Repórter de HZ / bheleodoro@redegazeta.com.br
Publicado em 28 de julho de 2023 às 15:46
Palco dos principais eventos sociais e esportivos do Espírito Santo, o Clube Álvares Cabral está completando 121 anos de história. Regada a muito samba, a comemoração está marcada para este sábado (29), a partir das 20h. Os convidados de honra para tornar os parabéns ainda mais especial são os sambistas Martinho e Tunico da Vila.
Juntos, pai e filho prometem trazer clássicos do ritmo musical e sucessos autorais como "Madalena do Jucu" e "É Dia de Rede no Mar". "Meu pai sempre foi à frente do seu tempo, ousado, inovador e me incentivou a ousar e ser o que sou, a exercer minha identidade, seja no trabalho como compositor e como artista e na vida", contou Tunico à HZ.
Também convidados para a festança, marcam presença neste sábado Casaca, Sambasoul, Regional da Nair e a banda de congo Tambor Jacarenema, da Barra do Jucu. Os ingressos estão à venda na internet e custam a partir de R$ 60 (meia-entrada). Quem quiser uma experiência ainda mais exclusiva, pode garantir uma mesa, a partir de R$ 800. Bora pra lá!?
Carioca de nascimento e capixaba do coração, Tunico da Vila é um dos oito filhos de Martinho. Enquanto crescia, se apaixonou pelo samba que ouvia o pai cantar. Aos 50 anos, sendo 27 de carreira, é morador de Vitória e carrega sua herança cultural nas composições.
"O Espirito Santo é riquíssimo culturalmente, tem um movimento negro forte aqui. Comidas, rezas, congos, paneleiras, ticumbis e samba, tudo negro. Sou muito agradecido aos Deuses do samba por me trazerem para cá", assinalou.
No bate-papo, o sambista relatou a expectativa de dividir o palco com o pai, como também adiantou os próximos passos da carreira. Vem com a gente!
Estou muito animado! Este show está sendo preparado há meses com muito carinho para comemorar o aniversário do Álvares (Cabral) e também para o público capixaba sentir a leveza e a profundidade do samba, que aprendi nas rodas que participei ao longo dos meus 27 anos de carreira. Trago músicos renomados, capixabas e cariocas, em minha banda, com um repertório com clássicos do samba, autoral e ritmos africanos.
Acabei de fazer 50 anos e passei como sempre passo: agradecendo aos meus Orixás ter mais um ano. Esse ano mais ainda, com o fim da pandemia da Covid-19. Todo aquele que passou por essa pandemia é um vitorioso e agradeci muito. Gosto de estar em casa, com o pé no sofá, 'largadão' e com quem amo. Não sou mais festeiro, de rua, faço a festa em casa.
Sou casado com uma capixaba e moro há 7 anos em Vitória. A ilha tem tudo a ver com a minha ancestralidade banta angolana. O Espirito Santo é riquíssimo culturalmente, tem um movimento negro forte aqui. Comidas, rezas, congos, paneleiras, ticumbis e samba, tudo negro. Sou muito agradecido aos Deuses do samba por me trazerem para cá.
A primeira coisa que penso é a ancestralidade negra. Meu primeiro show foi em Guriri. Estreei aqui como músico. Não estou aqui à toa, penso que, na minha visão de Kizombeiro, que participou das Kizombas (que foram encontros culturais de intercâmbio com África nos anos 1980), estar aqui tem um sentido muito forte. Vitoria é minha Luanda.
Ele me inspirou a ser o músico percussionista com os ritmos e os lugares que aprendi com ele e que ele me levou. Ele me inspirou a ser cantor vendo suas atuações e performances. Sempre foi meu grande incentivador musical. Venci várias barreiras ouvindo cada conselho e indo com ele na casa dos menestréis, sambistas, mestres e matriarcas do samba. Depois vieram os caminhos que trilhei no candomblé cantando e tocando para os Orixás. Meu pai sempre foi à frente do seu tempo, ousado, inovador e me incentivou a ousar e ser o que sou, a exercer a minha identidade, seja no meu trabalho como compositor, artista e na vida.
Maduro, consciente dos meus propósitos e seguindo meu plano de carreira, gravar para streaming, shows conceituais e parcerias efetivas. Estou em processo de produção e composição agora.
Samba é contemporâneo e traz o que vivemos em nossa época. Esse cenário se renova. O momento é de abertura para novos nomes e intercâmbio com outros ritmos. O samba resiste como tudo que é negro resistiu.
É trocar energia com quem aprendeu a amar e respeitar o samba. É lutar contra preconceitos. É revolução, pois sempre falou de amor em tempos de ódio. O samba abraça pessoas com deficiência, mulheres, neuro diversos, LGBTs e pessoas de todas as religiões. O samba foi criado por pessoas negras para todo mundo.
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