"Assassinos da Lua das Flores": favorito ao Oscar, filme de Scorsese chega ao streaming

Estrelado por Leonardo DiCaprio, Robert de Niro e Lily Gladstone, longa promove resgate quase antropológico sobre dizimação dos povos originários norte-americanos

Publicado em 18/12/2023 às 16h13
Cena do filme

Cena do filme "Assassinos das Flores da Lua". Crédito: Paramount/Apple

Após passagem pelos cinemas, e celebrado pela crítica, "Assassinos da Lua das Flores" está disponível para locação no serviço de streaming, em especial na Apple TV, Google Play e YouTube. 

Indicado a sete Globos de Ouro, e vencedor dos tradicionais National Board of Review e Associação de Críticos de Nova York, o longa chega à temporada de premiações de fim de ano como um dos favoritos ao próximo Oscar. 

Não é um Martin Scorsese com o impacto de clássicos como "Táxi Driver", ou mesmo na deliciosa comédia de erros "Depois de Horas", mas é um projeto ambicioso, que cumpre seu objetivo: fazer um resgate quase antropológico sobre a dizimação dos povos originários norte-americanos, como também promover um estudo da história "sanguinária" que levou à construção da identidade de uma nação marcada pelo racismo, como os Estados Unidos.

Na trama, baseada na literatura de David Grann, acompanhamos a força do petróleo nas terras da nação Osage, povo originário norte-americano que fincou raízes no estado de Oklahoma. Tanta riqueza atraiu "intrusos brancos", que manipularam, extorquiram e roubaram o dinheiro dos Osage, antes de assassinar boa parte da população.

A câmera de Scorsese capta parte da violência com perfeição estética, desde tomadas grandiloquentes - abusando do plano geral para registrar a grandiosidade do "Velho Oeste", fruto do esmerado ofício do fotógrafo Rodrigo Prieto -, como na sempre firme direção de atores de Martin.

Mas, sim (se você quer saber): as quase 3h30 de projeção podem cansar, especialmente se você não for habituado à narrativa sempre detalhista do criador de "Os Bons Companheiros". 

Como é ano de celebrar a indústria, e a volta das grandes bilheterias (são US$ 9 bilhões arrecadados apenas nos Estados Unidos até novembro na temporada de 2023), é um bom momento para premiá-lo no Oscar, no qual “Assassinos”, por enquanto, disputa voto a voto com "Oppenheimer", outro título que representa a força da indústria de Hollywood. O longa de Nolan, porém, é indiscutivelmente mais inventivo e inovador.

ATUAÇÕES

Por falar em atuações, destacamos Robert de Niro (pe Lily Gladstone, favorita ao Oscar de Melhor Atriz. Como em alguns momentos da carreira, Scorsese optou por uma produção "pesada" e linear, um tanto conservadora (não que isso seja problema).

"Assassinos da Lua das Flores" é praticamente uma antítese de produções que fisgam muitos fãs de Scorsese, onde podemos conferir um cineasta mais leve, ousado e sem o "peso" de dirigir um filme com orçamento milionário.

Nesse escopo, podemos apontar a agilidade do citado "Depois de Horas" (1985), que consagrou nomes como Griffin Dunne, Rosanna Arquette e Linda Fiorentino; a certeira crítica às mídias de "O Rei da Comédia"; o classicismo de Luchino Visconti, escancarado em "A Época da Inocência", ou mesmo da humanidade de "Alice Não Mora Mais Aqui", que rendeu um merecido Oscar a Ellen Burstyn.

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