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Publicado em 18 de dezembro de 2022 às 09:00
Quem nunca, quando guri, ouviu a mãe dizer várias vezes, especialmente após aprontar alguma travessura: "não conte mentiras ou o seu nariz vai crescer igual ao do Pinóquio"? O boneco de madeira de nariz gigante, que ganha vida após o "pai" solitário, o carpinteiro Gepeto, criá-lo para compensar um frustrado desejo paterno, faz parte do imaginário de qualquer criança.
O personagem, criado pelo escritor Carlo Collodi em 1883, eternizado com uma animação dos estúdios Walt Disney, lançada em 1940, ganhou uma nova versão também em animação, bem mais sombria, dirigida pelo mexicano Guillermo Del Toro ("O Labirinto do Fauno"), que chegou bombando na Netflix com pinta de obra-prima do ano.
Gravado integralmente em stop motion, o "Pinóquio" de Del Toro é um trabalho de rara beleza e apuro técnico. O realizador latino usa sua história como metáfora para o surgimento do fascismo na Itália, no século XX. Um filme gótico, que versa sobre a morte (especialmente com a personagem da esfinge capaz de decidir o futuro e o presente humano), a solidão e o amor paternal.
Aclamado pela crítica, o filme já desponta como um dos favoritos ao Oscar de Melhor Animação no próximo ano. Está indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice Awards, bons termômetros para a festa mais importante do cinema. Seu principal adversário é "Marcel the Shell with Shoes On", as desventuras de uma adorável concha saindo em busca de sua família.
Deixando a "futurologia" de lado, "HZ" preparou uma lista com outras nove adaptações de Pinóquio para o cinema. Tem filmes para todos os gostos, desde terror, animação futurista – que se passa nos anos 3000 – até comédia erótica, estilo "sexplotation".
Pinóquio (1940)
Um dos maiores sucessos entre as clássicas animações de Walt Disney, o projeto foi dirigido a sete mãos. "Pinóquio", que venceu os Oscar de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção ("When You Wish Upon a Star"), também ficou conhecido por não ser muito fiel ao texto de Carlo Collodi, suprimindo personagens essenciais para a trama e dando uma visão mais colorida e menos sufocante para o cenário de pobreza que dominava a Itália no século 19. O filme pode ser conferido no Disney +.
Pinóquio (2002)
Roberto Benigni, que vive Gepeto nesta versão, também já dirigiu e atuou em um projeto baseado na história clássica. O filme, um fracasso de crítica e de público, peca pelos exageros. O maior erro, sem dúvidas, foi escalar Benigni para interpretar o próprio boneco, em um puro exemplo de vaidade. A produção quase chegou a arruinar a carreira do italiano. Uma aposta cara e desnecessária do estúdio Miramax. Disponível em DVD e no Looke e Netmovies.
Pinocchio (1976)
Uma das inúmeras adaptações que a história ganhou para a TV, sendo em séries, minisséries, episódios especiais e telefilmes. Esta versão - produzida para a TBS em formato teatral - chegou a ganhar dois Emmys, o Oscar da televisão americana. Dirigido por Ron Field e Sid Smith, o filme aposta em números musicais e traz a cantora e atriz Sandy Duncan interpretando Pinóquio. Chegou a ser exibido na TV brasileira e a ganhar lançamento em VHS. Hoje, encontra-se fora de catálogo.
As Aventuras de Pinocchio (1996)
Versão meio sinistra do clássico, feita com bonecos de marionetes e atores, o filme foi exibido nos cinemas brasileiros no Natal de 1996, mas não causou muito alarde. A direção é de Steve Barron, que fez sucesso na década de 1990 por lançar o primeiro filme de "As Tartarugas Ninja". Nem o carismático Martin Landau, como Gepeto, fez com que o filme ganhasse alguma notoriedade. Está disponível em DVD no Brasil.
Pinóquio - O Perverso (1996)
Lógico que "Pinóquio" ganhou várias versões para histórias de terror, onde mostrava uma personalidade sombria e um lado perverso para praticar o mal. Neste filme lançado em VHS e DVD no Brasil, a história é meio bizarra e faz um plágio descarado de "O Boneco Assassino". É tão ruim, que virou clássico trash-cult. Advogada não consegue salvar um psicopata da cadeira elétrica, mas herda um boneco que leva para sua filha pequena. Inconformada com a separação dos pais e a discriminação que sofre na escola, a inocente garotinha recebe vibrações macabras do brinquedo assassino.
Pinóquio 3000 (2004)
Animação pós-modera, super trash, que traz um boneco futurista vivendo no ano 3000 (!). Em Scamboville, uma cidade governada pelo malvado Scamboli, vive Gepeto, um inventor genial que criou algo muito especial: Pinóquio, um pequeno robô com muita personalidade e um sonho particular, tornar-se menino. O resto da história você já conhece. Disponível em DVD no Brasil.
As Aventuras Eróticas do Pinóquio (1971)
O título pode sugerir uma história filmada no Brasil, na época de ouro da pornochanchada... Mas não, é uma produção americana bem apimentada, uma espécie de "sexplotation", que traz comédia e uma pitada de erotismo ao clássico de Carlo Collodi. Dyanne Thorne, musa da contracultura dos anos 1970, vive a fada que transforma o bonitão Alex Roman em um homem com o "nariz" grande que as mulheres adoram. A produção está fora de catálogo.
Pinóquio (2022)
Versão live action preparada pela Disney que fracassou entre a crítica. O boneco foi criado em computação gráfica. Gepeto, o carpinteiro que constrói e trata Pinóquio como se ele fosse o seu filho verdadeiro, é interpretado por um Tom Hanks pouco à vontade no papel. Pode ser conferido no Disney +
Pinóquio (2020)
Versão sombria do clássico dirigida pelo italiano Matteo Garrone, aplaudido pela crítica por seu esmero técnico. Cineasta de influências naturalistas, e acostumado a mostrar um lado violento e "sujo" da sociedade italiana, como visto em "Gomorra" (2008) e "Dogma" (2018), Garrone acertadamente faz de seu "Pinóquio" um filme soturno e bem mais fiel ao texto de Collodi que a animação do "estúdio do Mickey". Para alugar na Apple TV e Claro TV.
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