Pizza marguerita. Crédito: Shutterstock
10 de julho é o Dia Mundial da Lei - e o Brasil, que nunca esteve para brincadeira, comemora também o Dia Mundial da Pizza. Acabar em pizza nem sempre pega mal, convenhamos. Pelo menos alguém sai alimentado (inclusive de ódio, a depender da lei).
Para fazer com que a efeméride chame mais atenção, resolvi fazer uma entrevista com a verdadeira bisneta da verdadeira pizza da verdadeira Península Itálica que imigrou para o Brasil quando isso tudo ainda era mato e já tinha muita gente morando.
Margherita III me recebeu em sua cozinha, em Nápoles, há alguns sonhos atrás.
Confira, a seguir, os melhores momentos da nossa conversa:
Como é a sensação de já ter visitado o mundo quase todo em pouco mais de 100 anos?
Margherita III - As pessoas não têm noção de como é desconfortável viajar abafada em caixas de papelão - na maior parte das vezes, de carona em uma moto apressada. Mas para honrar a tradição da nossa família, vale qualquer sacrifício, até mesmo se sujeitar a serviço de rodízio. Começamos essa história em 1889 e estamos em atividade desde que eu era muito brotinho.
Existem boatos de que você e a esfirra não se suportam, e muitos dizem que é porque são bem parecidas. Gostaria de comentar sobre?
Margherita III - Conversa fiada. Mas ela não chega aos meus pés porque minhas bordas jamais permitiriam. Ela ainda não é tão democrática quanto eu, mesmo nos lugares mais autoritários. Foram muitos anos de trabalho para, literalmente, cair na boca do povo. Como se já não bastasse o cansaço em dar satisfação a uma gente tonta que me confunde com drinque mexicano...
Bom, mas a fama gera imitações, é inevitável. O que acha das suas versões veganas?
Margherita III - Nenhuma comida é vegana. Veganas são as pessoas. Mas aprecio a homenagem e até acho algumas imitações bastante interessantes; outras, muito caricatas. Aos poucos, as massas vão caindo. Quase ninguém, por exemplo, ainda fala da pizza em cone.
Com tanta experiência mundo afora, destacaria uma curiosidade de algum lugar por onde passou?
Margherita III - Antes de tirar minha cidadania e ficar mais conhecida, tive que dividir espaço com muitos outros sabores pelo mundo. No Brasil, cansei de compartilhar metade de caixas com uma senhora Portuguesa meio grosseira que misturava muçarela, pimentão, tomate e ovos. Foi ela quem me apresentou a um tipo estranho de orégano seco muitíssimo utilizado para fins de relaxamento. Bateu meio forte em mim. Prefiro o manjericão fresco.
No fast-food e no slow-food, hoje o Brasil inteiro te adora! Algum recado para seus admiradores?
Margherita III - Agradeço as homenagens no tamanho do Maracanã em diversas praças de alimentação do país. A julgar pelo que fizeram com o hot-dog, o sushi e o petit gâteau, não posso reclamar. Acho os brasileiros criativamente perigosos.
Para encerrarmos, conte-nos: qual o desejo para o seu último pedaço em vida?
Margherita III - Que eu seja prazerosamente mordida por mãos besuntadas com o melhor azeite europeu e mozzarellas sem cedilhas. Livrai-me sempre do chimichurri, amém.
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