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Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 17:12
Mais ambicioso produto audiovisual produzido pela Netflix no Brasil, "Bom Dia, Verônica" chega o fim com a terceira temporada (em cartaz no serviço de streaming) apostando cada vez mais na violência gráfica.
Antes que questionem, não há problema algum na opção narrativa. A trama se torna mais coerente com a proposta do enredo: uma radiografia imoral sobre a violência contra a mulher, o assédio na infância e o abuso de poder tendo a religião como combustível.
Por trás de sangue e vísceras, dignas de uma HQ virulenta, como The Boys, da WildStorm/DC Comics, a série roteirizada por Raphael Montes e dirigida por José Henrique Fonseca mais parece uma graphic novel criminal, que pode chocar aos olhos mais sensíveis.
Em bate-papo com HZ, Tainá Müller - que vive a protagonista com invejável fôlego, se tornando o real motivo para assistir à série até seu final - assume que o clima cartunesco foi bem assimilado pela equipe.
"Vejo Verônica como uma personagem de quadrinhos. Uma Mulher-Maravilha sombria, cheia de paradoxos, quase uma anti-heroína vivendo entre luzes e sombras, Verônica representa uma alegoria sobre o desrespeito pelo qual muitas mulheres passam", adianta, revelando que, ao contrário da personagem, acredita na democracia, na justiça e nas instituições.
"Ela chega a fazer justiça com as próprias mãos (como se fosse uma "Nikita - Criada para Matar" tupiniquim inclusive). Claro que sou contrária a esse tipo de ação, mas Verônica, como objeto de ficção, me dá oportunidade de pensar fora da caixa e imaginar como seria um mundo catártico, onde tudo é permitido".
Dizendo que Verônica a fez crescer como atriz e pessoa, Tainá Müller confirma que "Bom Dia, Verônica" terminou seu ciclo com os três novos episódios liberados pela Netflix, mas afirma estar aberta a possibilidades.
"Tenho uma ligação mística com ela. Se novas portas se abrirem, como a criação de uma spin-off (história derivada), por exemplo, estou preparada. Seria maravilhoso", adianta, dizendo que a repercussão que recebe nas ruas ainda chama lhe causa impacto.
"Me sinto realizada quando uma mulher me agradece, revelando o impacto que "Bom Dia, Verônica" causou. Muitas falam que precisavam ver o quanto o ciclo da violência estava impregnado em suas vidas", responde, expandindo a linha de raciocínio.
Mas qual a trama da terceira temporada de "Bom Dia, Verônica"? Como os fãs já sabem, a história gira em torno de uma escrivã que trabalha na delegacia de homicídios de São Paulo. Ela investiga um predador sexual e uma quadrilha envolvida no tráfico humano, infantil e violência contra mulheres.
A investigação leva para o orfanato onde Brandão (Eduardo Moscovis) e Matias (Reynaldo Gianecchini, em atuação exagerada) cresceram. Em uma pequena cidade, ela conhece Jerônimo (Rodrigo Santoro, também exagerando no tom), um criador de cavalos milionário, e sua mãe, Diana (Maitê Proença), mulher misteriosa que esconde segredos sobre o passado macabro do lugar.
No entanto, quando a máfia coloca a família de Verônica em perigo, ela precisa correr contra o tempo. Sem saída, arrisca todas as fichas em uma caçada perigosa da qual ela pode não sair viva. O surgimento da figura misteriosa chamada Doúm coloca Verônica em uma caçada dupla em busca da verdade.
Também presente no bate-papo, Rodrigo Santoro detalhou sua preparação para viver o vilão Jerônimo. "É um personagem que me exigiu muito fisicamente. Fiz dieta e ginástica. Além disso, reassisti as duas primeiras temporadas para resgatar o universo e a linguagem da série. Procurei casos de referência de abusos contra mulheres e, infelizmente, são histórias tão cruéis quanto as mostradas pela ficção", aponta.
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