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Ufes e Secult/ES promovem evento para debater futuro do Cais das Artes

"Cais + Arte" acontece de 17 a 19 de maio no Cine Metrópolis e realiza um simpósio para discutir o uso do equipamento cultural, cujo obras na Enseada do Suá estão paralisadas desde 2015. Visitas monitoradas às obras também estão previstas

Publicado em 17 de maio de 2022 às 07:00

Vista aérea do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória
Vista aérea do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória Crédito: CLEFERSON COMARELA/VIXFLY DRONES

Com obras paralisadas desde 2015 - de acordo com Luiz Cesar Maretto diretor-presidente DER/ES, podendo ser retomadas no segundo semestre deste ano -, o futuro do Cais das Artes será debatido em encontro no Cine Metrópolis (Ufes), entre terça (17) e quinta (19), em evento presencial.

Batizado de "Cais + Artes", o encontro busca trazer à tona temas pertinentes às atividades dos futuros museu e teatro (a serem instalados no aparelho cultural), além de discutir um formato de gestão. Nos três dias de programação, o evento contará com uma conferência de abertura, visitas mediadas à obra do complexo - iniciada em 2010 - e três mesas temáticas (acompanhe a programação abaixo).

Para participar presencialmente, é preciso se cadastrar gratuitamente pela internet. Ponto alto do encontro, a visitação às obras aconteceu na segunda (16) e segue nesta terça (17). De acordo com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult/ES), que organiza o evento em parceria com a Ufes, as vagas para a visitação estão esgotadas.

No "Cais + Artes", a formação de mesas pretende promover debates objetivando atingir três vertentes do complexo cultural: Museu, Teatro e Gestão de equipamentos culturais. Em relação ao futuro teatro, por exemplo, o simpósio promove, entre outros pontos, o impacto das artes cênicas no campo da produção cultural local, nacional e global.

No encontro destinado ao Museu, o olhar se voltará ao impacto do setor no campo das artes local, nacional e global, além potencialidades a serem exploradas.

No que talvez seja o simpósio mais relevante, o voltado à Gestão, serão debatidos, entre outros pontos, a viabilização da conclusão do projeto e sua relação cultural e orçamentária com o Estado e a cidade.

PARTICIPAÇÃO

Em entrevista a "HZ", Luiz Cesar Maretto, diretor-presidente do Departamento de Edificações e Rodovias (DER/ES), confirmou presença no "Cais + Artes".

"Vamos participar do evento, especialmente nas visitas guiadas às obras. É importantíssimo promover um diálogo entre comunidade e poder público. Mesmo sendo impossível atender a todos os pedidos, defendo que a gestão administrativa deva ser terceirizada, especialmente se for coordenada por uma ONG ou produtora cultural. Eles têm mais mobilidade para a contratação de shows e eventos, fugindo da tradicional burocracia do poder público", complementa.

Também participam do encontro, Paulo Vargas, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo, Kleber Frizzera (DAU-Ufes) e Fabrício Noronha, Secretário Estadual de Cultura. Como convidados das palestras e mesas de debate, teremos Guilherme Teixeira Wisnik, Fabiano Araújo, Thiara Pagani, Marcelo Lages, Flávia Botechia, Nieve Matos, Ananda Carvalho, Fredone Fone, Diego Moreira Matos, Luciano Feijão, Angela Gomes, Marta Vieira Bogéa, Emílio Kalil, Luís Cruz MATT-Lisboa e Gabriela Moulin. Mais informações sobre o que será debatido e os currículos dos convidados, podem ser conferidos na internet.

OBRA POLÊMICA

A título de curiosidade, até 2018, o Governo do Espírito Santo já havia investido, ao todo, mais de R$ 129 milhões no complexo que seria o maior espaço cultural do Espírito Santo, que, inicialmente, tinha entrega prevista para 2012. O projeto é assinado pelo renomado e premiado arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha, morto em 2021 sem ver a construção finalizada.

Desconsiderando novas avaliações que podem revelar que o Cais das Artes necessite de algum tipo de recuperação por dano causado pela ação do tempo no período em que a obra ficou parada, a edificação ainda tem pendente a conclusão do teatro, museu e uma praça (que já estava prevista no projeto original).

Cais das Artes
A obra do Cais das Artes está paralisada desde 2015 Crédito: Carlos Alberto Silva

Ao todo, o teatro teria 600 metros quadrados, com 1,3 mil lugares e um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto. O museu compreenderia um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria. Já a praça original foi projetada para ter cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.

A "HZ", Luiz Cesar Maretto explicou que as obras do aparelho cultural estão bem próximas de serem reiniciadas. "Estamos tentando um acordo com o Consórcio Andrade Valladares (responsável para construir o empreendimento) para retomar as atividades. Como se trata de um acordo judicial, é impossível precisar uma data. Nossa intenção é que as obras sejam retomadas em meados do segundo semestre", adianta, anunciando que, na última quarta-feira (11), recebeu um documento do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, questionando o andamento das obras no complexo.

"Nosso objetivo é terminar o Cais das Artes. Acredito que, possivelmente, teremos que investir cerca de R$ 100 milhões para concluir o complexo cultural. Após o reinício das obras, a previsão de término é de 18 meses", informa Maretto.

Na sequência, o gestor explicou como serão os próximos passos para tentar viabilizar a obra ainda no segundo semestre.

"Na próxima semana, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) vai nos entregar um estudo com um levantamento de todos os pagamentos já feitos em relação ao espaço, incluindo o que precisa ser executado, com seus devidos valores. Após isso, haverá uma avaliação jurídica em conjunto com a Secretaria de Estado de Controle e Transparência. Ainda em maio, devemos apresentar esse levantamento a Andrade Valladares e será aberto um acordo para o retorno das obras", adianta.

