No início de novembro, a região vitivinícola do Vale do São Francisco foi reconhecida com a Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel.
Já falei aqui sobre o quão complexo é cultivar uvas no Nordeste do Brasil, mas, ao que tudo indica, e agora com o selo da IP, o fato de a região ser muito quente já não é mais um obstáculo.
A riqueza e a qualidade da produção no Vale têm conquistado cada vez mais apreciadores pelo mundo afora.
A indicação certifica a importância da região ao associar fatores culturais e históricos com a técnica e o saber fazer do produtor. É como um atestado da origem do produto, e essa origem está ligada a um espaço territorial delimitado e que o diferencia dos demais vinhos do mercado.
Vinhedo da vinícola Rio Sol no Vale do São Francisco. Crédito: Helder Ferrer
A área de produção ficou conhecida como IP dos Vinhos Tropicais e é formada por cinco municípios localizados em dois estados do Nordeste: Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina, em Pernambuco; Curacá e Casa Nova, na Bahia.
A produção dos vinhos tropicais sempre chamou a atenção por apresentar características bem diferentes das de outras regiões vitivinícolas.
“É o único lugar no mundo que produz, hoje, duas safras de uvas por ano, resultado das características naturais da região e do conhecimento de seus produtores. Trata-se de um marco histórico para a região”, comenta André Arruda, diretor da vinícola Rio Sol, instalada desde 2003 na cidade de Lagoa Grande, em Pernambuco.
ÁREA GEOGRÁFICA
Nem toda a produção do Vale do São Francisco poderá utilizar o selo da IP. Apenas os vinhos produzidos, engarrafados e envelhecidos 100% na área geográfica delimitada, que possui 25.138 quilômetros quadrados, e dos estilos também já estabelecidos pela Indicação de Procedência.
“A expectativa é de que, com a certificação, a projeção do Vale do São Francisco como produtor de vinhos de qualidade aumente, e que mais pessoas e turistas visitem a região em busca de seus vinhos, do enoturismo e de conhecer o método de cultivo particular e único no mundo”, antecipa Arruda.
Se você ainda não provou nenhum vinho tropical, veja abaixo uma lista com três rótulos que permitem conhecer melhor esse incrível terroir brasileiro.
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01
Rio Sol Cabernet Sauvignon 2019
A uva Cabernet Sauvignon do Vale do São Francisco tem características bem diferentes da de outras regiões do Brasil. Nesse rótulo, ela aparece mais potente, com taninos bem marcantes. É um vinho encorpado, mas com frescor que torna delicado o próximo gole. Na boca, as frutas são bem maduras e dá para perceber notas de goiaba e de frutas silvestres. Para harmonizar, sugiro pratos também volumosos, como carnes vermelhas com gordura. Vale a pena, principalmente pelo bom preço. Quanto: R$ 39,9, no supermercado EPA Reta da Penha, em Vitória. (27) 3227-9737.
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02
Espumante TerraNova Brut Rosé
É o primeiro espumante brasileiro elaborado com a uva Grenache que adaptou-se bem ao calor do país. Vinificado pelo método charmat, na região tropical do Vale do São Francisco, tem perlage delicada e aromas de frutas vermelhas, como morango e framboesa. É uma bebida festiva, fácil de harmonizar e de agradar. Quanto: R$ 52,80, no supermercado Perim. (27) 3357-2000.
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03
Miolo Testardi Syrah 2020
O termo italiano “Testardi” significa teimoso e remete à obstinação e persistência dessa uva cultivada em um local improvável como o Vale do São Francisco. É um grande vinho, potente, altamente estruturado e com grande potencial de guarda. Amadureceu por 12 meses em carvalho francês e traz aromas complexos, com frutas maduras, notas de especiarias e tabaco. Bastante surpreendente. Recomendo aerar por 30 minutos antes de degustar. Quanto R$ 199,99, no supermercado Carone. (27) 3382-3050.
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