“Godzilla: Minus One” e os horrores do mundo pós-guerra

Vitória
Publicado em 15/12/2023 às 11h30

Na última quinta-feira (14), foi lançado pela Sato Co. nos cinemas brasileiros o filme “Godzilla: Minus One”. Desde o momento que saiu o primeiro trailer, já foi possível ver que algo promissor estava a caminho. Era possível ver bons efeitos, uma ambientação de época que localiza os acontecimentos do filme após o fim da Segunda Guerra Mundial, além de um subtítulo que evocava certo grau de perigo - do zero ao negativo -, que de fato assombra o filme do início ao fim.

Cenas filme Godzilla: minus one

Godzilla: minus one. Crédito: Toho Co./ Sato Co.

Sobre a história

O filme se passa em 1945, logo após a derrota das forças do Eixo aliadas a Alemanha nazista. Os fatos são narrados pelas desventuras de Koichi Shikishima (敷島浩一 Shikishima Kōichi), interpretado por Ryūnosuke Kamiki, um ex-piloto das Forças Armadas japonesas durante a Segunda Guerra. Através dele conhecemos a destruição causada pelos bombardeios que o Japão sofreu ao longo da guerra, destruindo não apenas as cidades, mas aqueles que habitam nelas.

Com pequenos saltos temporais, a vida vai retornando a sua normalidade, dentro dos limites que um mundo pós-guerra permite. O filme é extremamente competente em nos lembrar disso. E é justamente quando tudo aparenta estar bem é que acontece o primeiro ataque do Godzilla, que é tão devastador e traumático quanto o ataque norte-americano a Hiroshima e Nagasaki. O que faz recair o fantasma da guerra sobre um povo que ainda sente seus reflexos.

Aqueles que nasceram depois dos anos 80, em que o único contato com Godzilla é por meio dos filmes norte-americanos, principalmente os filmes da Legendary, podem levar um pequeno choque ao verem essa interpretação diferente do famoso monstro gigante. O novo longa respeita o legado do filme de 1954, apresentando o Godzilla como uma força incontrolável, invulnerável e (quase) impossível de ser detida.

Apesar de um ou outro deslize no roteiro, principalmente envolvendo a capacidade de sobrevivência e resiliência do protagonista, ou algumas situações que acontecem por mera conveniência para a história andar ou para causar mais traumas ao protagonista, “Godzilla: Minus One” consegue envolver o espectador na trama e no drama vivido pelos personagens.

Sobre o filme

Começando pelos efeitos especiais do Godzilla, ele em si aparece pouco no filme, sendo uma espécie de mal sempre presente, mesmo quando não é visto. Contudo, todos os momentos em que o Godzilla aparece são bem aproveitados pelo diretor Takashi Yamazaki (山崎 貴 Yamazaki Takashi). Além disso, o filme possui uma excelente sonoplastia, o que ajuda bastante nos momentos de tensão.

Pôster filme

Godzilla: minus one. Crédito: Sato Co.

O que pode causar certo estranhamento ao marinheiro de primeira viagem na versão japonesa é a forma como Godzilla se movimenta. Diferente do Godzilla com porte atlético e pronto para uma corrida que o trailer do próximo filme do Godzilla (Godzilla x Kong: Novo Império), Minus One traz uma versão mais robusta e pesada do personagem. Uma clara referência aos primeiros longas, onde um ator vestia um pesado traje e tinha certa dificuldade para se locomover. Mas não é apenas o monstrão que faz esse filme. O elenco principal entrega ótimas atuações, mantendo certa distância de um interpretação mais exagerada, com influência do teatro kabuki, que é comum em muitas produções japonesas.

A fotografia não deixa a desejar nada em relação aos filmes ocidentais, com takes abertos, bem iluminados e com pouco uso de CGI. Inclusive, usando belíssimas maquetes, tão tradicionais nos tokusatsus, criando cenas esteticamente bonitas e que não desconectam o telespectador do que está acontecendo. Em outros momentos podemos notar as famosas cenas sakugas, já familiares aos fãs de animes, que são cenas onde o trabalho de fotografia e composição se destacam do resto do filme.

Mas as referências aos primeiros filmes não param por aí. “Godzilla: Minus One” também é um filme político, assim como o de 1954, criticando abertamente o descaso com a vida humana por parte do governo japonês durante a Segunda Guerra. Em alguns momentos, o filme fala nas entrelinhas que o Japão é um país que resiste a mudanças, e que isso pode ser prejudicial para a população.

“Godzilla: Minus One” é um excelente filme para o final de semana. Em uma primeira camada, um ótimo filme de monstro gigante para nenhum fã colocar defeito. E se for possível parar e refletir sobre o texto, é notável pela discussão social e política sobre quem sofre os efeitos de uma guerra. O filme, que é distribuído no Brasil pela Sato Company, está em cartaz em mais de 400 salas. Corra para o cinema a mais perto de você e aproveite esse excelente filme.

Godzilla: Minus One

Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One. Toho Co./ Sato Co.
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One
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Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One
Godzilla: Minus One

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