O CAIS DAS ARTES ANO A ANO

  • 2010
  • Oficialmente as obras começaram em 2010, no fim do segundo mandato do governador Paulo Hartung. O investimento total seria de R$ 115 milhões.

  • 2012
  • A previsão de entrega do empreendimento estava prevista para 2012, mas a Santa Bárbara, construtora que executava os serviços, faliu e, com isso, o contrato foi reincidido.

  • 2013
  • Neste ano, as obras foram retomadas após uma nova licitação que contratou o Consórcio Andrade Valladares - Topus.

  • 2015
  • As obras foram realizadas até maio de 2015, quando sofreram nova paralisação. Depois disso, no começo de junho, voltaram a prosseguir, mas, no mesmo mês, pararam novamente. Ainda em 2015, o governo anunciou que teria que contratar uma nova empresa, a terceira, para finalizar a construção. A entrega ficaria para 2018.

  • 2016
  • Em agosto foi feita uma nova licitação, mas para contratar uma consultoria de engenharia, que faria uma avaliação da obra e um balanço do que ainda precisaria ser feito. Neste ponto, o governo do Estado já previa gastar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões a mais no orçamento.

  • Neste ponto, desde 2010, o que foi construído nem chegou a ser utilizado e já precisou de reparos devido à ação do tempo e abandono ao empreendimento.

  • 2018
  • Já em 2018, em abril, o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) licitou uma nova empresa para gerenciar a obra. A Planesp Engenharia ganhou a chamada no valor de R$ 3,8 milhões para executar o serviço.
  • Em julho deste ano, Paulo Hartung e a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop) anunciaram que as obras seriam retomadas em dezembro de 2018 e deveriam ser entregues até 2020. Até então, já havia sido gasto, ao todo, mais de R$ 129 milhões com o que era para ser o maior espaço cultural do Espírito Santo, inicialmente, com entrega prevista para 2012. Com a previsão de gastos divulgada naquela época, o valor total chegaria à casa dos R$ 229 milhões.
  • Em setembro, o governo lançou edital para licitar a empresa que terminaria as obras do empreendimento. Mas, em outubro, suspendeu o edital sem data para republicá-lo.

  • 2019
  • Em março, o governo decidiu retirar mais de R$ 14 milhões que custeariam parte das obras de finalização do Cais das Artes para abrir um crédito suplementar à Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano. Ainda em março, o Iopes garantiu que iniciou um processo de levantamento do equipamento cultural para ver o saldo da obra e retomar a execução do projeto com a empresa Andrade Valladares - Topus, a mesma que cuidava do canteiro de obras em 2015.

  • 2020
  • Em janeiro, o governo esperava retomar as obras ainda em 2020. Em entrevista à Gazeta, o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha, disse que iria, também, intensificar um debate com a sociedade artística para falar sobre o futuro uso do local. Sobre as obras, na ocasião, o titular da pasta reiterou a necessidade de o processo na Justiça se resolver.

  • 2021
  • Em janeiro, o secretário de Cultura disse que o governo pretendia retomar a construção do Cais das Artes no primeiro semestre do ano. Na época, o governo estava em discussão para entrar em acordo com a empresa que processou o Estado na Justiça. 
  • Em maio, o DER-ES disse que estava finalizando um acordo internamente com a empresa responsável pela obra. Porém, a resposta que viria em poucos dias nunca chegou.
  • Ainda sem acordo, o governador Renato Casagrande anunciou em dezembro que pensa em duas alternativas para ter o espaço finalizado: regulamentar um contrato de gestão, com ajuda do Tribunal de Contas, para se ter um acordo e resolver o problema jurídico; ou conceder um espaço do Cais das Artes para empresas de tecnologia fazerem um hub de startups e custeiem a finalização da obra.

  • 2022
  • Em janeiro, o Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB-ES) utilizou as redes sociais para se manifestar contra a utilização do Cais das Artes para outros fins que não sejam artísticos e culturais, questionando a ideia do governador Renato Casagrande (PSB) de conceder um espaço do aparelho cultural para empresas de tecnologia fazerem um hub de startups, possibilitando assim a finalização do aparelho cultural.
  • Em maio, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult/ES) e a Universidade Federal do Espírito Santo lançam o simpósio "Cais + Artes", visando debater temas pertinentes às atividades dos futuros museu e teatro (a serem instalados no aparelho cultural), além de discutir um formato de gestão do espaço. O retorno das obras, efetivamente, ainda segue indefinido.
  • No mesmo mês, em entrevista a "HZ", Luiz Cesar Maretto, diretor-presidente do Departamento de Edificações e Rodovias (DER-ES), revelou que, se for feito um acordo com o Consórcio Andrade Valladares em maio de 2022, as obras podem ser retomadas em meados do segundo semestre. Ainda de acordo com o gestor, mais R$ 100 milhões devem ser investidos para a conclusão do complexo cultural.

"CAIS + ARTES"

  • QUANDO: de 17 a 19 de maio, no Cine Metrópolis (Ufes), em diversos horários
  • O QUE É: Conferência de abertura, visitas mediadas à obra do Cais das Artes e três mesas temáticas, que receberão palestras com convidados de referência para promover e impulsionar o debate sobre o uso do futuro aparelho cultural. As atividades serão gratuitas, mediante inscrição pela internet. Toda a extensa programação de debates e palestras, com seus respectivos convidados, podem ser conferidas no site da Secretaria Estadual de Cultura.

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