- Jânio Nazareth
- É jornalista, direto de Los Angeles (Twitter @janionazareth)
"O Telefone Preto", sucesso de crítica e de público nos Estados Unidos, que chega agora aos cinemas do Estado, marca a segunda colaboração entre o cineasta Scott Derrickson ("Doutor Estranho") e o ator Ethan Hawke ("O Dia de Treinamento"). Os dois trabalharam juntos na bem sucedida produção de horror "A Entidade", lançada há cerca de 10 anos.
Ethan Hawke atendeu à imprensa, direto de Hollywood, e explica como o primeiro projeto em que trabalharam juntos, no caso "A Entidade", deu novos ares a sua carreira.
"Estava interessado antes mesmo de receber um e-mail do diretor, dizendo que queria me convidar para colaborar com ele novamente. 'A Entidade' foi um filme especial em minha carreira. A atuação foi um desafio e reacendeu meu amor por filmes do gênero horror", destaca Hawke, conhecido por ser um astro de grande potencial dramático.
"Estava completando 40 anos naquela época e abriu a porta para um tipo de personagem diferente, adulto. Então, fiquei inclinado a trabalhar com Scott Derrickson novamente. Realmente, não gosto de interpretar vilões, mas li o roteiro e me pareceu tão bonito. A jornada das crianças era tão bonita. Vi como aquilo poderia ser algo novo para mim e que poderia contribuir de forma diferente. Na vida é assim, você precisa continuar mudando o mapa da estrada".
Cena do filme "O Telefone Preto". Crédito: Universal Pictures
O enredo escrito pela dupla C. Robert Cargill e Scott Derrickson é uma adaptação da novela do autor Joe Hill. Cargill e Derrickson voltam a trabalhar juntos depois do sucesso de "A Entidade". Por sua vez, Hill é filho do consagrado escritor Stephen King, autor de obras que geraram grande clássicos do gênero, entre eles "Carrie, A Estranha" e "O Iluminado".
A trama de "O Telefone Preto" se desenvolve em 1978. Sequestrador (interpretado brilhantemente por Ethan Hawke) é um assassino em série responsável por vários sequestros de crianças. Um deles (vivido por Mason Thames) acorda em um porão, que conta apenas com uma cama e um telefone na parede. Quando o aparelho toca, ouve vozes de vítimas anteriores. Elas tentam evitar que outras crianças tenham o mesmo destino.
PERSONA
Ethan Hawke explica que o que vemos na tela não é, verdadeiramente, o criminoso. A plateia vê o indivíduo tal como o menino o interpreta em sua visão.
"Vejo (o personagem) como uma placa de circuito quebrada, o cérebro dele está quebrado, os fios não conectam. Está saindo faísca, às vezes funciona, outras vezes não", responde, em tom de metáforas.
"Quanto mais penso em alguém com esse comportamento, menos entendo seus atos. Obviamente, o Sequestrador teve algum trauma brutal. Como ator, decidi me entregar naquilo, afinal, o roteiro é muito bem construído. Scott (Derrickson, diretor) é muito seguro sobre a maneira de contar uma história. Meu personagem não é um retrato desse vilão. Você é vê sob o ponto de vista deste menino".
No conto original, escrito por Joe Hill, o Sequestrador usa uma máscara de palhaço. Para não ficar parecido com a figura central do clássico "It, A Coisa", baseado em uma obra do pai, Stephen King, Hill sugeriu a máscara em diferentes versões, cada uma representando uma emoção diferente do criminoso, segundo a visão do garoto.
“A máscara acabou sendo essencial e assustadora no trabalho. Me sentia diferente quando a colocava. Você se coloca naquela situação e, de repente, tudo se torna real. E Scott (diretor) realizou um grande trabalho para ver como aquela máscara poderia funcionar. Adoro o efeito hipnótico da máscara, ela está sempre escondendo um aspecto diferente do vilão ou revelando uma determinada característica”, explica o astro.
Hawke também elogia a maturidade do elenco jovem, tanto Mason Thames, que interpreta Finney, como Madeleine MacGraw ("Sniper Americano"), que vive Gwen, a irmã do garoto desaparecido.
"Filmes com um elenco jovem só funciona se os atores são talentosos. Soube de imediato, em nosso primeiro ensaio, que o Mason ia fazer um bom trabalho, porque a cabeça dele está no lugar certo. Ele adora filmes, adora atuar e entende a linguagem do cinema. Mason soube ouvir Scott (diretor) e ele soube quando escutar a si mesmo. Os dois atores jovens carregam a trama. Eles são o coração e a alma do filme", observa.
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