VK Mac assina contrato com a Universal Music: "Sensação de sonho realizado"

Capixaba é a nova aposta da gravadora para o rap nacional; Em conversa com HZ, VK conta sobre próximos trabalhos

Capixaba VK Mac assina contrato com a gravadora Universal Music

Capixaba VK Mac assina contrato com a gravadora Universal Music. Crédito: Instagram/@vkmac_

Do palco do estádio Kléber Andrade, em Cariacica, VK Mac chamou a atenção do João Assis, gerente de A&R (Artistas e Repertório) da gravadora Universal Music no Brasil. Foi naquela apresentação, em setembro do ano passado, que as conversas sobre uma possível parceria iniciaram. Em janeiro deste ano, ele oficializou o contrato e, a partir de agora, terá suas produções distribuídas pela Universal. 

"É um passo muito importante para a minha carreira. Nós tínhamos que deixar tudo certinho, não pode ter nenhuma dúvida, nenhuma ponta solta. Então, nós fomos conversando, negociando e chegando no finalmente. Levou, realmente, um tempo, mas a conversa foi bem 'alinhadinha'. Os interesses bateram bastante e isso foi muito maneiro para podermos fechar", contou VK.

O artista, que começou sua caminhada na música aos 13 anos cantando reggae, hoje, está se tornando referência no trap nacional, com apenas 23 anos. Para ele, a conquista de um contrato como esse significa a abertura de novas portas para o seu trabalho. "É uma sensação de sonho realizado", disse.

E haja trabalho! 2023 promete ser um ano agitado para o artista que já tem planos para novos lançamentos. Para o primeiro semestre, a promessa é de um EP com o DJ Duzz, que se chamará "Lágrimas em Notas". O nome faz referência a uma produção dos dois, "Lágrimas em Poças", lançado em 2019.  Já na segunda metade do ano, os fãs podem esperar por um novo álbum e vários singles.

"É um som com muita mensagem. Nós fizemos o EP como uma nova fase do 'Lágrimas em Poças'. Nós falamos sobre dinheiro, sobre problemas, sobre estar bem após o 'Lágrimas em Poças'. Nós falamos sobre tudo um pouco, o que engloba o universo que aquele som trouxe para nós", contou. 

Em conversa com HZ, VK contou um pouco mais sobre como tem se sentindo nesta nova fase e o que pretende alcançar com o seu trabalho. Confira o bate-papo:

Qual a sensação de receber uma proposta como esta? Era o que você planejava, o que sonhava?

É uma sensação de sonho realizado ou, pelo menos, um sonho começando a se realizar de fato. Todo artista sonha em chegar numa grande gravadora, estar dentro dessas empresas para poder fazer o seu sonho chegar para mais pessoas, com uma qualidade melhor, com uma equipe mais bem preparada, com todo um know-how de conhecimento, que nós como artistas independentes não temos. Nós sempre trabalhamos atrás disso e, tanto eu quanto a minha equipe, nós sempre tivemos o foco de só trabalhar e entregar um trabalho de qualidade para que o nosso público abrace, se identifique, que eles gostem. Porque nós sabíamos que, em algum momento, chegaríamos nessas gravadoras pelo nosso trabalho mesmo

Sobre a Universal estar começando a investir no rap/hip hop aqui no Brasil, você acha que assinatura desse contrato também representa um passo para que cultura negra ocupe grandes espaços na música?

Com certeza, porque, além de ser também a cultura da periferia alcançando novos espaços, nós tiramos água de pedra mesmo. Sempre foi assim, nós nunca tivemos nada. Nós nunca tivemos recurso. O que tínhamos era um microfone e um canto para gravar. Tudo o que nós conseguimos foi na garra mesmo, foi na marra. É uma vitória muito grande para o cenário, até porque eu vivo no Espírito Santo até hoje e muitas pessoas tiveram que ir embora do Estado para poder alcançar algum resultado, algum reconhecimento na música, o que por muito tempo se tornou necessário. Hoje em dia, nós tentamos ao máximo reverter essa 'parada' e tirar essa necessidade das pessoas irem embora para tentar algum sucesso no meio da música e da arte. Então, para mim, é uma vitória poder falar que eu sou de Vitória, que eu vivo aqui e que estou na Universal Music. Hoje, eu tenho um público no Brasil inteiro, uma galera que admira o nosso trabalho. E sendo capixaba, fazendo meu trabalho daqui.

