Querida mandioca,
Sei que seu aniversário foi dia 22/04 e confesso que lembrei de você em alguns momentos daquele dia – afinal, vi várias declarações com fotos suas circulando pelas redes de amantes seus.
Essa frequente correria para chegar a lugar nenhum (aqui na parte de cima da terra) me fez esquecer de te mandar parabéns. Escrevo hoje para pedir desculpas e, igualzinho a sua amiga Dilma, eternizar as minhas mais sinceras saudações.
Há anos admiro o carisma que tem: você consegue convidar o queijo para fazer pão em Minas, no mesmo instante em que treme o Pará com o jambu para Joelma tomar tacacá, dançar, curtir e ficar de boa; no Rio Grande do Sul, tu te jogas no vinho quando te embebedam para fazer sagu de sobremesa, ao mesmo tempo em que, na Bahia, abraça o coco para ajudar baianas de tabuleiro na venda de bolinhos de estudante pacientemente modelados no punho.
Com a recente demonização do glúten (e o consequente linchamento do trigo), brasileiro que fingia não reconhecer sua existência passou até a fazer campanha para você se tornar o alimento do século; essa foi a verdadeira prova de que você é uma querida (e eu confesso que jamais teria energia para levar tanta gente à mesa como você sempre fez – mesmo antes dessa ideia toda de país existir).
Desejo que você continue a ser essa figura descontraída por onde passa. Impossível não pensar em você e também nos trocadilhos (normalmente sexualizados) que você e o saudoso Zé Bonitinho sempre gostaram de protagonizar.
Quando o clima esquenta, é capaz de fazer qualquer manteiga facilmente se derreter porque é uma verdadeira gostosa em todas as suas versões: amo quando fala que quer ficar slim e cai com tudo na primeira panela quente de gordura para se transformar em chips.
Se brava, é um verdadeiro perigo; mansa, todo mundo quer tirar alguma casquinha sua - nem que seja para depois esfregar no ralador e fazer mané pelado.
Mandioca: se brava, é um perigo; mansa, todo mundo quer tirar alguma casquinha. Crédito: Shutterstock
Pode estar amassada como for, granulada como tapioca, escondendo algum recheio, mergulhada num cozido ou ainda tão frita quanto meus amigos tatuadores em dia de rave.
Seu lado divertido e irreverente faz com que seja sempre lembrada entre a turma dos farofeiros; a galera mais séria acha você fofa e quer lhe usar como polvilho – mesmo depois que azeda. Só não gosto muito quando você fica murcha - mas também entendo que de vez em quando é natural que todo mundo fique meio borocoxô.
Até hoje acho curioso que você tenha vários nomes em um mesmo CPF (e adorei a ideia de Yuca, para facilitar a vida de quem se comunica em espanhol). Aliás, queria muito marcar uma viagem contigo – ou pelo menos conhecer novos lugares dessa América por onde você já fincou suas raízes.
Vi um terreno lindo que você postou no close friends – naturalmente, antes de me bloquear. Se achar que mereço ser desculpado, podemos sentar para tomar uma tiquira e você me contar um pouco mais das suas andanças pelo Maranhão.
Saudações farofeiras,
Murilo.
Este vídeo pode te interessar
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível