Bete Mendes fez parte de um dos filmes mais reconhecidos do cinema brasileiro, Eles Não Vestem Black Tie, um clássico dos anos 80. Crédito: Selmy Yassuda
Com mais de 50 anos de carreira, 47 novelas e 11 filmes no currículo, a atriz Bete Mendes é a homenageada nacional do 29º Festival de Cinema de Vitória e está no Estado para prestigiar o evento. Em entrevista ao HZ, a intérprete da icônica Dona Benta, na versão de 2007 do Sítio do Pica-Pau Amarelo, defende a importância do festival capixaba diante de um cenário de resistência a ataques que a cultura brasileira vem recebendo.
“Eu preciso da arte para viver como eu acho que todo ser humano precisa de arte. No futuro vamos trabalhar, fazer arte, disseminar arte e vamos ter muitos artistas e muitos espectadores da arte. A gente vai fazendo cada trabalho sem ter noção da dimensão do tempo, de quanto tempo fizemos aquele trabalho e então foi muito bacana. Eu fiquei lembrando desde o começo da carreira até hoje. Quando eu vejo isso eu fico muito feliz, porque eu tenho muito orgulho e me honra muito ser atriz, é o que eu sempre falo: quero continuar. A gente vai trabalhando até onde dá. E para artista sempre dá”, diz, emocionada.
Em frente às câmeras desde os anos 70, Bete avalia o cinema nacional como extraordinário. Segundo a atriz, o Brasil sempre teve grandes cineastas e as produções sempre foram de qualidade, mas o respeito da sociedade pela sétima arte nacional é recente. Com animação, Bete conta explica que o povo agora se vê nos longas e curta-metragens feitos no país, e ainda felicita os festivais regionais por estimular esse relacionamento.
“Eu acho imprescindível e maravilhoso (haver o Festival de Vitória). Nós estamos com um governo que destruiu todos os instrumentos culturais, mas nós vamos reverter isso em 2 de outubro, se Deus quiser, elegendo Lula. Nós temos a resistência à luta e o resultado maravilhoso dos festivais como, por exemplo, o de Vitória com a nossa querida Lúcia Caus, valorizando a cultura capixaba e o cinema capixaba”, disse Bete, fazendo menção à criadora e realizadora do Festival de Cinema de Vitória.
Segundo a atriz, parte da mudança de visão do público sobre as produções nacionais vem de um processo longo de investimentos. Ela cita a Agência Nacional de Cinema (Ancine), os cineastas, a TV e a própria Globo Filmes fazendo produções. “Houve uma junção de inúmeros esforços para ir evoluindo, para as pessoas começarem a prestar atenção no nosso cinema e assistir nossos filmes. Não foi uma virada, é um processo longo. Porque as distribuidoras, principalmente as norte-americanas, sempre reservaram poucos dias pro nosso cinema.”, pontua.
Bete Mendes_Larissa Delbone. Crédito: Thais Gobbo/ Galpão IBCA
Troféu Vitória, caderno biográfico e homenagem
Na noite desta quinta-feira (22), Bete Mendes vai receber, em uma cerimônia no Teatro Glória, no Centro da capital, o troféu Vitória e o caderno biográfico que cataloga os principais feitos de sua carreira. Bete demonstra admiração pela forma como o cinema é apresentado em diversas formas. “Para mim, é uma emoção imensa esta homenagem. Me honra muito ser atriz, e isso é um trabalho em conjunto”, diz.
Um dos temas atuais mais polêmicos no mundo da arte é a participação de celebridades digitais e influencers em filmes e novelas sem terem estudo e registro oficial da profissão, como é o caso recente da ex-BBB Jade Picon, prestes a estrear na próxima novela das 9 da Globo, Travessia.
Em relação a essa discussão, Bete entende ser um assunto delicado, e que deve ser discutido. Mas ela deixa claro que independente do segmento artístico desejado, a master (grande conhecimento) sobre o ramo só se realiza com o trabalho. “A master é um resultado disso”, finaliza.
*Mikaella Mozer é aluna do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Este conteúdo teve orientação do editor Eduardo Fachetti.
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