Há quem goste dos finais felizes, depois que os abacaxis foram descascados, que as batatas foram assadas, que os pepinos tiveram seu merecido destino.
Mas, cá entre nós, acho os começos muito subvalorizados, não sei você.
O cheirinho do café antes mesmo da primeira gota cair na xicara. O primeiro biscoito do pacote. Aquela sensação de maresia na pele que antecipa a praia virando a esquina.
A conferida no cardápio atrás do seu suco preferido. O acorde inicial do hit da adolescência anunciando uma miniviagem no tempo.
Quando aparece só uma folha acastanhada na castanheira, sinal de que o outono pode teimar mas vem. A primeira sopa quando o calor sai de férias.
Os começos são bonitos e recheados de esperança, mas também de incertezas. Será que faz sentido? Será que vai funcionar?
A primeira panqueca, por exemplo, nunca funciona, fato insistentemente aproveitado por filósofos de LinkedIn que transformam de show internacional a falta de luz, passando pelo bombom de presente da chefia, em texto motivacional.
Mas a gente insiste na segunda panqueca e garante um café da manhã, nem que seja feio e em formatos estranhos, e quase nunca inventa lições de vida como acompanhamento.
Os começos são um frio na barriga que a gente esquenta com café e panqueca, suco preferido e todos os biscoitos do pacote. A gente leva de acessório no passeio na praia, pra ver a meteorologia das castanheiras.
E a gente segue em frente com medo e tudo, como se ele fosse a sopa de entrada que dá a pista de que a refeição vai ser delícia.
O cheirinho do café antes mesmo da primeira gota cair na xicara. Crédito: Rene Porter/Unsplash
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