Cultivo sustentável está entre as tendências que ganham mais força em 2024. Crédito: wirestock/Freepik
Vinhos mais leves e frescos, cultivo sustentável de uvas e serviço em taça estão entre as principais tendências para o próximo ano no universo da bebida.
Ao longo de 2023, abordei na coluna alguns temas relevantes que nos levam a entender melhor essas projeções para o mercado vinícola. Confira abaixo.
LEVEZA E FRESCOR
Tenho uma amiga sommelière que sempre diz: “quem gosta de madeira é cupim”. E é exatamente isso. Os vinhos com alto teor alcoólico e passagem por madeira estão fora de moda.
O consumo de vinhos vem aumentado gradativamente, e a bebida tem sido bastante apreciada por um público jovem. Esses novos consumidores procuram vinhos leves e frescos, como os brancos, espumantes e rosés, e até mesmo os vinhos naturais.
Vinhos leves e frescos vêm sendo apreciados por um público mais jovem . Crédito: Shutterstock
Tal tendência também é apoiada por dados recentes da NielsenIQ, que analisa dados de mercado. A britânica Jancis Robinson, uma das maiores escritoras e estudiosas de vinho no mundo, afirmou recentemente que a Sauvignon Blanc foi a única variedade com maior volume e valor de vendas em 2022, e segue crescendo.
UVAS EXÓTICAS
Quando se fala em uva vinífera, as internacionais sempre roubaram a cena. É comum optar pelas castas mais conhecidas na hora de escolher o vinho, mas há também uma curiosidade do consumidor em conhecer uvas de regiões e nomenclaturas diferentes.
Essa tendência vai de acordo com a oferta do mercado, que tem criado essa oportunidade devido às mudanças climáticas. Muitas vinícolas tiveram que se adaptar, buscando variedades de uvas resistentes a doenças e retomando as origens de uvas autóctones, nativas da região, que costumam resistir a secas e inundações.
Uvas híbridas também têm aparecido bastante, pois também se adaptam melhor às alterações do clima.
VINHOS NATURAIS E CULTIVO SUSTENTÁVEL
Existe uma tendência de busca global na indústria de alimentos por aquilo que é mais natural e menos sintético ou industrializado. Muitos consumidores procuram e dão preferência ao produto de origem, ao pequeno agricultor.
Já há algum tempo, os vinhos com mínima intervenção e sem aditivos químicos ganham mais força e adesão no mercado. Diferentemente dos vinhos mais amadeirados, como afirmei acima, aqui se busca valorizar o sabor e o aroma da fruta. Alguns vinhos naturais são, inclusive, elaborados com técnicas de vinificação ancestral.
Muitas vinícolas já adotam em seus vinhedos práticas que respeitam a natureza. Crédito: Shutterstock
Há quem os ame e há quem os odeie. Muitos ainda questionam se os rótulos concebidos a partir desse conceito mantêm o sabor original. Porém, uma coisa é certa: é preciso saber escolher e entender que os naturais são vinhos com propostas bem diferentes.
De fato, a produção vinícola sustentável tem sido um fator decisivo para o consumidor na hora de escolher sua garrafa, e com isso muitas vinícolas passaram a dar atenção ao manejo responsável e a adotar práticas que respeitam a natureza.
Para se ter uma ideia, a região de Bordeaux, na França, promete até 2025 ter 100% dos seus vinhedos com certificações sustentáveis, orgânicas ou biodinâmicas.
VENDA EM TAÇA
Comprar uma garrafa de vinho de 750ml em um bar ou restaurante é prática comum, mas isso também limita o cliente a consumir um rótulo só. Com isso, no intuito de ampliar o consumo da bebida, estabelecimentos têm investido cada vez mais no serviço de taça. Esse formato de degustação é ideal para quem quer explorar o universo dos vinhos, possibilitando inclusive sua combinação com diferentes pratos em uma só refeição.
Nesses casos, para que o vinho fique devidamente conservado, são utilizadas máquinas dosadoras especiais, as já conhecidas Enomatic, e também um acessório que é bem mais acessível para o estabelecimento, o Coravin, que permite extrair a bebida sem abrir a garrafa. Trata-se de uma agulha fina, longa e oca que é introduzida pela rolha, impedindo a oxigenação do líquido.
A vantagem do serviço em taça é proporcionar ao consumidor um rateio da garrafa, tornando possível pagar somente pela quantidade de mililitros consumidos, que pode variar de 30ml até 150ml.
Venda de vinho por taça em bares e restaurantes está em alta. Crédito: Shutterstock
E não estou falando somente de vinhos simples. A ideia de servir só a taça vale justamente para rótulos diferentes, lendários ou raros, sugerindo uma experiência enológica.
Um exemplo é o Mont Cristo Wine & Bar, em São Paulo, que implantou este ano o serviço de vinho em taça. Por lá, o Grand Echezeaux Grand Cru, safra 1976, da família do Romanée-Conti, chega a custar R$ 15 mil. Já sua taça, com 30ml, sai por R$ 1.440. Não deixa de ser uma grande oportunidade, quem sabe...
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