A gatinha Lorena, de Gabriela Sarria, faz uso contínuo de medicamentos por conta da esporotricose (uma doença altamamente contagiosa entre os felinos) . Crédito: Divulgação
Só quem tem animal de estimação em casa sabe a dificuldade que é administrar medicamentos quando estão doentes. Claro, depende da personalidade de cada um. Minha gatinha Frida, por exemplo, que virou “estrelinha” em janeiro de 2022, tinha 18 anos, era uma verdadeira lady, não dava trabalho nenhum. Já a Chloé, a mascote da coluna, é um verdadeiro furacão e coloca a casa abaixo na hora de tomar remédio.
Mas nos dois casos, administrar medicamentos em pets é sempre um momento tenso, mesmo nos bichinhos mais zens. E essa dificuldade, às vezes, pode ser maior quando são usados medicamentos humanos em pets. Isso porque os disponibilizados em farmácias, em sua maioria, possuem dose e substâncias específicas voltadas para o uso humano, seja xarope, comprimido ou cápsula. E para dar esses medicamentos ao pet, muitas vezes é necessário fracionar e misturar na comida ou em outros alimentos, causando estresse no bichinho e também no tutor, o que pode em algumas situações comprometer o tratamento.
Uma boa saída nesses casos são os medicamentos manipulados, garante a farmacêutica da Farmácia Mônica e especialista em manipulação, Mariana Piassaroli. Ela explica que, além de facilitar a vida dos tutores, esses medicamentos permitem que os veterinários receitem a dose exata para o peso de cada animal, evitando uma sobredose desnecessária ou o fracionamento de um comprimido, por exemplo.
“É possível desenvolver medicamentos palatáveis que podem ser manipulados como pastas orais, biscoitos, cápsulas, gel oral e em forma de lenços umedecidos, sendo uma boa alternativa para aqueles bichinhos que precisam tomar remédios de forma contínua".
"O interessante é que eles não possuem glúten, lactose e vêm com baixo teor ou até mesmo livre de sódio e açúcar, além disso conseguimos adicionar sabores nas formulações, como chocolate, morango, leite condensado, picanha, frango e peixe. Com a orientação do veterinário, produzimos o que melhor se adapta para cada animal"
Mariana Piassaroli
Lembrando que só não é possível manipular quando não existe a matéria-prima para importação e distribuição ou patenteado. Às vezes, então, ainda é necessário recorrer aos medicamentos comerciais, dependendo da enfermidade do pet.
NA DOSE CERTA
O cãozinho Billy, da atendente Graciene Moura, teve recentemente a doença do carrapato e para tratar o problema ela optou pelos medicamentos manipulados e, atualmente, usa todos os dias os lenços umedecidos para pets. Ela conta que, por morar em apartamento, ao chegar dos passeios faz a higienização das patinhas e partes íntimas do bichinho. “Eu usava lenço umedecido de bebê, mas quando descobri que existia o produto específico para os pets eu não tive dúvidas e passei a usar”, conta.
A atendente Graciene Moura faz uso do lencinho umedecido manipulado para limpar as patinhas e as partes íntimas de seu cãozinho. Crédito: Divulgação
Já a gatinha Lorena, de 1 ano e 2 meses, faz uso contínuo de medicamentos. A tutora dela, Gabriela Sarria, explica que são três medicamentos atualmente, um para a esporotricose e dois como suplementos vitamínicos para proteger o sistema digestivo. Todos os medicamentos são manipulados. “A veterinária da Lorena me indicou manipular pelo custo-benefício, porque conseguimos fazer a dosagem certa e não tem desperdício”, garante.
De acordo com a médica-veterinária Luciana Chaves, os medicamentos manipulados para os pets trazem muitas vantagens.
"Medicamentos da indústria humana, por exemplo, são muito difíceis de conseguir dar a quantidade exata ou até mesmo comprar a quantidade necessária para todo o tratamento do animal, o que acaba gerando desperdício. Além disso, fracionar comprimidos é sempre um desafio, já que normalmente a dose fica prejudicada. Se não for possível manipular, no caso dos comprimidos, o ideal é que se faça com cuidado para evitar erros na administração"
Luciana Chaves
Confira algumas dicas importantes na hora de administrar remédios em pets
- Não abra cápsulas para misturar na comida, pode haver perdas de medicamentos.
- Cães e gatos podem esconder os comprimidos na boca para depois cuspir. Por isso, o indicado é ficar de olho por pelo menos 10 minutos até ter certeza de que o animal engoliu o remédio.
- Associação de remédios precisam ser aprovados pelo veterinário.
- Tenha sempre um comprimido reserva, pois alguns costumam dissolver com facilidade quando umedecidos.
- Caso nenhuma das alternativas tenha dado certo, será necessário fazer o seu pet engolir o medicamento, mas para isso é preciso ter certeza que ele não ficará agressivo, pois será necessário colocar a mão dentro da boca do animal. Coloque o comprimido o mais fundo possível na boca, feche-a e massageie a garganta do animal para estimular a deglutição. Existem seringas específicas para administrar comprimidos em pets.
- Quando o remédio for líquido, o mais indicado é colocá-lo em uma seringa, inserindo no canto da boca, entre os dentes e a gengiva. Cuidado para o seu pet não engasgar.
- Seja sempre carinhoso antes e depois da medicação para que ele não fique agressivo ou entenda isso como uma punição. Basta dedicação, carinho, calma e o mais importante, paciência.
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