Bombeiros e voluntários no resgate de pessoas e animais em Porto Alegre. Crédito: Donaldo Hadlich/Folhapress
As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul nos últimos dias têm chamado a atenção de um Brasil perplexo diante da proporção da tragédia, cuja enchente atingiu praticamente todas as cidades gaúchas. Diante disso, uma grande mobilização do Poder Público, instituições privadas e sem fins lucrativos, além de dezenas de cidadãos voluntários, tanto do Sul quanto do restante do País, vem ocorrendo com uma única missão: salvar vidas, incluindo os animais. Segundo o governo do RS, quase 6 mil animais já foram socorridos.
Centenas de vídeos circulam pelas redes sociais mostrando o resgate de muitos cães e gatos que acabaram sendo deixados para trás. Mas é bom lembrar que nesta hora não se deve julgar o tutor. Só quem passa por uma situação dessa intensidade, e se encontra em um momento de desespero tentando encontrar maneiras de salvar a família, sabe a dor que representa essa difícil decisão.
A coluna É o bicho conversou com o médico-veterinário, Enderson Barreto, membro do Grupo de Resposta a Animais em Desastre, GRAD Brasil, que está no Rio Grande do Sul atuando junto à equipe no resgate dos animais, para saber como agir diante de enchentes, não só garantindo a própria sobrevivência, mas também de seus pets.
“Para nós que atuamos há mais de dez anos nesses cenários, é algo inimaginável, nunca presenciamos uma tragédia tão grande. O número de animais que estão à espera de socorro é muito grande, difícil até de mensurar. E ainda tem a dificuldade do nível da água que não abaixa e a extensão da inundação é enorme”.
Centenas de animais já foram resgatados, mas muitos ainda estão à espera desse socorro. E às vezes são resgates muito complexos, com cachorros e gatos em telhados que não suportam o peso das pessoas, entre outras situações, o que exige muita técnica. “Um único resgate pode demorar horas”, destaca.
Ele explica, ainda, que quando a cidade é atingida por uma chuva torrencial e a água começa a subir dentro de casa, a ação precisa ser rápida, primeiro, claro, para garantir a vida das pessoas que vivem lá. Mas sempre é importante lembrar dos animais de estimação. O ideal, no caso de cães, é levá-los juntos aos donos, preferencialmente com guias ou coleiras.
Quando isso não for possível, a dica é jamais deixá-los presos em correntes ou trancados, seja lá onde for. Isso possibilita a ele uma possibilidade de rota de fuga, proporcionando uma imensa chance de sobrevivência
Em relação aos gatos, Barreto, ao perceber que a água está subindo, diz que o certo é pegar o bichano e levá-lo junto dentro da caixa de transporte. “Caso a pessoa não tenha uma caixa de transporte, o ideal é enrolar o felino em uma fronha de travesseiro, saco de linhagem, algo que possa restringir seus movimentos, já que trata-se de animais mais ariscos. E se não for possível de jeito nenhum, seguir a mesma lógica dos cães, deixá-los soltos para que possam seguir seu instinto de sobrevivência e encontrar um lugar seguro”, informa.
Pássaros em gaiolas seguem a mesma lógica, mas caso não possam ser levados com os donos, a dica é colocá-los, então, em locais o mais alto possível. “Aves de quintal também devem ser soltas do galinheiro, assim como os animais de grande porte, que, assim, seguindo o instinto, vão procurar locais altos para se abrigar. Outra coisa muito essencial é sempre deixar um papel plastificado, colado em algum local, informando quantos pets tem na casa, o nome do tutor e telefone e como cada animal é identificado”, destaca.
Enderson Barreto e Carla Sássi: médicos-veterinários dao GRAD Brasil que estão atuando no resgate de animais no Rio Grande do Sul. Crédito: Acervo pessoal
Ele completou: “As pessoas podem ajudar doando ração, medicamentos, caminhas, cobertores, comedouros, entre outros insumos que possam ajudar a manter esses animais, porque os desafios continuam e os gastos para cuidar de tantos animais é altíssimo. Por isso, contamos com a ajuda de todos os brasileiros”.
Quem quiser ajudar proporcionando o bem-estar desses animais o Pix Solidário é 54.465.282/0001-21
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