"HZ" lista 11 curiosidades sobre "O Poderoso Chefão", que faz 50 anos em 2022

Vencedor de três Oscar, obra-prima de Francis Ford Coppola ganhou remasterização em 4k e entrou em cartaz nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (24)

  • Jânio Nazareth
  • É jornalista, direto de Los Angeles (Twitter @janionazareth)


Vencedor de três Oscar em 1973 e considerado por muitos críticos e cinéfilos um dos melhores filmes já produzidos por Hollywood. Lógico que estamos falando de "O Poderoso Chefão", primeiro longa-metragem da trilogia baseada na obra de Mario Puzo, dirigida e produzida por Francis Ford Coppola ("Drácula de Bram Stoker") no auge de seu processo criativo. 

Com a obra-prima do realizador ítalo-americano completando 50 anos em 2022, e ganhando uma cópia remasterizada em 4k - em cartaz nos cinemas brasileiros desde a última quinta (24) -, Jânio Nazareth, colunista de "HZ", listou 11 histórias que muita gente não conhecia sobre os bastidores da produção, estrelada por astros como Marlon Brando (eternizado como Don Corleone) e Al Pacino.

Teve um pouco de tudo na produção de "O Poderoso Chefão". Brigas aos berros, envolvimento da máfia, ameaças de morte e até tiroteios. Há situações inusitadas, ou seriam bizarras, como uma cabeça de cavalo de verdade no local das filmagens, um ator que ameaçou matar Marlon Brando para conseguir um papel, o teste de Elvis Presley para entrar no elenco e até mesmo o fato de Marlon Brando não ter sido o primeiro nome na lista para interpretar o protagonista.

1 - ENVOLVIMENTO DA MÁFIA, AMEAÇAS E TIROS NO CARRO DE UM PRODUTOR

A princípio, o crime organizado era contra a realização do filme. Um dos chefões mafiosos, Joe Colombo, chegou a ligar pessoalmente para ameaçar o produtor do filme, Robert Evans, e sua família. Na época, Evans era o vice-presidente do estúdio Paramount.

Segundo Bettye McCartt, assistente do produtor Albert S. Ruddy, a polícia havia avisado o produtor que integrantes de quadrilhas criminosas estavam perseguindo seu carro. Para despistar os bandidos, Robert Evans costumava trocar de veículo com a assistente. Uma noite, a funcionária encontrou os vidros do automóvel perfurados de balas e a seguinte nota: "Pare as filmagens ou você vai se arrepender".

Um dos maiores clássicos do cinema,

Um dos maiores clássicos do cinema, "O Poderoso Chefão" está completando 50 anos em 2022. Crédito: Paramount

O produtor Albert S. Ruddy, finalmente, teve um encontro com Colombo e prometeu não usar os nomes "máfia" e "Cosa nostra" - famosa organização criminosa italiana - no filme. Ele também aceitou que a organização revisasse o roteiro e fizesse algumas mudanças. Além disso, ficou acertado que membros do crime organizado seriam contratados como extras e trabalhariam como consultores do projeto.

Paul Castellano, na época capitão da família Gambino, um dos cinco clãs mafiosos de Nova York, visitou o ator Richard S. Castellano no local das filmagens. Paul assumiu a chefia da família Gambino anos depois, mas acabou assassinado por ordens de John Gotti, que assumiu o controle da organização. O ator revelou, anos depois, que era sobrinho do chefão mafioso. No filme, ele interpreta Peter Clemenza, personagem coadjuvante envolvido em uma série de ações cruciais na trama.

2 - MARLON BRANDO AMEAÇADO DE MORTE

Durante as filmagens, o ator Gianni Russo ameaçou matar Marlon Brando. O incidente aconteceu quando o astro confrontou o cineasta Francis Coppola, na frente de Russo, para saber por que ele foi contratado, já que não era bom ator, sugerindo ainda que Russo fosse demitido.

Gianni, então, puxou Brando num canto e disse: "se você falar comigo desta maneira de novo, ou tentar me demitir deste trabalho, vou te quebrar no meio e sugar seu coração".  Depois de ficar surpreso por um instante, Marlon reagiu: "Isto foi brilhante!".

O astro achou que Russo estava atuando uma cena. Ele não sabia que, na verdade, o rapaz era ex-integrante da máfia e estava falando sério. O próprio Gianni revelou detalhes do confronto anos depois. O ator interpretou o genro de Don Vito Corleone.

3 - ELVIS NO ELENCO?

O Rei do Rock, Elvis Presley, era um grande fã da novela publicada em 1969 por Mario Puzo, na qual "O Poderoso Chefão" se baseia. Ao saber dos planos para levar a saga para o cinema, o cantor quis fazer o papel principal de Don Corleone, mas acabou conseguindo fazer um teste para o personagem Tom Hagen. Robert Duvall, porém, interpretou o conselheiro da família Corleone na telona. Uma escolha muito mais sensata, não acham?

4 - SYLVESTER STALLONE FEZ TESTE PARA O FILME

Astro da série "Rambo" e "Rock", Sylvester Stallone também fez testes para participar da produção, no papel de Paulie Gatto e de Carlo Rizzi, motorista e o genro de don Vitor Corleone, respectivamente. Syl não foi escolhido para o elenco. Depois disso, o astro escreveu o roteiro de "Rocky" e, quatro anos depois, ganhou os Oscar de Melhor Filme, Direção e Montagem. 

