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"Afropaty": conheça o movimento que vai além do estilo entre as mulheres negras

Nomeação não é centralizada apenas no poder aquisitivo, como "patricinhas". Movimento busca empoderar a mulher negra e ressaltar traços que, por muitos anos, foram marginalizados, como o cabelo crespo ou cacheado

Publicado em 19 de novembro de 2022 às 08:00

Ícones Afropaty
Os ícones Afropaty, MC Carol, Dionne Davenport (As Patricinhas de Beverly Hills) e a dançarina Brunna Gonçalves Crédito: Instagram e Pinterest

Para muitos, o termo "patricinha" está atrelado ao estereótipo mulher jovem, branca, loira e com os olhos claros, praticamente uma Barbie. No outro lado da meda, porém, aparecem as "afropatys", que chegaram para reinventar esse padrão e colocar a mulher negra no papel de protagonista.

As "afropatys" ou "pretas patrícia' personificam a ascensão da mulher negra, independente e bem-sucedida. Sua estética está baseada em ressaltar a ancestralidade negra e evidenciar traços que, por muitos anos, foram marginalizados, como o cabelo crespo ou cacheado.

O termo se tornou popular recentemente, mas já existiam referências da estética desde os anos 1990. Internacionalmente temos representadas na TV e no cinema com as personagens Dionne Davenport, do clássico "As Patricinhas de Beverly Hills" (1995), e Hillary Banks, da série de "Um Maluco no Pedaço" (1990). No mundo real, temos a supermodelo Naomi Campbell, e as artistas Beyoncé, Rihanna, Lizzo, Doja Cat e muitas outras.

MC Carol, Brunna Gonçalves, Tais Araújo, Iza e MC Taya são exemplos de afropatys brasileiras
MC Carol, Brunna Gonçalves, Tais Araújo, Iza e MC Taya são exemplos de "afropatys" brasileiras Crédito: Instagram

No Brasil temos como exemplo a dançarina Brunna Gonçalves, esposa da cantora Ludmilla, a cantora Iza, as atrizes Taís Araújo e Erika Januza e as MCs Carol e Taya, que lançaram "hinos" para as "afropatys" e pretas patrícias brasileiras.

O QUE DIFERE DA PATRICINHA? 

Existem vários tipos de afropatys
Existem vários tipos de "afropatys" Crédito: Nappy

Diferente da patricinha tradicional, o estilo "afropaty" não é centralizado no poder aquisitivo. O movimento busca empoderar a mulher negra ao mostrar seu crescimento e sucesso após anos sobrevivendo em uma sociedade onde apenas a mulher branca era considerada bela e merecia ser apreciada. 

"O grande diferencial é o cunho social e histórico do movimento de mulheres negras. Enquanto as patricinhas valorizam apenas o status e o poder de consumo, as 'afropatys' enxergam a ascensão social da mulher preta pelo que ela simboliza: a conquista de direitos para a população negra e o combate ao racismo", explicou ao portal IG a influencer, filantropa e musa da escola de samba Unidos de Vila Maria, Ísis Lyon.

Vale lembrar ainda que muitas apoiam o movimento Black Money, que incentiva o giro de capital dentro da própria comunidade negra por mais tempo. Por isso, elas sempre incentivam o trabalho de outras mulheres pretas, sejam as trancistas, as produtoras de cosméticos e as manicures, entre outras. 

"Acho que o movimento 'afropaty' não é somente sobre roupas caras, mas sim mulheres pretas em busca de uma liberdade, vaidade e autoestima que são gatilhos de encorajamento para levá-las a um crescimento pessoal, financeiro e profissional. Ocupar uma rede social sendo uma mulher gorda e preta e tendo quase as mesmas oportunidades que influenciadoras brancas, por exemplo, é uma inspiração para que outras mulheres também ascendam", explica a influencer capixaba Carol Inácio.

NO ESTILO

A trancista Kelly Siqueira
A trancista Kelly Siqueira Crédito: Instagram/ @kellysiqueira_ks

Existem várias versões de "afropatys", mas uma de suas principais características são os cabelos sempre impecáveis. Seja com penteados, tranças, twists, laces e o tradicional baby hair, os fios estão sempre em destaque. Ainda tem o uso de turbantes, miçangas e presilhas para compor o estilo sem perder o foco na ancestralidade e resistência. A trancista Kelly Siqueira fala sobre como o cabelo é um importante símbolo da resistência negra. 

"Nós, mulheres negras, através da nossa estética, simbolizamos a conquista dos nossos direitos e o combate ao racismo. O uso das tranças é uma forma de resistir, refletir e perpetuar nossa cultura", pontua.

Na make, existem as mais discretas que preferem apostar em tons terrosos ou as que gostam de se aventurar com looks mais coloridos. Porém, o contorno labial é de lei! Utilizado há décadas por diversas mulheres negras, ele destaca os lábios que, por muitos anos, eram tidos como grandes demais e feios pela indústria da beleza. 

As unhas também estão sempre feitas e, na maioria das vezes, com algum tipo de extensão artificial, como unhas de fibra de vidro, gel ou porcelana. Elas usam e abusam das cores, formatos e padrões!

Já as roupas podem variar. Há mulheres que preferem um estilo mais CEO, com blazer, colete e calça de alfaiataria ou aquelas que preferem usar vestido e salto alto. O rosa continua sendo uma cor predominante, mas muitas utilizam roxo, azul e amarelo, entre tantas outras.

*Jessica Coutinho é estagiária sob supervisão do editor de HZ, Erik Oakes

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