Sutilezas do tempo (2024), de Castiel Vitorino Brasileiro (ES). Crédito: Secult
Um verdadeiro museu a céu aberto. Assim podemos definir o Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha. Localizado no final da Praia da Costa, o local abriga diversas esculturas, instalações e projetos de intervenção. Das 28 obras do Parque, 15 foram inauguradas em março deste ano.
HZ aproveitou a novidade para fazer um tour e mostrar todos os detalhes. Entre exposições permanentes e temporárias, as novas obras foram criadas por artistas do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Os trabalhos foram selecionados por meio de um edital lançado em 2023, que contou com um investimento total de R$ 1,8 milhão.
Confira abaixo um tour pelo Parque Cultural Casa do Governador:
Além de se adaptarem à área externa natural do parque, as produções contribuem para os campos das artes visuais, do meio ambiente e da tecnologia. Ocupando uma área de 93 mil metros quadrados, o Parque foi inaugurado em maio de 2022, como um espaço destinado ao público interessado na produção cultural local.
Para conhecer os trabalhos, o público pode visitar o espaço sempre às terças-feiras e quintas-feiras, das 8h às 17h, mediante agendamento prévio pelo telefone (27) 3636-1032. As visitas são gratuitas e guiadas por um mediador.
CONHEÇA MAIS SOBRE AS OBRAS
Obras permanentes
Sutilezas do tempo (2024), de Castiel Vitorino Brasileiro (ES): Desenvolvida com a comunidade quilombola Morro das Araras, que contribiu com a feitura do “embarraeiro” – técnica tradicional arquitetônica que ensina sobre tempo, confiança, cuidado e amor –, a obra reflete sobre a extrema delicadeza do nosso envelhecimento.
Sutilezas do tempo (2024), de Castiel Vitorino Brasileiro (ES). Crédito: Secult
Círculo Máximo (2024), de Geovanni Lima (MG): Desafiando a lógica norte-sul e homenageando os ancestrais africanos vitimados pelo movimento escravocrata, a instalação reflete sobre a maré nos oceanos e a força da natureza, especialmente do vento que movimenta as imagens das 16 esculturas que compõem o trabalho, simbolizando cada Orixá.
Círculo Máximo (2024), de Geovanni Lima (MG). Crédito: Secult
Brisa – Uma escultura cinética para bailar com o vento (2023), de João Wesley de Souza (ES): Escultura cinética, construída em aço corten sobre uma base de concreto estrutural revestida com o mesmo material, além de uma relação direta com o vento, a obra ativa uma construção mental que acontece na relação com o observador, podendo-se admitir sua natureza também fenomenológica.
Brisa – Uma escultura cinética para bailar com o vento (2023), de João Wesley de Souza (ES). Crédito: Secult
Púlpito Público (2020), de Maré de Matos (MG): Composta pela junção de três escadas que se encontram em uma plataforma única, com quatro dispositivos sonoros fixados (megafones), a instalação representa o encontro, as diferenças e os múltiplos caminhos, evocando a pluralidade de vozes a partir de sua ativação.
Púlpito Público (2020), de Maré de Matos (MG). Crédito: Secult
Ojiji (2023), de Siwaju (SP): A escultura versa sobre uma ancestralidade que advém das margens, onde coloca em relação signos do passado – como as rotas transatlânticas – em embate com a paisagem natural. “Ojiji”, em iorubá, traduz-se como “sombra”.
Ojiji (2023), de Siwaju (SP). Crédito: Secult
Obras temporárias
Tubos de acrílico, fitas de LED, aço galvanizado e hardware customizado: Por meio de sensores, o espectador interage com a instalação alterando o comportamento de suas luzes, integrando sujeito e objeto, trazendo a formação dos cabos como componente material arquitetônico.
Contato (2023), de Hugo Bello e Jaíne Muniz (ES). Crédito: Secult
Estados Originários (2023), de Renato Ren (ES): Bandeiras de poliéster com impressão digital, mastros de bandeiras em aço galvanizado com pintura eletrostática e corda de hasteamento. Cada bandeira representa um dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, reimaginados e nomeados a partir das etnias dos povos originários que ocuparam ou ainda ocupam essas regiões. Seu objetivo é provocar reflexões sobre as ameaças e violações de direitos enfrentadas pelos povos indígenas.
Estados Originários (2023), de Renato Ren (ES). Crédito: Secult
Beira (2023), de Anabel Antinori (SP): Obra-brinquedo que convida a uma experiência lúdica, é uma plataforma móvel que pressupõe ativação pelo público – individualmente, em duplas ou trios –, possibilitando diversas formas de interação. Por segurança e preservação da obra, é necessário retirar os calçados e evitar saltos vigorosos.
Beira (2023), de Anabel Antinori (SP). Crédito: Secult
La historia de los 2 que soñaron (2023), de Washington Silvera (PR): Como poética, a instalação tem como figura central o instrumento “pá” – ferramenta bastante utilizada pela humanidade para busca de minerais ou para transformação de terrenos e construção de obras. A formação de um círculo amplifica a escala da escultura constituindo um local mágico e de reflexão.
Agô (2023), de Carla Désirée (ES): A escultura “Agô” – do iorubá, um pedido de licença – é uma estrutura que adentra o espaço do parque para falar sobre ancestralidade a partir dos símbolos religiosos do povo que cultua Orixás, entidades e seres encantados. Localizado no centro da obra e representando Oxum, o espelho coloca o espectador diante de si mesmo, possibilitando um encontro consigo e com a instalação.
A Escada (2024), de Renan Grisoni e Cleuber da Silva Júnior (ES): Em contraponto às limitações de mobilidade, a obra traz elementos sensoriais que remetem à experiência de acessar o universo de acolhimento e densidade das comunidades periféricas, como conversas, anúncios, trânsito de pessoas, comércio, crianças brincando, camadas diversas existentes no cotidiano desses territórios.
A Escada (2024), de Renan Grisoni e Cleuber da Silva Júnior (ES). Crédito: Secult
Balança Cotejo: a intenção de compreender a presença (2023), de Bárbara Mattos Carnielli (ES): A obra compara elementos minerais e orgânicos, investigando possíveis semelhanças ou diferenças. O corpo mineral é representado por uma grande rocha, como nossa essência mais genuína e incorruptível, não acessada pela consciência. O corpo orgânico, representado por uma bola de musgo, terra e planta (kokedama, uma técnica japonesa), elabora nossa construção de comportamentos afetivos, efêmeros, que sofrem intervenções externas.
Sentinelas (2024), de Paulo Vivacqua (ES): Mensageira do Clima (2024), de Bruno Cabús (ES)
Mensageira do Clima (2024), de Bruno Cabús (ES): É uma “obra óptica transformável”, isto é, depende da interação do observador que, ao caminhar, percebe toda sua variação e movimento. Sua transformação se dá pelo efeito moiré, em que padrões de linhas combinadas e sobrepostas geram um terceiro desenho, que ganha vida de acordo com a movimentação e o ponto de vista de quem a observa.
Mensageira do Clima (2024), de Bruno Cabús (ES). Crédito: Secult
Corpo Estranho (2023), de Rodrigo Sassi (SP): Instalação/site-specific que tem sua relação baseada na natureza em detrimento da intervenção humana. Com formato retângular e de grande proporção, a obra feita em madeira cria um contraste entre o orgânico e o artificial, explicitando a ação construtiva do homem e a exploração desse recurso natural.
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