Filme "Feios", da Netflix, foi lançado recentemente. Crédito: Divulgação Netflix
Quando um projeto cinematográfico leva 18 anos para se concretizar, as expectativas naturalmente se elevam. "Feios", adaptação do romance de Scott Westerfeld, parecia ter todos os ingredientes para se tornar um sucesso: uma trama distópica intrigante, uma crítica social pertinente e uma direção do competente de McG, conhecido por filmes como "As Panteras". No entanto, o filme não conseguiu corresponder às expectativas, resultando em uma produção que, apesar de liderar a audiência na Netflix, foi amplamente criticada por sua execução fraca e superficial.
A história se passa 300 anos no futuro, onde a sociedade é dividida entre Feios e Bonitos. Tally Youngblood, interpretada por Joey King, é uma jovem de 15 anos que espera ansiosamente pela cirurgia estética que a transformará em uma pessoa "bonita". No entanto, sua cirurgia é negada e ela é forçada a trabalhar como espiã para o Departamento de Circunstâncias Especiais, uma entidade que controla rigidamente essa sociedade futurista.
Apesar de ter uma base narrativa sólida, "Feios" tropeça em sua execução. McG entrega uma produção esteticamente genérica, onde o uso excessivo de CGI previsível e uma ambientação pouco impressionante falham em capturar a essência distópica do romance original. A crítica aos padrões de beleza e à imposição da conformidade é um tema válido, mas o filme não consegue ir além de sua superfície.
Filme "Feios", da Netflix. Crédito: Divulgação Netflix
Joey King, que também atuou como produtora executiva, se esforça para dar vida a Tally, mas a trama rasa não permite que a atriz brilhe. As relações entre Tally e outros personagens são desenvolvidas de maneira superficial, sem explorar profundamente o impacto dessas interações no desenvolvimento da personagem principal.
Além disso, o roteiro parece destinado a atrair um público adolescente, com discursos fáceis e diálogos rasos, mas isso não fica claro na sinopse e no trailer, fazendo todos criarem altas expectativas. A abordagem didática e os efeitos especiais competentes podem enganar espectadores menos atentos, mas não compensam a falta de profundidade e originalidade da história.
Ao comparar "Feios" com outras adaptações de sucesso, como "Jogos Vorazes", "Maze Runner" e "Divergente", fica evidente que a qualidade final do produto é um fator crucial para o sucesso duradouro. Esses filmes, por mais que também sejam focados no público jovem, conseguiram criar mundos envolventes e personagens complexos, mantendo a atenção do público e garantindo sequências que expandiram suas histórias.
Filme "Feios", da Netflix. Crédito: Divulgação Netflix
Apesar das críticas negativas, "Feios" alcançou o primeiro lugar entre os mais assistidos na Netflix em mais de 60 países. Esse fenômeno pode ser atribuído à curiosidade em torno da adaptação de um livro popular e ao grande marketing utilizado na divulgação da produção.
No entanto, a popularidade inicial pode não ser suficiente para garantir a longevidade do filme na memória dos espectadores. Sem uma narrativa envolvente e personagens bem desenvolvidos, "Feios" corre o risco de ser rapidamente esquecido, especialmente em um mercado saturado de adaptações distópicas e de ficção científica voltadas para o público jovem. O filme, infelizmente, se destaca mais pelo tempo que levou para ser produzido do que pela qualidade final do produto. Em uma escala de 5 estrelas, “Feios” merece 1.
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