Publicado em 2 de fevereiro de 2022 às 14:01
É difícil imaginar, por exemplo, outro ator interpretando Wolverine, mas Hugh Jackson não era o preferido para o papel, pois os produtores queriam Dogray Scott ("Sete Dias Com Marilyn"). "Indiana Jones", citando outro caso, é um clássico, mas Harrison Ford não era o primeiro na lista para interpretar o arqueólogo aventureiro. Steven Spielberg queria Tom Selleck, no auge nos anos 1980 com a série "Magnum".
Histórias assim existem muitas. A escolha de um protagonista é uma jogada de risco, especialmente porque pode determinar o sucesso (ou o fracasso) de um filme. O papel principal do filme catástrofe "Ameaça Lunar" - que estreia nesta quinta (3), no Estado - previa um ator. O cineasta Roland Emmerich ("Independence Day"), por sua vez, resolveu mudar o rumo dessa história, apostando em uma mulher na "linha de frente", mas especificamente Halle Berry, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por "A Última Ceia" (2001).
"Tive uma conversa com Roland (Emmerich) nos primeiros dias, foi bem rápida”, conta a estrela, em entrevista durante o lançamento de "Ameaça Lunar" em Los Angeles, que contou com participação de "HZ".
"Você lê (o roteiro de) um filme destes e de imediato entende do que se trata. Nossas mentes, de certa forma, estavam em sintonia. Fiquei sabendo que, originalmente, este papel foi escrito para um homem. O Roland merece crédito, especialmente por perceber que poderia ser interpretado por uma mulher e, ainda assim, ter o mesmo impacto", observa a atriz.
"Uma das razões que quis fazer 'Ameaça Lunar' foi porque ele se relaciona com os tempos difíceis que estamos vivendo com a pandemia da Covid-19", explica Halle Berry. "Normalmente, as pessoas são atraídas por grandes fitas de desastre como este porque elas podem se ver no filme. Todos temos essa fascinação com o fim do mundo. Como seria e como poderíamos sobreviver. A crise sanitária nos faz pensar ainda mais sobre o assunto".
Roland Emmerich conta que planejava tocar o projeto de "Ameaça Lunar" há vários anos. "Tive a ideia por conta de um livro, intitulado 'Who Built The Moon' ('Quem Construiu a Lua', do escritor Christopher Knight). Segundo a obra, de certa maneira, a lua não é um objeto natural. Achei que era uma grande ideia para um filme. Pensei: o que aconteceria se este objeto caísse na Terra? Com essa premissa, levamos uns três a quatro anos para chegar a um roteiro correto", explica o diretor, que também é roteirista do longa-metragem.
Emmerich faz questão de explicar aos jornalistas seu conceito sobre a história. "É uma ideia relativamente simples, a lua caindo na Terra. Temos que entender o que é e como impedir isto. Também mostra as pessoas que vão tentar nos salvar (em uma missão ao espaço) e as famílias que ficam para trás, tentando sobreviver. É aterrador".
Embora seja um longa de ficção, o diretor conta que fez muitas pesquisas para retratar certos elementos de forma realista. “Projetos assim tendem a ser muito fantasiosos. Por isso, você precisa injetar uma certa credibilidade à história. E isso vem da Ciência. Quanto mais você pesquisa, mais tem uma base em que as pessoas possam acreditar. Fizemos um grande esforço, conversamos com cientistas e pesquisadores", detalha.
"Tenho uma tendência a trabalhar com imagens geradas por computador, mas também acredito em efeitos práticos, reais. Eles são a cola que mantêm tudo junto. Você tem que sentir. Este é um pedaço real de madeira ou um carro real? Isso faz a plateia acreditar que aquilo está realmente acontecendo".
Uma surpresa! Durante o bate-papo, Roland Emmerich admitiu que não "entende" os filmes de super-heróis, mas que vê um paralelo entre eles e os longas-metragens baseados em grandes catástrofes, como "Independence Day" e "Ameaça Lunar".
"Cresci na Alemanha e lá não temos super-heróis! Talvez por isso não entenda filmes desse estilo. De certa forma, tive que encontrar meu próprio gênero. Quando você estuda filmes de desastre, percebe que pessoas normais têm que se tornar super-heróis. É preciso desenvolver algum superpoder para sobreviver ao um desastre, não é verdade?", questiona.
O cineasta explica que sempre procura incluir temas atuais em suas produções. "Penso que filmes têm que abordar problemas da nossa era. 'Ameaça Lunar', por exemplo, nos mostra que precisamos ter cuidado com a Inteligência Artificial e devemos manter o nosso planeta intacto. Isto está profundamente enraizado em todos os meus filmes. Sempre coloco uma mensagem de que não devemos poluir nosso planeta em excesso, porque não temos ainda uma tecnologia moderna o suficiente para solucionar essa questão", complementa
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