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Publicado em 9 de abril de 2022 às 13:09
"Algumas das melhores histórias jamais contadas começam detrás das grades", diz Morgan Freeman, 84, nos primeiros minutos de "Grandes Fugas com Morgan Freeman", série documental que estreia neste sábado (9) no canal pago History. O ator é quem apresenta a produção.
Ele tem conhecimento de causa. Afinal, foi indicado a todos os prêmios, incluindo ao Oscar, pelo filme "Um Sonho de Liberdade" (1994). Seu personagem, Red, passa 40 anos preso e cria um sólido laço de amizade com o prisioneiro Andy (Tim Robbins), que passa 19 anos construindo um túnel pelo qual escapa da prisão.
Se na época ele chegou a conversar com presos de verdade para entender o papel, desta vez isso não se fez necessário. "Temos um time de pesquisadores, pessoas muito reconhecidas, que conseguiram as informações de diversas fontes, então eu fui mais a pessoa chamada quando já estava tudo pronto", brinca durante entrevista ao site F5.
O programa relembra, com riqueza de detalhes, algumas das fugas mais espetaculares que aconteceram em prisões de verdade. O primeiro dos 8 episódios é sobre a lendária fuga de Alcatraz, considerada uma das prisões mais seguras do mundo até então. Também há episódios sobre o traficante mexicano El Chapo e sobre a fuga em massa de Dannemora, nos Estados Unidos, entre outros.
Com quase 50 anos de carreira e conhecido por grandes papéis dramáticos no cinema, Freeman diz por que se interessou por contar esse tipo de história. "Temos um departamento de documentários na minha empresa", diz sobre a produtora Revelations Entertainment, responsável também pela nova série. "Lá, estão sempre tentando pescar novos temas para criar e apresentar."
"E eu acho que acabei ganhando uma certa reputação como apresentador, então quando fui chamado para fazer parte do projeto não pude resistir", conta. Essa habilidade com as palavras e o tom marcante, por sinal, foram vistos pela primeira vez em "Um Sonho de Liberdade", primeira produção em que ele foi narrador.
Foi a partir daí que ele começou a ser chamado para esse tipo trabalho, sem necessariamente estar atuando. Nessa seara, ele fez sucesso com as séries documentais "A História de Deus com Morgan Freeman" (2016-2019), do National Geographic, e "Através do Buraco de Minhoca" (2010-2017), do Discovery.
Questionado sobre como se prepara para essas narrações, ele é honesto. "Vai parecer ridículo, mas não faço muito no sentido de preparação", confessa. "Você recebe o roteiro, aprende e essa é a minha preparação. Tudo o que preciso fazer é ler e ter clareza, não parecer que está lendo, fazer as inflexões nos lugares certos... E parece que tenho feito isso corretamente na maior parte do tempo (risos)."
O ator também comenta por que histórias sobre fugas espetaculares chamam tanto a atenção e fascinam as pessoas há tantos anos. "Acho que é pelo simples fato de as pessoas se atreverem a tentar", avalia. "O que nós mostramos são fugas ousadas que exigiram um esforço enorme, que não se importaram com nada nem com ninguém ao ponto de as pessoas não conseguirem acreditar que aquilo foi possível."
Ele admite que o programa pode fazer o público torcer para os fugitivos, em teoria, pessoas que estão pagando por crimes, muitas vezes graves. "Chega um ponto em que você começa a vê-los como heróis, como eles vão conseguir superar essa adversidade?", diz. "Por serem fugas histórias, a gente já sabe que eles vão escapar, então como eles fizeram isso? Você quer ficar ligado para entender isso? Como? Como?"
Apesar de mostrar muitos detalhes de como as fugas ocorreram, Freeman diz que os episódios não vão ser um passo a passo para quem quiser fazer o mesmo. "Eu não acho que dá para ensinar alguém a fugir da prisão assistindo algo porque, para mim, está claro que não é algo que qualquer pessoa conseguiria fazer", avisa.
"Não tem tanta gente por aí com os níveis de audácia, inteligência e ingenuidade necessários", afirma. "Eu, por exemplo, se fosse colocado em uma situação como essas jamais sonharia em tentar algo assim."
Mesmo considerando questões de infraestrutura, rebeliões e disparidade racial nas prisões, o ator considera que trata-se de um sistema necessário. "Nós precisamos de um lugar para abrigar pessoas, digamos, antissociais", comenta. "As mentes criminosas são primariamente antissociais."
"Sei que as prisões não são instituições feitas para corrigir pessoas, são lugares usados para punir", afirma. "Se você fez algo errado, você é punido perdendo a sua liberdade e os seus privilégios de pessoa livre. Acho que precisamos de prisões. Elas são mal utilizadas, mas é o que temos."
O ator também adianta que, caso haja interesse do público e do canal, há histórias para contar em futuras temporadas da série. "Sim, pretendemos voltar se as pessoas gostarem da série", avisa.
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