ser a música o que retinha a atenção daquelas crianças, Luciene resolveu levar um rádio e um CD da banda Legião Urbana para a sala. Os versos "Eu moro com a minha mãe, mas meu pai vem me visitar. Eu moro na rua, não tenho ninguém. Eu moro em qualquer lugar" tocaram de maneira especial aquela turma de uma escola da periferia da capital capixaba.
Daquela primeira experiência, Lucienne conseguiu criar uma conexão e, então, nasceu o grupo musical, que se apresenta neste sábado (11), no encerramento do Festival MC/Edição Favela, com performance na Praça de Santa Tereza, em Vitória.
"Não tínhamos nenhuma dimensão de que nos tornaríamos culturais. Era um projeto que aconteceu em sala de aula, com meninos que tinham dificuldades porque não queriam aprender, mas gostavam de cantar", detalha a mestre.
Naquele ano, a música na sala, nos intervalos e depois do fim das aulas, foi fazendo com que as crianças começassem a se identificar. Com o tempo, mais alunos foram chegando e o projeto não parou de crescer.
"Minha questão, num primeiro momento, era resolver o desafio de que eles prestassem atenção no que estava ensinando. Meu foco não era a música. Não queria pressão das afinações e das notas. Isso foi tomando formato e 10, 15, 20 meninos e, em 2019, chegamos a uma média de 100 meninos", completa Lucienne.
Em 2010, o grupo teve de parar porque Lucienne mudou de escola. Em 2011, porém, ela voltou para o Morro do Quadro e o projeto foi ganhando força. Ela começou a reunir alunos e apresentar o grupo como uma "serenata". Daí, surge o nome SerenataDFavela.
Até 2019, a professora ajudava quase 100 crianças e adolescentes a desenvolverem suas habilidades através da música. Foi naquele ano a virada de chave para o grupo musical. Conquistaram uma sede, receberam Cesar MC como embaixador e se firmaram como Instituto SerenataDFavela.
Transformando a realidade do Morro do Quadro, SerenataDFavela completa 13 anos
Mais do que a música, o Instituto passou a atuar pela vida daqueles jovens. Os voluntários queriam transformar a realidade das crianças, fazer com que tivessem mais oportunidades e fossem vistas."A importância do Instituto no lugar onde estamos é de visibilizar as pessoas que estão no alto do morro, principalmente, para que existam políticas públicas e projetos para a favela que, realmente, façam acontecer", diz Luciene.
Combater a fome, ajudar no acesso a medicamentos e fazer com que jovens e famílias conquistassem bolsas de estudo e oportunidades no mercado de trabalho estão entre os embates. São essas algumas das atuações do Instituto, que, atualmente, recebe 300 crianças. Dessa missão de transformar a periferia e, principalmente, o olhar sobre ela, já se foram 13 anos de atividade.
Foram gravações para comerciais, participações em clipes e festivais e até o desejo de se montar uma orquestra. O trabalho que começou com a canção "Pais e Filhos", hoje dá propósito e permite que jovens se sintam compreendidos.
Em comemoração aos 13 anos do SerenataDFavela, o Instituto está sendo homenageado na edição Favela do Festival Movimento Cidade, neste sábado (11). Com adiantado no texto, o coral encerra a noite de uma programação pensada para valorizar a periferia.
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