Cena do filme "Aquaman 2: O Reino Perdido": filme é repleto de erros. Crédito: Warner Bros. Dicovery (divulgação)
Nesta semana (20) o Universo da DC Comics nos cinemas, também conhecido como "Snyderverso", deu seu último e sofrido suspiro em "Aquaman: Reino Perdido", em cartaz nas salas de exibição do Estado.
O que iniciou polêmico e promissor em 2013, com "Homem de Aço", sofreu ao longo dos anos de crises criativas e mau gerenciamento executivo. Entre altos e baixos (mais baixos do que altos), a DC teve seus momentos de glória no cinema.
Apesar de controverso, teve relativo sucesso com "Batman v Superman - A Origem da Justiça". A cereja do bolo foi a apresentação da Mulher Maravilha, de Gal Gadot. O primeiro filme solo da heroína, com todos seus problemas de execução, tornou-se a melhor estreia de um filme dirigido por uma mulher da história (recorde batido recentemente por "Barbie", de Greta Gerwig).
Os sinais de que uma tempestade começaram a surgir nos céus da DC veio com a estreia de "Esquadrão Suicida". Segundo diretor David Ayer, o estúdio interferiu praticamente em todo o processo de produção, da redução digital dos shorts de Arlequina ao ato final. Ayer relata que o filme que chegou aos os cinemas não foi o que ele planejou.
A partir de então, vários outros projetos duvidosos foram lançados. O auge da crise na DC foram os problemas ligados ao filme da Liga da Justiça, que gerou a saída de Zack Snyder e o fim de sua parceria com a Warner Bros.
A credibilidade desse universo e das pessoas envolvidas nele se tornou tão duvidosa quanto seus filmes. Não que tudo que a DC lançou seja ruim, mas as pessoas praticamente não acreditam mais na produtora. E, enfim, chegamos a 2023.
"AQUAMAN 2": UM NAUFRÁGIO AINDA NO PORTO
No novo filme do rei dos mares, vemos Arthur Cury, o Aquaman, interpretado por Jason Momoa, seis anos depois dos acontecimentos do primeiro longa. O herói se vê rodeado pelos desafios da paternidade e de ser rei e protetor dos sete mares. E, como se não bastasse, se vê obrigado a enfrentar uma nova ameaça, colocando em risco toda a vida no planeta.
O "Aquaman 2", sem exageros, é um filme "mais perdido que o Reino do título" (o trocadilho foi intencional). Toda a criatividade que o primeiro longa nos apresentou acaba se tornando uma cópia barata (sem exageros) de outras obras.
Vemos um misto (bizarro) de "Star Wars", "Senhor dos Anéis", "Pequena Sereia", "Mundo Perdido", "As Montanhas da Perdição", de Lovecraft, e "Homem de Ferro". Pegando tudo o que há de pior nesses títulos e executando da forma mais genérica possível. O novo "Aquaman" flerta com diversos assuntos interessantes, mas tudo (infelizmente) não passa de um flerte.
O longa é superficial em todos os temas a qual se propõe abordar. Se fosse uma redação do Enem, por exemplo, seria reprovado por fugir do tema (!). Mas não apenas isso, a aventura não é coerente com o passado de seu universo.
Quer um exemplo dos erros? Na cena final, onde aparecem embarcações atlantianas no mundo da superfície, a população fica surpresa. Acontece que já houve uma invasão kryptoniana, em "Homem de Aço", e depois com o Lobo da Estepe, em "Liga da Justiça". Como vemos, continuidade é uma palavra que passa longe nesse filme.
ATUAÇÕES
As atuações estão terríveis, outro ponto a se considerar. Nem mesmo o carisma de Jason Momoa, que em 2018 carregava o filme nas contas, funciona. Nesse atual projeto dá a entender que o personagem tem apenas dois neurônios e que eles estão em disputa para ver quem bate mais forte no outro (risos).
Basicamente tudo se resolve na base do muque, há uma linha no roteiro que retrata essa característica. O Aquaman deste filme não passa de uma massa de músculos acéfala, gritando para o mundo que isso é a coisa mais legal do mundo. O personagem não aprende nada ao longo do filme, mesmo porque nem percebe que algo está sendo ensinado. O resto do elenco parece estar ali por obrigações contratuais, agradecendo que o "sofrimento" está chegando ao fim.
Se Amber Heard, a Mera, já é uma atriz "plástica", nesse filme sua personagem só está ali para "sorrir e acenar". Até o roteiro se esquece dela, pois chega um momento em que fica claro que Aquaman cria sozinho o filho.
O único que está tentando extrair algo de bom (se assim podemos dizer) é Patrick Wilson ("Invocação do Mal") e seu excelente Orm, o vilão do primeiro filme. Em meio ao caos, ele entrega um personagem verdadeiro, que você de fato se importa.
Em alguns momentos gostaria que se tornasse o rei de Atlantis, mas (infelizmente) a trama não teve coragem para tanto. Dá a intender que o roteiro queria humilhar o personagem, como uma forma de mostrar o quão errado estava no primeiro longa-metragem. Mas, mesmo com todos os problemas, Wilson brilhou.
Cena do filme Aquaman 2: O Reino Perdido. Crédito: Warner Bros. Dicovery (divulgação)
Aquaman se tornou uma espécie de "boi de piranha" para o reboot da DC nos cinemas. Nunca um título fez tanto sentido em um filme quanto "O Reino Perdido", pois, de fato, é perceptível o quanto o reino da gigante dos quadrinhos estava perdido.
Como fã da DC, sigo crente que James Gunn possa ajustar o rumo de futuras produções da casa do Superman e seus amigos. Só espero que sua bússola esteja apontando para a direção certa.
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