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Publicado em 14 de julho de 2024 às 10:00
Há cerca de uma semana a Netflix lançou "Pedaço de Mim", uma série que rapidamente alcançou o top 5 das produções em língua não inglesa mais vistas na plataforma. Com elogios à atuação e ao roteiro, a série parece ser um sucesso inquestionável: teve 23,8 milhões de horas consumidas e 1,8 milhão de visualizações.
Baseada em uma história real, "Pedaço de Mim" narra a trajetória de Liana, uma mulher que sonha em ser mãe, mas sua vida é virada de cabeça para baixo após descobrir a infidelidade do marido. A série explora o raro fenômeno da superfecundação heteroparental, onde Liana engravida de dois homens diferentes ao mesmo tempo. Esse tema, certamente inusitado, é um prato cheio para a exploração dramática e emocional, algo que a produção faz com maestria.
A atuação de Juliana Paes e Vladimir Brichta é indiscutivelmente excelente. A atriz, em particular, entrega uma performance intensa e convincente, que é um dos pilares que sustentam a série. A direção de Maurício Farias também merece elogios pela maneira como conduz a narrativa, mantendo o público envolvido do começo ao fim.
No entanto, nem tudo é perfeito em "Pedaço de Mim". Apesar do sucesso internacional, a série peca por uma grave falta de diversidade. Em um país como o Brasil, conhecido por sua vasta riqueza cultural e étnica, é decepcionante ver uma produção tão limitada em termos de representatividade. O elenco é majoritariamente branco e heteronormativo, o que levanta questões sobre a inclusão e a representatividade na televisão brasileira.
Além disso, a série, que foi chamada de "Desperate Lies" no exterior, adota uma fórmula já conhecida e amplamente explorada nas novelas brasileiras: a separação maniqueísta entre mocinhos e vilões e a exploração de conflitos morais intensos. Embora isso não seja necessariamente um problema, a falta de inovação no formato pode ser vista como uma oportunidade perdida para trazer algo verdadeiramente novo e refrescante ao público.
Com 17 episódios, "Pedaço de Mim" mais se parece com uma “mininovela", formato muito conhecido dos brasileiros. A série foca intensamente na história principal, sem muitos núcleos paralelos, o que pode ser positivo em termos de ritmo, mas também limita a exploração de subtramas que poderiam enriquecer a narrativa.
Apesar dessas críticas, "Pedaço de Mim" conseguiu romper a bolha nacional e conquistar um público internacional significativo. Em menos de uma semana, a série destacou-se não apenas no Brasil, mas também em países como Argentina, Portugal e Quênia. Esse sucesso é um testemunho do apelo universal de histórias bem contadas, com dilemas familiares que geram a identificação do público.
Em conclusão, "Pedaço de Mim" é uma série que, apesar de alguns pontos de críticas, merece ser assistida. Ela representa uma parte significativa da produção cultural brasileira e mostra o potencial da Netflix em produzir novelas e alcançar audiências globais. Até Gloria Perez, que é contratada da Rede Globo, se rendeu à produção. "Uma história de peso, bem interpretada e bem dirigida… A mágica se fez. Parabéns, Angela Chaves e Juliana Paes", declarou a veterana.
Assista ao trailer oficial:
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