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Publicado em 22 de novembro de 2024 às 12:36
Em uma época em que o cinema de horror busca inovar e surpreender, “A Substância”, dirigido pela francesa Coralie Fargeat, chegou às telas cercadas de expectativas. Com um elenco de peso e uma estratégia intrigante, o longa promete um mergulho profundo nas questões da aparência e do envelhecimento, embalado em um terror visceral. No entanto, apesar de seus desejos louváveis, o filme falha em trazer uma narrativa inovadora.
A trama segue Elisabeth Sparkle, uma ex-estrela de cinema interpretada por Demi Moore, que tenta reinventar sua carreira na TV. À beira de ser substituída por uma mulher mais jovem, Sparkle recorre a uma substância misteriosa que promete criar uma versão melhor dela mesma. A substância literalmente materializa uma jovem de 20 anos - vivida por Margaret Qualley -, destinada a tomar seu lugar. A partir do momento em que Elisabeth Sparkle toma a substância, o telespectador já consegue presumir o que está por vir.
Apesar da previsibilidade do roteiro, Demi Moore, hoje com 61 anos, consegue surpreender com a atuação. A atriz, que foi um dos maiores nomes de Hollywood nos anos 90, retorna em um dos melhores papéis de sua carreira. Muito disso se deve à relação da própria atriz com a personagem.
No livro de memórias de Demi, intitulado “Inside Out”, a atriz reflete sobre como foi objetificada e teve muitos problemas com autoimagem ao longo da carreira. Para provar que conhecia intimamente as questões de Elisabeth, Demi enviou uma cópia de seu livro para a diretora de “A Substância” e, assim, conseguiu o papel.
Margaret Qualley, atriz que interpreta “a melhor versão” de Demi Moore, contou ao jornal The Sunday Times que o “corpo perfeito” apresentado no filme, na verdade, não existe. Ela usou próteses corporais para alcançar o padrão corporal exigido pela sociedade.
O filme tenta se posicionar como uma crítica às pressões sociais sobre o corpo e o envelhecimento, mas acaba por ser mais um espetáculo visual do que uma obra reflexiva. As metáforas, apesar de pertinentes, perdem espaço para a ficção científica “bizarra”, para o gore. "A Substância" se insere no gênero do "body horror", conhecido por cenas grotescas e viscerais, que desafiam os limites do corpo humano. Esse estilo de terror tende a polarizar audiências, provocando interações intensas.
Mas uma coisa precisamos reconhecer: o design de som do filme é um ponto forte, com ruídos perturbadores que deixam um clima angustiante e de desconforto. A direção de arte, assinada por Stanislas Reydellet, e a maquiagem criativa também merecem elogios, criando visuais que são ao mesmo tempo fascinantes e repulsivos.
Em suma, "A Substância" é uma obra visual e foneticamente impactante, mas narrativamente mediano. Fargeat demonstra um talento claro para o bizarro e o inquietante, mas precisa de um roteiro que vai além do previsível para realmente deixar uma marca de rigor no cinema de horror. De 5 estrelas, “A Substância” merece 3 estrelas e meia.
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