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Publicado em 5 de abril de 2022 às 08:00
Templo do movimento cineclubista capixaba - completando 30 anos de atividades em 2022 -, o Cine Metrópolis será reaberto nesta quinta-feira (7), após passar por uma reforma que inclui a instalação de um moderno sistema de projeção.
A sala de exibição da Ufes, fechada há cerca de dois anos por conta da pandemia da Covid-19, ganhou aparelhagem DCP Barco 4K, processador de Som Dolby CP950, amplificadores de áudio, caixas acústicas (Frontal, Surround e Subwoofer) e tela de projeção microperfurada, que garante maior nitidez e imersão - tanto visual quanto sonora - à experiência em assistir filmes.
Somente dois espaços universitários do país possuem o moderno sistema de projeção. Além do Metrópolis, o Cineclube da Universidade de São Paulo (USP), o Cinusp, dispõe do equipamento.
"A obra - incluindo a aquisição da aparelhagem - teve um investimento de cerca de R$ 640 mil, conseguidos com recursos próprios. Além do sistema de exibição, toda parte elétrica da sala foi refeita e fizemos adaptações na cabine para receber o moderno projetor, especialmente no que tange ao cabeamento", explica Rogério Borges, secretário de cultura da Ufes.
Entre as melhorias do espaço, ainda está a troca do forro, para ajustar a acústica e impossibilitar o contato com a água do ar condicionado. "Todo o projeto foi concebido durante a pandemia da Covid-19. Nosso próximo passo é a troca das cadeiras. Pelo projeto, os novos assentos serão pensados para uma maior acessibilidade do público. O processo de licitação deve ser iniciado no segundo semestre", adianta Rogério, confirmando que essa foi a primeira mudança total no sistema de projeção da sala desde sua inauguração, em 1994 (na estreia, em 1992, o cinema funcionava no prédio da Psicologia).
Em seu retorno, o Metrópolis deve manter uma programação híbrida, exibindo filmes comerciais e também mostras gratuitas, voltadas para a comunidade acadêmica e o público em geral.
Além disso, segundo a administração do espaço, continuam os projetos de formação e atendimento a escolas, em preparação para o novo semestre letivo da universidade (as aulas devem começar no próximo dia 18), o primeiro inteiramente presencial desde o início da crise sanitária, em março de 2020.
Para a reinauguração, nesta quinta (7), o cineclube escolheu uma programação especial, com a exibição de dois elogiados longas-metragens: "Roda do Destino", do japonês Ryûsuke Hamaguchi, que acabou de vencer o Oscar 2022 de Melhor Filme Internacional com sua mais nova obra, "Drive My Car", e o francês "Pequena Mamãe", de Céline Sciamma ("Retrato de uma Jovem em Chamas").
Em "Pequena Mamãe" - indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim e ao Bafta de Filme Internacional - Sciamma continua com seu olhar sensível sobre os dilemas familiares visto pela ótica do feminino. O resultado, como sempre, é encantador.
Na trama, depois de sua avó (Margot Abascal) falecer, Nelly (Joséphine Sanz) conhece a casa onde a mãe cresceu e morou por muitos anos. No bosque onde a matriarca, Marion (Nina Meurisse), costumava brincar, a menina conhece uma garota da sua idade. Surpreendentemente, o nome da criança é Marion (Gabrielle Sanz). As duas se tornam melhores amigas, construindo uma relação que vai ditar seus ritmos de amadurecimento.
"Roda do Destino", por sua vez, confirma Ryûsuke Hamaguchi como um "poeta" que explora com sensibilidade as dores das relações interpessoais, causando os mesmos efeitos sentidos em seu projeto anterior, "Asako I & II" (2018), e, mais recentemente, no premiado "Drive My Car", também em cartaz nos cinemas do Estado.
O plot é simples. Três histórias, todas protagonizadas por personagens femininos, falam dos encontros e desencontros da vida, os caminhos percorridos, e o poder do acaso na transformação e nos relacionamentos. Um triângulo amoroso inesperado, um plano de sedução e vingança, e um encontro a partir de um mal-entendido são elementos que governam cada um dos curtas que compõem esse tríptico, centrado em personagens divididos entre a escolha e o arrependimento.
As sessões acontecem de quinta (7) a quarta (13), com "Pequena Mamãe" sendo projetado às 18h e "Roda do Destino", às 19h50. Os ingressos custam R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia). Durante o mês de abril, todos pagam meia-entrada. Estudantes da Ufes têm entrada franca mediante apresentação da carteira estudantil ou comprovante de matrícula e documento com foto.
Na reabertura do espaço, o uso de máscaras é obrigatório e estarão disponibilizados, por sessão, apenas 50% dos assentos, ou seja, 120 ingressos. Além disso, será exigida a apresentação do comprovante vacinal contra a Covid-19, com pelo menos duas doses.
Segundo Vitor Graize, programador do Metrópolis, neste primeiro momento, a ideia é reaproximar o público e a comunidade acadêmica da sala de exibição após dois anos de inatividade.
"Estamos, por enquanto, com duas sessões diárias. No dia 18, para contemplar a volta dos alunos, preparamos uma mostra gratuita e diária, por duas semanas, às 13h, com uma retrospectiva da cinematografia da realizadora brasileira Helena Solberg. Serão documentários e um curta-metragem de ficção, com entrada franca", adianta, complementando que o longa de estreia de Lázaro Ramos como diretor de ficção, o polêmico "Medida Provisória", tem estreia garantida no cineclube da Ufes em 14 de abril.
Baseado no roteiro original da peça "Namíbia, Não!", de Aldri Anunciação, escrita em 2011, a trama de "Medida Provisória" está dando o que falar. A história se passa em um futuro distópico, onde o governo brasileiro decreta uma medida que obriga os cidadãos negros do país a voltarem à África, como forma de reparar os tempos de escravidão. No elenco, Taís Araújo, Seu Jorge, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Xavier, Emicida e Flávio Bauraqui. Promete causar o mesmo (bem-vindo) barulho de "Marighella".
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