Você, hoje, tem 23 anos mas começou na música com 13. O que você acha que o VK mais novo sentiria vendo essas portas que você está abrindo agora?

Eu acho que ele se sentiria realizado, que é um pouco de como me sinto hoje. Acho que se sentir realizado não tem a ver com comodismo, mas com sonhos que você tinha e que hoje tem outros porque muitos você já realizou. Até chegar na assinatura desse contrato, eu já realizei várias metas que tinha traçado para a minha vida e para a minha carreira. Realmente, me sinto um artista realizado e me sinto com gás porque tem muito a ser feito. Agora mais do que nunca, depois dessa oportunidade.

É como se a assinatura do contrato não fosse o final, mas uma porta que se abre para você alcançar o que planeja, não é isso? E o que você planeja?

Exatamente, é uma porta nova que se abriu para expandir os horizontes. Eu não sei te responder (o que planeja) porque acho que o meu sonho é muito abstrato para ser materializado. Nós buscamos tanta coisa pelo meio da música, tanta coisa que foge até do meu pessoal, que não é nem sobre mim. Poder trazer uma melhora para o cenário, uma melhora para os 'menor' que vem de onde nós viemos, poder abrir possibilidade aonde não tinha. Isso, para nós, é motivador para caramba. Eu não consigo pôr meu sonho numa coisa que "ah, se isso acontecer, para mim, tá bom" porque várias dessas coisas que eu pensei já aconteceram. Nós sempre corremos atrás de redobrar o gás e sempre alcançar mais coisas.

Já tive oportunidade de conversar com outros artistas e uma coisa que ouvi em comum é que se encontrar no rap está muito conectado à origem na periferia. E que produzir o estilo musical está mais ligado ao impacto da música na transformação da sociedade do que a uma conquista material. O que você sente produzindo o rap? É isso o que você carrega na sua produção?

Sim, com certeza, e foi onde eu pude me encontrar. Eu comecei a compor no reggae e o meu reggae já tinha um pouco disso só que o rap tinha um pouco mais de atitude no sentido de agressividade, de, às vezes, querer incomodar, querer surtir um efeito, gerar um incômodo que pode trazer uma mudança. Quando a gente vem de periferia, a gente cresce num contexto absurdamente complicado, estressante, desde quando se é criança. Às vezes, nós queremos pôr isso para fora. E foi através do rap que eu consegui fazer isso. Meu público fala muito que as letras da minhas músicas conversam muito com eles, que eles se identificam muito, o que é essencial para mim. O que eu sempre falo pra eles é: quando eu canto uma coisa que eles se identificam, eu já cantei isso pra mim mesmo. Eu acho que o rap tem um pouco disso, de poder entrar um pouco mais na mente das pessoas pela origem que ele tem e pela forma que ele é passado. Mesmo que hoje tenha o trap, nós temos diversas formas de fazer rap, mas a origem, para mim, sempre permanece a mesma porque a essência não pode se perder.

Quando você escreve, você busca passar uma mensagem específica ou você só busca colocar para fora o que está sentindo?

Um pouco de tudo. Sou um músico que não tenta se limitar para nada. Eu gosto de fazer o que me der na telha, gosto de fazer diversos tipos de rap. Eu posso fazer uma música para festa, uma música para dançar, para pensar, para chorar balançar, posso fazer música para tudo. Então, acho que depende muito do momento que eu estiver, mas sempre pensando em me comunicar com quem vai estar ouvindo e comigo mesmo.

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