Cães com orelhas longas e caídas são considerados mais predispostos às otites. Crédito: Shutterstock
Recentemente, no Instagram, uma médica-veterinária postou um vídeo do ouvido de um felino infestado de ácaros (provavelmente a cena foi retirada de imagens de microscópio). Confesso, que me assustei. Até há pouco tempo, minha gatinha Chloé começou a ficar com um mau cheiro nas orelhinhas e logo percebi que tinha algo errado. E realmente foi diagnosticado otite e, por isso, precisou passar por um tratamento durante 10 dias.
Segundo a médica-veterinária, clínica geral de cães e gatos, Amanda Polese da Silva, os tutores de cães e gatos devem ficar atentos aos animais caso comecem a balançar a cabeça com frequência; coçar a região das orelhas (seja com as patinhas nou esfregando-as no chão); perceber que o pet está sentindo dor ao coçá-las; apresentar secreção no local, excesso de cera; e perceber um cheiro forte na região. “Isso, com certeza, pode ser um indicativo de problema no conduto auditivo, e quanto mais rápido tratar, melhor”, alerta.
Ela explica, ainda, que embora algumas raças de felinos tenham predisposição às otites, sua prevalência é muito maior em cães, uma vez que a anatomia da orelha dos bichanos é, comparativamente, menos favorável às infecções.
"Cães com orelhas longas e caídas são considerados mais predispostos às otites, pois tais características dificultam a entrada de ar e a secagem adequada da orelha, o que favorece um ambiente quente, úmido e escuro, ou seja, condições ideais para a proliferação de microrganismos, tais como bactérias e agentes fúngicos
Amanda Polese
Ela explica que entre as raças predispostas estão o Cocker Spaniel; o Buldogue, o Chihuahua, o Teckel, o Basset Hound, o Golden Retriever, o Dachshund; o Setter Irlandês; Labrador e o Pastor Alemão.
A médica-veterinária ressalta que são causas primárias para o desenvolvimento de otites as enfermidades alérgicas (principalmente dermatites de contato, trofoalérgica e atópica); parasitárias (Otodectes cynotis, Sarcoptes scabiei, Demodex cati e Notoedris cati); distúrbios de queratinização (adenite sebácea e disqueratinização primária); doenças endócrinas (hipotireoidismo), autoimunes (pênfigo foliáceo, penfigóide bolhoso, lúpus eritematoso discóide, eritema multiforme e farmacodermia), entre outras (produção excessiva de cerúmen, neoplasias, pólipos inflamatórios e corpos estranhos).
Segundo ela, é importante saber que em relação à porção óptica, as otites podem ser classificadas em externa, média e interna. “É bom alertar que há a possibilidade de haver inflamação da orelha externa (otite externa), que se não tratada pode se cronificar e, pela proliferação dos microrganismos aí presentes e evolução do quadro inflamatório, acabar promovendo a ruptura da membrana timpânica, atingindo as orelhas média (otite média) e interna (otite interna)”, explica.
Para a médica-veterinária, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor. “O diagnóstico baseia-se em exames físico geral (na tentativa de identificar, além da alteração otológica, possíveis causas de base) e otológico (inspeção direta e indireta, palpação e olfação). Existem, também, importantes métodos que auxiliam na determinação do tipo de otite: otoscopia, exames parasitológico, citológico, cultura e antibiograma de cerúmen e, quando necessários, métodos de imagem (Raio-X, ultrassom, ressonância magnética e tomografia computadorizada)”, conclui.
Ela explica, ainda, que a prevenção é o melhor remédio e dá cinco dicas para evitar que cães e gatos sofram com as doenças otológicas:
- É primordial realizar a higienização rotineira do pavilhão auricular e conduto auditivo de cães e gatos, ajudando na remoção da sujeira.
- Ao dar banho no pet, é muito importante proteger os ouvidos do cãozinho e do gatinho contra a entrada de água.
- Jamais remover os pelos da orelha do cão ou do gato, exceto em casos muito específicos recomendados pelo médico-veterinário. Eles conferem uma proteção essencial ao conduto auditivo.
- Verificar regularmente as orelhas do animal, seja em um momento de carinho ou brincadeira, observando se há algum tipo de secreção ou cheiro diferente do normal.
- Administrar antiparasitários periodicamente, conforme orientação do médico-veterinário, protegendo o cão e o gato de sarna otodécica (que ataca os ouvidos do pet).
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