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Publicado em 4 de abril de 2022 às 08:00
Dissonância, substantivo feminino que pode ser definido como reunião de sons que causam impressão desagradável ao ouvido, falta de harmonia, discordância... O significado da palavra define as metáforas envoltas em "Amantes da Dissonância", longa-metragem capixaba, que ganhará sessão especial no Cine Jardins, em Vitória, dia 8 de abril, a partir das 19h30.
Dirigido por Enzo Rodrigues, estudante de Cinema e Audiovisual na UFES, o filme se propõe a fazer um manifesto, o "Cinema-Pensamento", apostando no surrealismo e na filosofia para apresentar uma trama não convencional.
Não à toa, mestres como David Lynch ("Cidade dos Sonhos"), John Cassavetes ("Uma Mulher Sob Influência") e Leos Carax (da pequena obra-prima "Os Amantes de Pont-Neuf"), conhecidos por obras humanistas e de vanguarda, norteiam a produção. Ah, sim: o pensamento do filósofo Gilles Deleuze também serviu de base para a construção do roteiro. O papo aqui é "cabeça"!
"É um filme sobre amor, espiritualidade e vínculos. É uma história sobre processo e criação em relação com as experiências em vida, fator impregnado pela metalinguagem", afirma Rodrigues, em uma carta-manifesto para explicar sua obra.
"Há um roteiro que foge às regras, que não segue estruturas convencionais e usa a transgressão a seu favor para construir e desconstruir, inserir e 'desinserir' personagens, enredos e conexões", explica.
Mas, qual a trama de "Amantes da Dissonância", afinal? Em uma história "Lynchiana" por natureza, conhecemos Jorge (Brun Henrry), um jovem escritor que se apaixona por Priscila (Yasmin Toretta). Os dois iniciam um relacionamento rodeado por estranhos eventos. Segundo o Enzo - que está lançando a obra como o primeiro projeto da ER Filmes -, o misterioso plot faz parte de um romance não convencional, mesclado com esquetes que cercam o núcleo principal. Abaixo, veja um teaser do longa.
Rodado entre outubro e dezembro de 2021, em bairros da Serra, Vitória, Vila Velha e Cariacica (mas a localização na história nunca é explícita), "Amantes da Dissonância" contou com a participação de 23 pessoas - entre elenco e equipe técnica -, em um projeto bancado com recursos próprios. "Da equipe, muitos já eram conhecidos, pois tínhamos trabalhado em outros projetos independentes, mas a maior parte reunimos a partir de um teste de elenco, divulgado pelas redes sociais", conta.
Um dos destaques da obra é sua trilha sonora, composta por faixas do próprio protagonista, Brun Henrry, além de Carlos Fornazelle (da banda Mortiz, que faz uma participação no filme), e Juan Silva. Além disso, as bandas Gunnery Cat e Laika também compuseram faixas exclusivas para o projeto.
"Criamos um projeto mais do que independente. Surge da vontade de contar uma história, de ligar a câmera e criar um universo. O filme contou com pouquíssimos recursos, sem envolvimento de produtoras, empresas ou editais. Houve apenas um coletivo de pessoas que acreditaram na ideia e, dispostas a participar, se dedicaram", explica, dizendo que a simplicidade técnica de "Amantes da Dissonância" pode ser vista como um elemento desse cinema de pensamentos.
"Gravamos com os equipamentos básicos que tínhamos, produzindo uma qualidade técnica de simplicidade. Nosso filme não é só representante de um cinema de pensamentos, mas também de imperfeições, fazendo uso destas como recurso de reflexão. Fomos guiados por uma frase de John Cassavetes, que diz que ‘arte significa que vamos nos divertir e nos expressar livremente'", complementa o realizador, de apenas 18 anos.
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