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Publicado em 25 de junho de 2022 às 07:00
Seria uma turnê convencional de shows de forró eletrônico se, nas horas vagas, a cantora não fosse... uma assassina! Essa é uma das reviravoltas que acontecem na comédia politicamente incorreta "Serial Kelly".
O filme de René Guerra, estrelado pela cantora e, cada vez melhor atriz, Gaby Amarantos, tem estreia nacional neste sábado (25), às 19 horas, no Centro Cultural Sesc Glória, na noite de encerramento do "28º Festival de Cinema de Vitória - Reencontro".
O longa-metragem acompanha a trajetória de Kelly, uma artista em busca de reconhecimento profissional no mercado da música, mas que sofre pela ausência de oportunidades em sua carreira. Quando passa a ser investigada pelo assassinato de três homens, sua turnê vira uma estratégia de fuga.
Desta forma, a cantora em ascensão se transforma na primeira serial killer mulher do Brasil. É um "bafulê" atrás de outro. "Ela ama comer, transar e matar (!). Mas nem tudo está na superfície. Existem marcas nessa personagem trágica e na relação entre as 'mulheridades' do filme que deixam o longa no limiar entre a tragédia e a comédia", explica René Guerra.
Segundo o realizador, a combinação de ideias que deu origem à protagonista do filme e, consequentemente, às outras personagens e se estendeu para todo o roteiro, surgiu ao longo dos anos e foi sendo construída em etapas.
“Todo processo de criação possui camadas, cores e riscos. Uma premissa surgiu como storyline: ‘Em terra de matador, mulher que mata é serial killer’. Logo em seguida, surpreendentemente, surgiu o título. Juntei-me aos meus parceiros Marcelo Caetano (co-roteirista do longa) e Maíra Mesquita para iniciarmos uma pesquisa, em 2010", relembra o diretor. "Mas o filme é uma metáfora de memórias pessoais, um olhar debochado e amoral como forma de ver um Brasil tão surreal quanto dolorido".
O filme marca a estreia de René na direção de longas-metragens e de Gaby Amarantos como protagonista. Para o cineasta, a cantora paraense é uma das profissionais mais arrojadas do Brasil. "Gaby (Amarantos) é uma das artistas mais corajosas que conheço. Tudo no filme é político. Não rimos da Kelly, rimos do absurdo que está no entorno dela. E da impossibilidade de evitar a pulsão trágica que permeia a personagem".
A presença feminina é marcante em todas as etapas de "Serial Kelly". "A colaboração de toda uma equipe montada pela Bananeira Filmes, mulheres fortes em toda as áreas artísticas sendo produzido corajosamente por Vânia Catani, a participação de todo o elenco alagoano e nordestino, revelando atuações que considero luminosas por mostrar esse Brasil profundo e moderno ao mesmo tempo. A atuação luminosa de Gaby Amarantos, Paula Cohen e de todo o elenco me faz ter fé nesse país”, pontua o diretor, relatando as dificuldades de trabalhar com audiovisual no país.
"Fazer cinema hoje no Brasil é um milagre. Espero, com este filme, homenagear aquelas pessoas que vieram antes, subverteram e ainda lutam por um cinema de alcance, livre de censura e críticas moralmente políticas", complementa, com um afiado discurso político.
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