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Publicado em 16 de abril de 2024 às 15:35
O mundo dos vinhos é um universo vasto e fascinante, repleto de história, cultura e uma infinidade de sabores para explorar. Dentro desse cenário, uma das distinções fundamentais é entre secos, meio secos e suaves.
Essas categorias referem-se ao teor de açúcar residual presente no vinho e têm um impacto significativo no perfil de sabor e na experiência sensorial de quem os degusta.
Por isso, o sommelier Kruver Baptista explica as diferenças entre vinho seco, suave, meio seco e doce. Confira!
O termo “vinho suave” está associado aos chamados vinhos coloniais, elaborados com uvas de mesa como isabel, bordô e niágara, cultivadas em videiras Americanas, adaptadas principalmente na Serra Gaúcha ou no Interior de São Paulo, regiões ocupadas por imigrantes italianos, alemães e portugueses.
Originalmente, esses vinhos eram produzidos em pequena escala para consumo próprio, utilizando as uvas excedentes que não eram vendidas como frutas de mesa. Devido ao alto nível de acidez das frutas vitis labrusca, com as quais esses vinhos são produzidos, os pequenos produtores começaram a adicionar açúcar de cana, beterraba ou suco de uva concentrado para corrigir a acidez.
Os vinhos secos têm pouca ou nenhuma adição de açúcar, enquanto os suaves são mais doces. Essa prática marcou o início da produção moderna dessas bebidas e o surgimento de vinícolas explorando um mercado emergente.
Para ajudar os consumidores a diferenciarem, os rótulos passaram a indicar “suave” ou “seco”, como nos famosos vinhos de garrafões de cinco litros, frequentemente presentes em festas no interior do Brasil, com baixo teor alcoólico e sabor característico de uva.
O vinho suave combina bem com queijo tipo canastra ou meia cura, frutas secas e bolos com frutas nativas brasileiras, ou em uma roda de amigos com uma boa prosa. O vinho seco, por outro lado, harmoniza com carnes suínas e de caça, aves e churrasco brasileiro.
Quem desejar conhecer mais sobre esse tipo de produção pode visitar cidades como Jundiaí, São Roque ou a Vinícola Lucano, localizada na Zona Leste da Capital Paulista.
Essa classificação é uma adaptação do mercado e da legislação brasileira, que leva em consideração o açúcar residual da própria uva, especialmente na produção de vinhos feitos principalmente de vitis viníferas. Algumas garrafas podem apresentar a designação “demi sec”. Podem ser feitos tanto com uvas Americanas (bordô, isabel, concord, niágara) quanto com vitis viníferas (Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Carmenère, Malbec, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Primitivo, Nero d’Avola e Montepulciano).
Cada vinho tem suas características únicas, e experimentar é fundamental para conhecer o estilo que mais agrada. Os vinhos meio secos são uma ótima porta de entrada nesse universo enológico.
A lei brasileira n.º 7.678, de novembro de 1988, regulamentando a produção de vinhos, passou por acréscimo em 20 de fevereiro de 2014, com o decreto n.º 8.198, abrindo novos horizontes para os vinhos meio secos.
Essa classificação apresenta um alto teor residual de açúcar, tanto da própria uva quanto adicionado externamente. Pela legislação brasileira, o açúcar deve estar entre 5 e 25 gramas por litro, o que permite uma ampla variedade de vinhos, desde quase imperceptíveis até muito doces.
Nas cartas de restaurantes, adegas e supermercados, é possível encontrar vários rótulos com essa classificação, especialmente alguns vinhos europeus, como das uvas Primitivo, Montepulciano, Nero d’Avola ou de Portugal.
Com vinhos meio secos, as opções de harmonização são diversas, podendo ir desde tortas de frango, vegetais e queijos até carnes vermelhas, massas, peixes e sobremesas, dependendo do teor de doçura do vinho escolhido. Ou, simplesmente, acompanhando uma boa conversa com amigos e uma tábua de frios.
Os vinhos doces têm alto teor de açúcar, geralmente feitos com uvas da família vitis viníferas como sauvignon blanc, chardonnay, semillon, corvina e nebbiolo, entre outras. Os processos de produção incluem a colheita tardia, quando as uvas alcançam o máximo de maturação e concentram açúcares.
Há também os vinhos botritizados, elaborados a partir de uvas afetadas pelo fungo Botrytis cinerea , conhecido como “podridão nobre”. Esse fungo cria microfuros na casca das uvas, permitindo a evaporação da água e a concentração de açúcares, ácidos e substâncias do fruto.
A colheita é manual, grão por grão, resultando em vinhos doces equilibrados e únicos. Exemplos incluem regiões como Sauternes na França e Tokaj na Hungria, além de outros países como Alemanha, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Chile.
Outros vinhos doces incluem o ice wine do Canadá, Moscato d’Asti da Itália, porto ruby de Portugal, Jerez de Pedro Ximenes e Moscatel da Espanha.
Esses vinhos combinam bem com clássicos da confeitaria como crème brûlée, torta de maçã, queijo brie coberto com mel, geleias de frutas silvestres, tortas de chocolate, mil-folhas, bolos de castanhas e frutas secas e tiramisù.
Se preferir, finalize sua refeição com uma bela taça desse maravilhoso néctar da natureza, uma experiência única em líquido. “Os vinhos são experiências, prove e teste os rótulos que mais lhe agradam, e não se force a beber só porque dizem que é chique. É preciso ter prazer e gostar dos vinhos para que de fato seja satisfatório”, finaliza Kruver Baptista.
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