A estudante Maria Vitória Paixão, 15 anos, é apaixonada por animais e sempre sonhou em ter um rato, o problema é que na sua casa já vivia a Bibi, uma gatinha Sem Raça Definida (SRD), que foi adotada pela família com dois meses.
Mas o desejo de ter um twister, conhecido como mercol ou simplesmente rato, falou mais alto e a estudante resolveu pesquisar para ver se era verdade que gatos não se dão bem com ratos. “Eu lembrava dos desenhos animados onde as duas espécies sempre apareciam em guerra. Infelizmente, na época, não encontrei muitas referências em relação à questão, apenas alguns poucos casos. Então, resolvi arriscar, trouxe para a casa a Mimi e comecei a fazer a interação entre ela e a Bibi do jeito que acreditava ser o certo”, recorda.
Maria Vitória ressalta que logo colocou as duas juntas para ver a reação da Bibi. “A ideia era observá-la, e se percebesse algum estímulo de caça por parte dela, separá-las imediatamente. Mas, confesso, que antes de tomar a decisão de trazer minha ‘menina’, a Mimi para casa, já tinha certeza de que a Bibi ficaria tranquila. Ela nunca foi uma gata de avançar em qualquer espécie de animal, no máximo gostava de brincar com o bichinho. No começo, a Bibi estranhou um pouco, mas depois brincaram juntas de "pique-pega” e comeram matinho uma ao lado da outra. Foi tudo muito lindo”, lembra.
A gatinha Bibi brincando com a Mimi no arranhador. Crédito: Acervo pessoal
A estudante destaca, ainda, que Bibi ficava o tempo inteiro vigiando a Mimi na gaiola. “Elas são muito grudadas. Mas com o tempo fomos percebendo que a Mimi, mesmo tendo a companhia da gatinha, começou a ficar triste, daí veio a ideia de pegar outro twister, a Kiwi. Agora, a situação é a seguinte: Bibi quer brincar com Kiwi, que foge dela. E a Bibi corre de Mimi. É uma grande confusão, um bafafá, mas nunca tivemos qualquer problema. Foi uma adaptação muito tranquila, mas elas brincam muito juntas e rimos muito com as estrepolias das três”, garante.
Maria Vitória conta que Bibi vai fazer quatro anos no fim do ano, Mimi tem seis meses e Kiwi, dois meses e meio. “Mimi e Kiwi comem ração. Às vezes damos petiscos, como semente de girassol e amendoim. Também comem legumes, como batata e cenoura cozidas. E gostam bastante de pão, mas dificilmente oferecemos, pois não é um bom alimento para elas. Bibi também ama pão, mas também procuramos evitar, além de se alimentar com ração e patê”.
Bibi brincando com a Kiwi em casa. Crédito: Acervo pessoal
Convivência sempre na presença do tutor
O médico-veterinário especializado em pets não convencionais, Eduardo Lázaro de Faria da Silva, explica que essa não é uma interação muito recomendada pelos especialistas. “Afinal, o gato tem instinto de caça. Mas, claro, existem exceções e pode acontecer desse gatinho ser fora da curva. De qualquer forma, eu sugiro que essa convivência seja realizada sempre sob supervisão do tutor”, frisa.
Ele ressalta que é necessário ficar atento para ver se ao estarem juntos o gatinho não mostra o instinto de morder o twister (ratinho). “Por exemplo, os bichanos gostam muito de arranhar, e isso pode começar como uma brincadeira e, depois, do nada vira um ataque ao animalzinho".
“É necessário o tutor entender quais os comportamentos de ataque que a espécie revela antes de ir às vias de fato. Os gatos gostam de ficar no cantinho, encolhidos, balançando o rabinho, com os pelos eriçados, só esperando para dar o bote, dessa maneira se perceber essas reações, o melhor é separá-los”
Eduardo da Silva
Eduardo Lázaro conta que as suas gatas são muito tranquilas com as aves, nunca tenta atacá-las, mesmo que estejam protegidas dentro das gaiolas. “Mas, por exemplo, se vier uma rolinha e elas estiverem no quintal, já aconteceu dela atacá-las e matá-las. E elas apresentam antes as posturas das quais já citei. Agora, com as minhas aves a convivência é boa, mas estou sempre de olho”, conclui.
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