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Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 08:53
Janeiro promete ser agitado para os cinéfilos, afinal, a temporada de premiações finalmente começou. Com o Globo de Ouro marcado para terça-feira (10), e os títulos mais badalados começando a chegar às salas de exibição no Brasil, "HZ" preparou sua tradicional lista de favoritos ao Oscar 2023.
Antes de qualquer especulação, é preciso dizer que os cotados ao prêmio da Academia de Cinema de Hollywood devem se firmar apenas com as premiações dos dois principais termômetros do Oscar: os vencedores do SAG e PGA, sindicato dos Atores e Produtores, respectivamente, que serão divulgados em fevereiro.
Quer um exemplo? A inesperada (em termos) vitória do mediano "CODA - No Ritmo do Coração" (quem ainda se lembra desse filme?) no Oscar do ano passado começou após o longa de Sian Heder levar (sem merecer) o PGA. Antes disso, o favorito à estatueta era a pequena obra-prima "O Ataque dos Cães", de Jane Campion.
Retrospectivas (amargas) à parte, podemos dizer que a peleja para 2023 está bem acirrada. Por enquanto, não há um favorito declarado, mas três longas-metragens devem disputar o Oscar de Melhor Filme voto a voto. Anote em sua agenda: a lista de indicados será divulgada em 24 de janeiro e a cerimônia acontece em 12 de março.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é um dos títulos que desponta para o estrelato. Indicado a seis Globos de Ouro, o pós-moderno (será esse o melhor adjetivo para defini-lo?) filme de Dan Kwan e Daniel Scheinert corre na frente por vencer nas duas mais importantes associações de críticos norte-americanos: Nova York e Los Angeles.
Disponível para aluguel na Apple TV +, Google Play e Claro TV, o longa não fez muito alarde quando passou pelos cinemas no Brasil, mas seu estilo narrativo modernoso ganhou o coração da imprensa. Ah, sim: quando deu dicas de filmes para curtir as férias de julho de 2022, "HZ" tinha alertado que "Tudo em Todo Lugar" estava despontando para o Oscar.
Na trama, uma imigrante chinesa (Michelle Yeoh, cotadíssima para a estatueta de Melhor Atriz) precisa entrar em vários mundos paralelos para salvar o universo, além de reviver histórias que ela poderia ter vivido!?
Uma loucura de Kwan e Scheinert que brinca com o conceito de multiverso. Há quem considere o filme um dos mais inventivos dos últimos anos, mas também quem o defina como uma grande bobagem. Preferimos ficar com o segundo conceito...
Em tempo: Ke Huy Quan, que interpreta um chinês maluco que explica à esposa (Yeoh) o "conceito de multiverso" em eles vivem, conta com boas chances de levar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Considerado por "HZ" como sendo (por enquanto) o melhor filme de 2022, "Os Banshees de Inisherin", também favorito ao próximo Oscar, estreia no país em 2 de fevereiro.
Trata-se de mais um grande trabalho de Martin McDonagh (que já tinha brilhado com "Três Anúncios para um Crime", de 2017), em um roteiro que retrata as relações humanas com ironia e bom humor.
Está indicado a oito Globos de Ouro e cotadíssimo também para os Oscar de Melhor Ator (Colin Farrell), Ator Coadjuvante (Brendan Gleeson) e Atriz Coadjuvante (Kerry Condon). Um prêmio é praticamente certo: Melhor Roteiro Original, mais um texto saído da mente brilhante de McDonagh.
A história beira o surreal. Dois amigos de longa data (Farrell e Gleeson, em grandes performances) encontram-se em um impasse quando um deles decide abruptamente terminar a amizade, com consequências alarmantes e violentas para ambos. Contar mais seria tirar o prazer de se assistir a um filme bem-roteirizado e bem-dirigido.
O terceiro cotado ao prêmio máximo da Academia de Cinema de Hollywood é o filme mais pessoal de Steven Spielberg. Com lançamento previsto para 12 de janeiro, "Os Fabelmans" propõe um retrato da infância norte-americana do século 20 com lirismo, paixão e magia. Uma produção clássica, à moda antiga, capaz de fisgar o coração do público.
