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Publicado em 13 de abril de 2022 às 17:41
Chegou a época de apreciar o prato mais tradicional do Espírito Santo, a torta capixaba. A Sexta-feira da Paixão, na Semana Santa, é o dia oficial para servi-la, e essa refeição é geralmente feita em família, na hora do almoço.
Disponível o ano inteiro em alguns restaurantes de frutos do mar, em especial nos da Grande Vitória, a iguaria é feita de mariscos: camarão, siri, caranguejo, sururu e ostra, além do bacalhau - incorporado à receita pouco depois do seu surgimento.
Completam a lista de ingredientes, palmito, cebola, alho, colorau e coentro, além de ovos para dar liga à massa e criar sua clássica cobertura leve e douradinha.
Para celebrar o ícone gastronômico, HZ foi até a Ilha das Caieiras, na Capital, buscar uma autêntica receita de torta. Quem ensina a preparar é a desfiadeira de siri e chef do restaurante Mariscos da Simone, Simone Leal. Assista ao vídeo com o passo a passo no início desta matéria.
"Na receita, todos os mariscos devem ser pré-cozidos, menos o camarão, que vai cru e entra primeiro na panela", detalha a cozinheira, com mais de 30 anos de experiência. Outro segredo da torta de Simone são os ovos. "Para a cobertura, batemos primeiro as claras e em seguida colocamos as gemas, senão a torta fica branca. Tem que ser douradinha".
A seguir você confere os detalhes da receita e também 10 curiosidades sobre a torta capixaba, reunidas pelo historiador Fernando Achiamé e pelo chef Juarez Campos.
INGREDIENTES:
MODO DE PREPARO:
Fonte: Simone Leal. Veja outras dicas saborosas em leia.ag/receitas.
O BACALHAU VEIO DEPOIS...
O chef Juarez Campos conta que a receita original da torta capixaba inclui peixe seco, siri, caranguejo, ostra, sururu, camarão, os componentes da moqueca, palmito in natura, cobertura de clara em neve com a gema e a cebola como toque final. Depois de um certo tempo, os portugueses inseriram na receita a azeitona verde e algumas pessoas passaram a misturar ovo por cima cebola. Depois veio o bacalhau.
....E NÃO É REGRA
O historiador Fernando Achiamé diz que há uma discussão sobre o assunto, e o bacalhau não é regra na receita. Na verdade, para a produção original, que tem entre 350 e 400 anos, era usado o peixe salgado e seco, que tinha esse aspecto devido à impossibilidade de ser armazenado por muito tempo.
HERANÇA INDÍGENA
A torta capixaba tem uma carga histórica muito grande, com evidente contribuição indígena. Ela é capixaba principalmente por causa da panela de barro, onde é originalmente feita, e do peixe salgado.
VARIAÇÕES DA RECEITA
Algumas regiões do Espírito Santo não conhecem a torta capixaba, mas foi a partir dela que surgiram as variações da receita com outros ingredientes. E isso inclui tanto o palmito quanto o tipo de peixe, a inserção de ingredientes e o modo de produção, que por praticidade substituiu a panela de barro por tabuleiros de alumínio.
REAPROVEITAMENTO
A torta surgiu do reaproveitamento de sobras de outras receitas, principalmente moquecas, que, para não serem desperdiçadas, foram misturadas e finalizadas como torta.
INFLUÊNCIA RELIGIOSA
O rigor do catolicismo, que ainda traz o costume de não se comer carne vermelha durante alguns dias da Quaresma e durante a Semana Santa, também colaborou para o surgimento da torta capixaba.
CAPIXABA DA GEMA
Juarez Campos explica que a torta é um prato genuinamente capixaba, e até mais tradicional do que a moqueca, que tem releituras por todo o Brasil. A torta só existe aqui.
VERSATILIDADE
A torta capixaba é um prato bastante versátil, que pode ser servido, inclusive, como prato principal. Além disso, ela pode ser incluída em novas receitas, como pastel e bolinho.
SIMPLES ASSIM
Segundo o chef Juarez, a simplicidade é o segredo da torta capixaba. Para ele, quanto mais sequinha e compacta ela for, melhor.
PARA COMPARTILHAR
A torta é um prato comunitário. O costume, que hoje é raro, era de as famílias produzirem o alimento e trocar com seus vizinhos.
Com informações de Michelli Angeli.
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