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Publicado em 27 de maio de 2022 às 13:32
Certa vez, conversando com a mãe de uma amiga - de seus 60 anos na época - em um ponto de ônibus, ela me confessou que queria chegar em casa rapidamente, pois a "Tela Quente" exibiria "No Limite do Amanhã", um filme com seu ator favorito. Quando perguntei mais sobre ele, ela respondeu sem pestanejar: "Ah, meu filho, é Tom Cruise! Não se faz mais astros assim. Não perco um filme dele. Quando eu era mais jovem, lembro que seus filmes lotavam a ponto de o pessoal fazer filas gigantes na porta dos cinemas no Centro de Vitória". Um dos longas-metragens em questão era "Top Gun - Ases Indomáveis" (1986).
Memórias afetivas à parte, falar de Tom Cruise é, necessariamente, abordar o nostálgico universo de Hollywood dos anos 1980 e 1990, épocas em que astros tinham o poder de lotar cinemas apenas pelo seu carisma, ganhar salários milionários (às vezes em produções de gosto duvidoso) e, antes de tudo, conquistar (e ser adorado por) uma legião de fãs.
Aos 59 anos, e ainda bonitão, o galã volta ao topo da fama - de onde nunca saiu, na verdade - com o sucesso de crítica de "Maverick", continuação de "Top Gun", que chegou às salas de cinema nesta semana como um dos títulos mais elogiados da carreira do astro, com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes (site que reúne avaliações de críticos americanos).
E as conquistas não param por aí. De acordo com prognósticos do site Deadline, o projeto deve se tornar a maior bilheteria de estreia do currículo do ator, arrecadando cerca US$ 180 milhões ao redor do mundo no primeiro fim de semana.
Mesmo com controversa vida pessoal - seja por suas complicadas separações de Nicole Kidman e Katie Holmes ou mesmo por seguir a polêmica religião da Cientologia -, o norte-americano Thomas Cruise Mapother IV é considerado uma "entidade" de Hollywood, praticamente um dos últimos Astros (assim, com A maiúsculo) de uma Era de Ouro do cinema ianque.
De acordo com a "The Hollywood Reporter", o ator - demostrando sua influência na indústria - costuma ficar com 50% do lucro bruto de cada longa-metragem lançado nos cinemas, referente à receita total. E os produtores topam pagar, só para ter uma personalidade desse quilate em seus projetos.
Excelente atleta de luta-livre, ele decidiu ser ator meio que sem querer. Por conta de uma lesão, que o impedia de praticar esportes, procurou aulas de atuação no colégio. Sua estreia no cinema foi no melodrama "Amor Sem Fim" (1981), de Franco Zeffirelli, onde a beleza de Brooke Shields ofuscou o resto do elenco. No mesmo ano, participou do drama "Toque de Recolher".
Seu primeiro papel como protagonista veio com o clássico juvenil - típico dos anos 1980 - "Negócio Arriscado" (1983), em que divide a cena com Rebecca de Mornay. O estrelato chegou mesmo em 1986, com "Top Gun", vivendo o aguerrido Tenente Pete "Maverick" Mitchell, um ás da aviação militar que vivia um relacionamento pra lá de quente com sua superior, Charlotte (Kelly McGillis). O affair era embalado pelo "hino" "Take My Breath Away", de Berlin. A música liderou a Billboard Hot 100 e venceu o Oscar.
Por falar do prêmio da Academia de Hollywood, muitos fãs consideram uma das maiores injustiças da premiação Tom nunca ter vencido uma estatueta. Ele chegou a ser indicado três vezes, por "Magnólia" (1999) - melhor atuação da carreira, como um guru do sexo -, "Jerry Maguire: A Grande Virada" (1996) e "Nascido em 4 de Julho" (1989).
No filme de Oliver Stone, o astro viveu um soldado ferido na guerra do Vietnã que fica paraplégico. A (merecida) derrota para Daniel Day-Lewis, por "Meu Pé Esquerdo", foi a mais sentida por seus fiéis seguidores.
Nos anos 1990, fez muito sucesso, seja com "A Firma" (1993), "Entrevista com o Vampiro" (1994) - onde chegou a receber quase US$ 20 milhões de cachê - e "De Olhos Bem Fechados" (1999), último projeto de Stanley Kubrick.