Conhecemos a história de um jovem que descobre um segredo familiar devastador (não vamos contar!) e, usando o poder do cinema, consegue superar seus traumas. Indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice Awards, o diretor de "E.T" usa o projeto para revelar parte de sua infância e juventude.
Além do Oscar de Melhor Filme, "Os Fabelmans" também está cotado aos prêmios de Melhor Atriz (Michelle Williams) e Paul Dano (Ator Coajuvante). Spielberg deve vencer o Oscar de Melhor Diretor pela terceira vez.
Para o Oscar de Melhor Atriz, temos na dianteira Michelle Yeoh ("Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) e Cate Blanchett, cotadíssima para levar sua terceira estatueta por "Tár", que estreia em 26 de janeiro.
Hermético, denso e verborrágico, o filme de Todd Field ("Pecados Inocentes") é um tour de force ambientado no universo da música clássica, destacando Lydia Tár (Blanchett, impecável), considerada uma das maiores compositoras/regentes vivas e a primeira maestrina chefe da Orquestra Filarmônica de Berlim.
Em meio a tanto talento, Lydia não esconde sua natureza perversa e corrosiva, a ponto de cometer assédios e insultos contra quem a rodeia. Uma cena chama a atenção: quando a regente humilha um aluno não-branco que se declara pangênero após ele dizer não gostar de Bach por ser um homem branco heterossexual. Um filme que deve causar polêmica por aqui.
Margot Robbie ("Babilônia") e Viola Davis ("A Mulher Rei"), este já disponível para aluguel na Apple TV e Google Play, devem ser lembradas com uma indicação na categoria, mas praticamente sem chances de vitória.
Astro dos anos 1990 e 2000, em filmes como "O Homem da Califórnia", "George - O Rei da Floresta" e "A Múmia", Brendan Fraser voltou aos holofotes com o trabalho em "A Baleia", filme que lhe proporciona sua melhor atuação.
Como sabemos que Hollywood adora estrelas sumidas e que retornam de forma triunfal, Fraser desponta como favorito à estatueta de Melhor Ator.
O longa de Darren Aronofsky ("Cisne Negro") chega por aqui em 9 de fevereiro, trazendo um Brendan envelhecido e com muitos quilos a mais, comprovando a entrega total do artista ao papel.
A história acompanha a vida de um professor de inglês recluso, sofrendo de obesidade mórbida e à beira da morte, tentando se reconectar com a filha adolescente, em uma espécie de última chance de redenção. Já conferimos e podemos confirmar: a atuação de Fraser realmente impressiona.
Também cotados na categoria, Austin Butler ("Elvis", na HBO Max) e Colin Farrell ("Os Banshees de Inisherin"). Tom Cruise, por "Top Gun: Maverick" (disponível no Telecine Play e na Paramount +) deve ser indicado, mas praticamente sem chances de vitória.
E o Brasil? Mais uma vez, o país não conseguiu entrar entre os semifinalistas na categoria de Melhor Filme Internacional, em lista divulgada em 21 de dezembro.
Mas a nação ainda está viva na busca por uma indicação para Melhor Documentário, com "O Território", de Alex Pritz, que retrata a disputa entre povos originários e agricultores na floresta amazônica, e Melhor Curta-Metragem, com "Sideral", de Carlos Segundo, concorrente nos festivais de Cannes e Berlim.
Voltando a categoria de Melhor Filme Internacional, o favorito é o alemão "Nada de Novo no Front", de Edward Berger. Disponível na Netflix, o drama bélico é mais uma versão do clássico literário escrito por Erich Maria Remarque na década de 1930. Um filme impecável tecnicamente, que mostra os horrores por trás da Primeira Guerra Mundial.
Também com chances de vitória, o belga "Close" (que chega às salas brasileiras em 2 de março), de Lukas Dhont, o melhor dos concorrentes; o portenho "Argentina, 1985" (no Amazon Prime), de Santiago Mitre, sobre as dores da ditadura militar no nosso país vizinho; e o policial "Decisão de Partir" (estreia nos cinemas em 5 de janeiro), do sul-coreano Chan Wook-Park.
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