A cerveja IPA tem alto teor de lúpulo e amargor acentuado. Crédito: Shutterstock
Você que é cervejeiro deve sabe de cor e salteado a fórmula básica da cerveja: água, malte, lúpulo e levedura. Mas se eu lhe perguntar o que é lúpulo e para que ele serve, a resposta também vai estar na ponta da língua?
Depois desta coluna, espero que sim. Até porque, mesmo a planta sendo a queridinha dos hop heads e amantes do amargor, digo com segurança que o lúpulo nunca esteve tão em alta.
É nítida no mercado a busca pelo ingrediente como forma de identidade e representação, deixando um pouquinho de lado aquela história chata de amargor nas alturas como ideal de cerveja boa.
PRODUÇÃO CAPIXABA
Em busca de trazer mais personalidade para suas cervejas e, por consequência, valorizar o terroir, é cada vez mais comum encontrar cervejarias que desenvolvem receitas a partir de lúpulos brasileiros.
São exemplos aqui no Estado a Casa 107 e a GunBeer, que realiza neste sábado (1º), em Vitória, uma brassagem aberta com lúpulos capixabas frescos da Hopes Lúpulo, cultivados em Alfredo Chaves.
O QUE É LÚPULO?
O lúpulo é uma planta trepadeira que se desenvolve bem em climas secos e frios. De nome científico Humulus Lupulus, tem como cenário ideal de cultivo o continente europeu e a América do Norte (qualquer semelhança com as Escolas Cervejeiras não é mera coincidência!).
Lúpulo é uma planta trepadeira de clima frio e seco. Crédito: RitaE/Pixabay
A planta tem sexo masculino e feminino, porém só as flores da planta fêmea são usadas na produção de cervejas. Isso ocorre porque apenas na flor da planta fêmea se encontram-se glândulas chamadas lupulina, que detêm os óleos e resinas usados na cerveja, com propriedades de conservação.
Falando um pouco desses óleos e resinas sem entrar muito em detalhes técnicos, posso resumir que nas resinas encontram-se os ácidos de amargor e conservação, e o perfil sensorial da cerveja fica por conta desses óleos essenciais.
AROMAS E SABORES
O lúpulo, aliado ao malte e às leveduras, também contribui para o aroma e para o sabor da cerveja, trazendo notas que variam entre amadeirado, especiarias, herbal, resinoso, terroso, frutado e muitas outras. Tudo depende da espécie do lúpulo e também do local onde ele foi cultivado, o famoso terroir que mencionei acima.
Existem mais de 100 espécies diferentes de lúpulo catalogadas no mundo, e as diferenças se dão por conta da quantidade de alfa e beta ácidos e dos óleos essenciais encontrados em cada espécie.
Para listar alguns mais famosos, que você já deve ter visto em rótulos de cervejas por aí, fiquemos com: Saaz, Citra, Columbus, Hallertau, Cascade, Centennial, Fuggles e East Kent Goldings.
QUEM DESCOBRIU O LÚPULO?
Foi uma mulher. Sempre a gente, né? Brincadeiras à parte, o mérito do uso do lúpulo na cerveja é todo de Hildegard Von Bingen, monja e teóloga alemã também conhecida como Santa Hildegarda.
Ela criou as primeiras receitas usando a planta em vez do gruit (mistura de ervas usada anteriormente para dar amargor e conservar a bebida) e descreveu as propriedades do lúpulo anos depois, no século 12.
O LÚPULO É PARENTE DA MACONHA?
Tanto a Humulus Lupulus como a Cannabis Sativa pertencem à mesma família, chamada Cannabaceae, que conta com mais 11 gêneros e também com 170 espécies com flor. O lúpulo, obviamente, não contém as mesmas propriedades psicotrópicas de sua parente, a maconha.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.
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