Na mesma década, voltou-se para o cinema de ação, com o sucesso da série de filmes "Missão Impossível", encarnando o agente Ethan Hunt. O filme ganhou sete sequências, com a próxima estreando em 2023.
Foi então que Tom Cruise resolveu se "aventurar", dispensando dublês na maioria das perigosas sequências de ação de seus projetos. Em entrevista, chegou a afirmar que, atuando em todas as cenas, torna o filme mais "imersivo".
Em uma dessas estripulias, o ator quebrou o tornozelo e atrasou as gravações de "Efeito Fallout", em 2017. O vídeo do acidente foi exibido durante o programa "The Graham Norton Show", na TV inglesa. Se prepare, pois as cenas são fortes!
Fracassos na carreira do astro? Claro que temos e muitos. "Operação Valquíria" (2008), "Encontro Explosivo" (2010) - que nem é tão ruim assim -, "A Múmia" (2017) - esse sim, é terrível! -, Cocktail (1988) e "Rock of Ages - O Filme" (2012), só para citar alguns deles.
Entre seus próximos projetos, além das filmagens de "Missão Impossível 8", está um misterioso longa-metragem para a Universal Pictures, a ser dirigido por Doug Liman. Sabe-se que Tom fez uma parceria com a SpaceX, ainda em 2020, para viajar à Estação Espacial Internacional (ISS) e gravar algumas cenas da fita no espaço.
Aproveitando o resgate da carreira de Cruise - homenageado na semana passada no Festival de Cannes -, "HZ" listou cinco filmes (em que o astro tem grande atuação) para conferir no streaming.
Os longas comprovam que uma fala do ator em uma entrevista recente, afirmando que muitos dos seus filmes deveriam ter sido atirados para o lixo, é puro exagero.
MAGNÓLIA (1999)
Um filme complexo, mas sublime, de Paul Thomas Anderson, em que histórias de nove diferentes pessoas, aparentemente desconhecidas, acabam se cruzando em um dia qualquer na Califórnia. Tom Cruise, indicado ao Oscar e no melhor papel de sua carreira, vive um guru que dá dicas de sexo pela televisão, mas que esconde um passado familiar de mágoas e ressentimentos. Pode ser conferido na HBO Max.
NEGÓCIO ARRISCADO (1983)
Clássico juvenil dos anos 1980, e exibido várias vezes na "Sessão da Tarde", o filme mostra um adolescente (Tom Cruise) que aproveita que seus pais viajaram e telefona para uma garota de programa (Rebecca De Mornay). Ele acaba se envolvendo com ela. Muitas confusões, algumas pesadas, vão rolar. Em cartaz na HBO Max, o longa é o primeiro projeto protagonizado pelo astro.
NASCIDO EM 4 DE JULHO (1989)
Em cartaz na Star +, o polêmico longa-metragem de Oliver Stone mostra as cicatrizes que a Guerra do Vietnã deixou na sociedade norte-americana. Baseado em fatos, esta é a história de Ron Kovic (Cruise), um jovem idealista que se oferece para lutar no conflito armado. Após ficar paraplégico, é confrontado com a realidade que os deficientes físicos enfrentam e começa a questionar os motivos pelos quais combateu e a legitimidade da guerra.
COLATERAL (2004)
Em cartaz na Amazon Prime Vídeo, Netflix e Globoplay, o longa de Michael Mann traz Tom Cruise em outra grande performance. Max (Jamie Foxx) é um taxista de Los Angeles que, numa noite tranquila, encontra Vincent (Cruise), um assassino a serviço de um cartel do narcotráfico.
VANILLA SKY (2001)
Remake do espanhol "Preso na Escuridão", de Alejandro Amenábar, o filme de Cameron Crowe chama a atenção por sua beleza onírica. Após sofrer um grave acidente e ficar deformado, a vida de David (Cruise) muda drasticamente, fazendo com que ele recorra a uma cirurgia plástica para ter o rosto de volta. Após o procedimento, realidade e fantasia passam a se confundir. Em cartaz na Paramount +
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