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Publicado em 5 de agosto de 2022 às 08:00
Gravado em 2018 e adiado por (longos) quatro anos - muito por conta da pandemia da Covid-19 -, a comédia "O Palestrante" finalmente chegou aos cinemas do Estado. A expectativa de sucesso é tanta que o filme dirigido por Marcelo Antunez ("Até que a Sorte nos Separe 3") foi lançado com status de blockbuster, sendo exibido em mais de 500 salas do país e recebendo o aval do selo Globo Filmes.
Expectativa essa, claro, tem nome: Fábio Porchat. Um dos atores mais populares do país na atualidade, muito por conta do sucesso do grupo Porta dos Fundos na internet, o comediante, na produção, também ataca de roteirista, ao lado de Cláudia Jouvin.
Mesmo simples e repleto de clichês, tendo como uma de suas maiores falhas apostar em um desnecessário tom romântico, especialmente em seu desfecho, "O Palestrante" nasce e se desenvolve em meio a uma boa sacada: fazer uma sátira sobre o poder de influência dos coaches, aqueles gurus das palestras motivacionais espalhados pelos quatro cantos do país.
Em clima de comédia de erros, do tipo que uma mancada vai desencadeando várias confusões, o filme nos apresenta Guilherme (com Porchat sempre rendendo bons momentos), um contador sem perspectivas que acaba de ser demitido e abandonado pela noiva (Letícia Lima).
Em um impulso de quem não tem nada a perder, o rapaz assume o lugar de Marcelo, sem saber que se trata de um palestrante motivacional contratado para animar os funcionários da empresa de Denise (Dani Calabresa). Guilherme tem que colocar todos pra cima, mesmo vivendo o pior momento de sua vida.
Em um país onde há mais de 11 milhões de desempregados, salários precários e cargas horárias de trabalho excessivas, "O Palestrante" acerta ao ironizar o "poder" dos gurus motivacionais, quase sempre contratados pelas empresas para que funcionários se sintam "abraçados" e "valorizados", fazendo com que seus colaboradores se vejam como "vencedores".
Polêmicas à parte, Fábio Porchat, em entrevista coletiva da qual "HZ" participou, adiantou que não tomou como inspiração (para compor o personagem) nenhum dos vários coaches espalhados pelo país.
"O pessoal costuma generalizar, mas tem muito palestrante ótimo por aí (mesmo com a afirmativa, não citou nomes). Para o filme, pensei em criar um bem chinfrim. Pesquisei algumas palestras e jogos que o pessoal costuma fazer (continuou não citando nomes, mas caiu na risada). Queria fazer um Guilherme bem perdido, que não tem talento e não vive o melhor momento", desconversa.
Dani Calabresa, que estava ao seu lado, foi logo gritando um nome, em tom de brincadeira: "Inês Brasil". Um minuto de silêncio pairou sob o recinto após a citação...
Amiga de Fábio de longa data, Calabresa, a mais animada da coletiva, falou que realizou um desejo antigo. "Sempre quis trabalhar com Porchat, mas estava esperando o convite certo. Você acredita que quase entrei para o 'Porta dos Fundos'? Li o roteiro, amei a história deste filme e o tal momento chegou", enfatiza.
Questionada sobre gravar cenas de sexo com o amigo, seu par amoroso em "O Palestrante", a atriz brincou, dizendo que foi uma experiência terrível, mas logo se corrigiu, sempre mantendo o bom humor.
"A gente se divertiu muito e caímos na risada em todas as cenas. Imagina um monte de humorista trabalhando junto durante 12 horas por dia? Sobre as cenas românticas, a gente falava, se beijava e entrava no quarto já se agarrando", responde, soltando uma longa gargalhada.
No filme, Dani é a dona da empresa (que criou a tomada de três pinos!) odiada por seus funcionários (interpretados por Paulo Vieira, Miá Mello e Otávio Muller). Com as palestras motivacionais, tenta virar o jogo, pretendendo agradar seus colaboradores.
"Gente, isso é muito estranho. Sou alegre, faço amizade com todos e muito querida nos ambientes em que chego (risos). Sou a alegria do lugar (mais risos). Na verdade, minha personagem é cheia de complexos e precisa de autoafirmação", aponta.
Fábio Porchat, neste momento, embarca na linha de raciocínio da amiga. "'O Palestrante', mesmo sendo uma comédia, traz assuntos bem pertinentes. Por meio da risada, vemos pessoas angustiadas, perdidas e 'batendo a cabeça' em busca de respostas para a vida pessoal e profissional", reflete.
"Estamos vivendo um momento complicado, com a eleição (para presidente da república, senadores, deputados e governadores) chegando, a Covid-19 e um país cheio de problemas. Queremos, com o filme, que as pessoas voltem ao cinema, relaxem e vejam uma coisa leve, divertida. É uma comédia para ser curtida por toda a família, comendo muita pipoca (risos). Precisamos de momentos assim, até para afirmar que a vida vale a pena", complementa, antes de dar (mais um) caloroso abraço em Dani Calabresa.
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