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Publicado em 5 de junho de 2022 às 08:00
Abadás, trio elétricos, muito axé e uma legião de foliões. Seja na pipoca ou nos camarotes, todo mundo tinha um cantinho para curtir o Vital - considerada a maior micareta da Região Sudeste até o início dos anos 2000. E para matar a saudade, o evento que foi um marco na história capixaba retorna em 2022, nos dias 16 e 17 de setembro, no Sambão do Povo, em Vitória.
Só para ter uma noção do tamanho da folia, o Vital, criado em 1994, foi crescendo de forma exponencial com o passar dos anos e chegou a atrair cerca de 700 mil foliões para a Avenida Dante Michelini durante os três dias de evento. E entre esses ‘micareteiros’ que “batiam ponto” quase todos os anos, está a servidora pública Tatiana Nascimento.
“Fui em mais de dez edições do Vital. Comecei com apenas 20 anos e amava o clima daquela festa, era simplesmente contagiante. Os maiores nomes do axé estavam aqui, as pessoas que vinham de fora falavam que era a melhor micareta do Brasil. Inclusive, conheci os meus melhores amigos no Vital”, conta Tatiana.
Mas além da energia da festa, Tatiana tinha um motivo a mais para celebrar. Todos os anos, o Vital caía no dia do seu aniversário e ela fazia questão de comemorar na folia. Na edição de 2006, o vocalista da banda Chiclete com Banana chegou a dar parabéns para a capixaba.
“Para mim, o Vital era muito especial porque sempre caía no meu aniversário. E teve uma vez que o vocalista do Chiclete me deu parabéns no meio da música. Foi mágico aquele momento. Eu tenho um amigo que fala que três dias de Vital vale como um ano de terapia (risos)”, revelou.
Quem também era fiel ao Vital é o servidor público Thiago Tavares, pertencente ao grupo “Chicleteiros da Ilha”, organizado por fãs da banda Chiclete com Banana. Entre as histórias curiosas da festa, ele contou quando um amigo decidiu ir para o Vital de cadeira de rodas e ainda foi notado pelo Bell Marques.
“Uma vez, o meu amigo Jansen teve crise da coluna um dia antes do Vital começar. Pra não perder a festa, os pais dele se sensibilizaram e levaram ele na cadeira de rodas pra avenida. Bell viu e colocou eles na frente do trio, dentro da corda, tipo uma área vip no chão”, lembrou Thiago.
São tantas histórias daquela época que fica até difícil imaginar quem já nasceu depois dos anos 2000. Era simplesmente uma sensação única e transformadora. Pelo menos, é o que garante Bianca Oliveira, que em 2005, superou uma depressão graças ao Vital.
“A história boa que eu tenho para contar é que, em 2005, eu estava com depressão e decidi ir mesmo assim ao Vital. Lá era um lugar que eu gostava de estar, ouvir axé sempre foi algo mágico para mim. E ir para o Vital simplesmente recuperou as minhas forças”, contou a foliã.
O último ano do Vital foi marcado por muita chuva e lama na Praça do Papa, em Vitória. Mas se você acha que o tempo não colaborou, está enganado. Para muitos foliões, 2006 foi uma das edições mais memoráveis por conta da folia no meio da “bagunça”.
“Em 2006, eu trouxe quatro amigas para a minha casa, elas tiveram oportunidade de conhecer o Chiclete com Banana e ganhar abadá para curtir a folia. Nós curtimos aquela lama toda na Praça do Papa junto com uma galera e sem nenhum tipo de frescura, curtimos a folia mesmo. É algo que não sei se aconteceria nos tempos de hoje”, contou Bianca.
Dezesseis anos depois da última edição, o Vital retorna à capital capixaba em setembro. Mas será que quem viveu os anos 1990 e 2000 acha que vai ser parecido em 2022? E qual será a expectativa dos foliões “raízes” do carnaval fora de época?
“A expectativa que eu tenho é das melhores. Sempre viajei o Brasil todo atrás de micaretas ao ponto de ser até reconhecida por Bell (risos). Gostaria que fosse no mesmo formato antigo, que houvesse cordeiros e aquela estrutura que sempre teve. Espero que o Vital entre novamente para o calendário de eventos do Estado”, exalta Bianca.
O formato antigo do Vital é quase um pedido unânime entre os foliões das antigas. Nomes como Ivete Sangalo e Asa de águia costumavam marcar presença no evento e, por isso, há quem não queira outros gêneros musicais.
“Eu espero que não tenha música sertaneja. Mas entendo que é difícil hoje em dia não ter um trio elétrico sem esse tipo de música. Acho que a energia não vai ser a mesma, foi-se a época. Na verdade, para recuperar a energia só precisa chamar as bandas que fazem os eventos de axé raiz”, frisou Vitor Nascimento.
Se vai ser igual ou não à antigamente, só o tempo dirá. Mas, caro leitor, volto ao início do texto: seja na pipoca ou nos camarotes, todo mundo tem um cantinho para curtir o Vital. Nos vemos em setembro.
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