5 - MARLON BRANDO NÃO ERA O ATOR PREFERIDO PARA SER DON CORLEONE

Marlon Brandon não era o primeiro na lista para fazer o papel de Don Vito Corleone. Francis Coppola convidou inicialmente um ator aposentado, Joseph Calleia, que não aceitou por problemas de saúde. Outro astro convidado para o papel também recusou por problemas de saúde, Lawrence Olivier.

O cineasta Orson Welles ("Cidadão Kane") sinalizou a Coppola que estava muito interessado no papel, e propôs até fazer uma dieta. Embora Francis fosse fã de Welles, recusou a oferta porque já tinha na cabeça outro ator: Marlon Brando. O resto entrou para história...

6 - CABEÇA DE CAVALO (REAL) USADA NAS FILMAGENS

Uma das cenas mais famosas de "O Poderoso Chefão" envolve uma cabeça de cavalo (real) colocada em uma cama. No filme, o dono de um estúdio de cinema, Jack Woltz, interpretado pelo ator John Marley, recusa o pedido da família Corleone para contratar o cantor e ator Johnny Fontane para um projeto. Após a recusa, o empresário acorda pela manhã e encontra uma cabeça do animal na cama, como forma de ameaça da máfia. 

O cineasta Francis Coppola não ficou interessado na cena ao ler o livro de Puzzo, mas admitiu que ela era muito simbólica para ser evitada. Como já citado, as filmagens foram feitas com uma cabeça de cavalo verdadeira, conseguida em uma fábrica de comidas para pets. O ator John Marley não sabia da opção do cineasta. Sua reação na cena, ao gritar apavorado, foi verdadeira.

Na época do lançamento do longa-metragem, houve protestos de grupos dos direitos dos animais. Coppola respondeu da seguinte maneira: "Todos os amantes de animais e de cachorrinhos se preocupam com o cavalo. O que eles não sabem é que conseguimos a cabeça do animal de uma fábrica de comida de cachorro. Eles matam 200 cavalos por dia para alimentar aqueles cachorrinhos". Sinistro demais!

7 - FRANCIS FORD COPPOLA QUASE FOI (DEMITIDO VÁRIAS VEZES)

Francis Ford Coppola quase foi demitido nos sets de filmagens de

Francis Ford Coppola quase foi demitido nos sets de filmagens de "O Poderoso Chefão". Crédito: Paramount

Os executivos da Paramount queriam demitir Francis Ford Coppola, pois estavam insatisfeitos com a escolha do elenco, especialmente Al Pacino.

O estúdio também não gostou de fazer as filmagens em Nova Iorque, o que encareceu o projeto. A ideia era fazer um filme mais barato, com uma história mais moderna, em vez de uma adaptação feita para os anos 1940 e 1950. Coppola havia recusado o roteiro original de Mario Puzo. Quando Marlon Brando ameaçou pedir demissão (se o realizador saísse do projeto), o estúdio, espertamente, voltou atrás.

Outro problema para os produtores foi a falta de sequências mais movimentadas. O chefe de produção, Robert Evans, pensou em contratar um diretor de filmes de ação para terminar as filmagens. Para salvar o emprego, Coppola e o filho, Giancarlo, criaram a passagem em que Connie e Carlo tem uma grande briga. Connie é a filha de Don Vito Corleone, interpretada pela atriz Talia Shire, irmã do cineasta. O marido, Carlo Rizzi, é interpretado pelo ator Gianni Russo.

Os produtores também criaram problema com o fato de o filme ser muito "escuro". O cineasta se recusou a fazer mudanças estéticas, explicando que o tom escuro simbolizava o caráter sombrio dos negócios da máfia.

8 - TAPA NA CARA

Marlon Brando queria que os produtores demitissem o ator Al Martino, porque o considerava péssimo. E o astro tinha razão, pois Martino não conseguia expressar emoção durante as filmagens. Por esta razão, as cenas com ele tiveram que ser constantemente reescritas. Para resolver o problema, a maioria delas foram filmadas sem mostrar o rosto do ator.

Martino interpretou o afilhado de Don Vito. No filme, Corleone dá um tapa na cara do afilhado, durante o casamento da filha. O tapa não estava no roteiro!

9 - BRIGAS, GRITARIA E TIROS!

As brigas - aos gritos - eram constantes entre Francis Ford Coppola e o diretor de fotografia, Gordon Willis. Em muitos casos, o resultado eram vários objetos quebrados. Em um incidente, a equipe pensou que o realizador tinha disparado um tiro. Na verdade, ele havia quebrado uma porta.

Um dos motivos das brigas era porque Willis era "durão" com atores e atrizes, exigindo que eles ficassem no lugar exato marcado no chão para não prejudicar a iluminação. Coppola saia em defesa dos artistas.

10 - MARLON BRANDO E FRANCIS COPPOLA SE RECUSARAM A FILMAR

O astro Marlon Brando e o cineasta Francis Ford Coppola se recusaram fazer o filme. A razão era que os dois consideravam o projeto uma "homenagem à máfia", glorificava o crime (segundo os artistas). Foi aí que cineasta teve a ideia de fazer do longa-metragem uma alegoria ao capitalismo.

11 - FRANK SINATRA ENVOLVIDO EM UMA BRIGA?

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O cantor da trama, que consegue avançar na carreira graças ao padrinho mafioso, foi baseado na vida de Frank Sinatra. Enfurecido com a "homenagem", o consagrado intérprete decidiu tirar satisfações com o escritor Mario Puzo quando o encontrou em um restaurante. Após a confusão, as cenas com o cantor na trama foram reduzidas. 

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