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Publicado em 9 de outubro de 2023 às 08:38
A Universo Paralello, festa de música eletrônica criada no Brasil, acabou virando, em uma de suas edições internacionais, alvo da invasão do Hamas a Israel no sábado, 7. Foi o maior ataque ao país nas últimas décadas.
Juarez Petrillo, pai de Alok e criador do evento, e fãs brasileiros presentes relataram o desespero com os mísseis explodindo durante a festa e a fuga dramática enquanto os militantes do Hamas entravam pela fronteira com a Faixa de Gaza, próxima ao local escolhido para a rave.
Universo Paralello é o nome de um festival de música eletrônica nascido no ano 2000. Um dos fundadores é Juarez Petrillo, também conhecido como DJ Swarup. As primeiras edições foram realizadas em Goiás. O evento cresceu e se tornou uma das marcas mais conhecidas da música eletrônica brasileira, em especial do subgênero chamado de psytrance.
Na virada do ano de 2003 para 2004, a Universo Paralello saiu do Centro-Oeste e passou a ser realizada na Bahia, onde acontece até hoje, na praia de Pratigi. Em geral, o evento acontece a cada dois anos. Durante a pandemia, ele foi interrompido, mas agora aumentou a frequência, com edições no fim de 2022 e outra marcada para 2023.
A Universo Paralello é uma rave - festa de música eletrônica, geralmente em locais a céu aberto e afastados, que acontecem ao longo de um ou mais dias. Com sua popularização, ela passou a assinar também eventos fora do Brasil. No ano passado, por exemplo, foram anunciadas no perfil oficial do evento "teaser parties" da Universo Paralello no México, Portugal e Espanha.
O perfil oficial da Universo Paralello também fez, em agosto de 2023, um post para divulgar o evento chamado "Israel Edition - Universo Paralello - World Tour" (em português Edição de Israel - Universo Paralello - Turnê Mundial). O evento estava marcado para a madrugada de sexta-feira, 6, para sábado, 7. Na véspera, foi divulgada a programação de Djs.
Diversos fãs brasileiros foram à festa. Uma delas, a gaúcha Gabriela Barbosa, de 33 anos, contou ao Estadão que foi justamente o fato de a Universo Paralello ser um evento brasileiro que a fez querer comparecer à rave.
"Eu estou aqui em Israel desde o final de agosto para conhecer a família do meu namorado e conhecer o país. Meu namorado é israelense. A edição pocket da Universo Paralello aqui em Israel tinha sido a única festa que gente tinha planejado de ir com certeza com nossos amigos, inclusive porque a gente ama muito ir à Universo Paralello lá no Brasil, e uma festa aqui ia ser muito especial (...) A festa foi organizada em um campo aberto, mas que eles cercaram, muito perto da Faixa de Gaza, dentro do Estado de Israel. Eram cerca de 3 mil pessoas na estimativa das autoridades daqui", ela disse.
"Todo mundo estava dançando, muito feliz da vida. Aí, de manhã, meu namorado olhou para o céu e falou: 'São mísseis vindo de Gaza'. Eu fiquei chocada porque eu nunca tinha visto isso desde que eu estava aqui. E nesse momento as pessoas começaram a gritar e se desesperar. Porque veio um, depois vieram vários. Eles explodem no ar por causa do sistema antibomba (...) As pessoas começaram a se desesperar, querer sair da festa correndo. Eles desligaram a música e anunciaram no microfone para a gente deitar no chão e cobrir a cabeça por cerca de 10, 15 minutos", relatou Gabriela.
Ela afirmou que os fãs ficaram sob fogo cruzado na fuga e que ela teve sorte de ter saído rápido e não ter ido na direção de Tel Aviv. Segundo Gabriela, quem foi na direção da cidade atacada correu mais riscos - e, ainda mais, quem decidiu ficar no local da rave, que chegou a ser invadido pelos militantes do Hamas.
Alok disse na noite deste sábado, 7, que seu pai estava "seguro em um bunker aguardando direcionamento para retornar ao Brasil". Mais cedo, Juarez publicou em suas redes sociais vídeos do evento, quando bombardeios do conflito com o Hamas começaram. Ele relatou: "Guerra, mano, fala sério (...) Estou em choque até agora. E as bombas não param de explodir".
Segundo Alok, Juarez apenas licenciou os direitos da marca Universo Paralello a produtores israelenses, e não foi organizador da festa no local.
"O meu pai foi contratado a se apresentar em um evento que licenciou os direitos de uso do nome do festival, como já aconteceu em diversos outros países. O produtor israelense licenciou o uso da marca e produziu o evento por conta própria, sendo o meu pai uma das atrações."
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