O cão Joca, um golden retriever, morreu durante voo da Gol. Crédito: Arquivo Pessoal
O caso do golden retriever Joca que morreu na última semana após ter sido enviado pela companhia aérea Gol para um destino diferente de seu tutor, João Fantazzini, está sendo um divisor de águas em busca de uma nova legislação no Brasil para que imprudências como essa não ocorram mais.
Isso é muito importante, mas o luto de seu tutor é imenso e precisa ser compreendido. “Perder um cachorro amado é como perder um membro da família ou um amigo muito querido. Nós ficamos tristes, sofremos, lamentamos, mas sobrevivemos”, ressalta a psicóloga Angelita Corrêa Scardua.
Por outro lado, explica, as pessoas podem aprender com essa perda. “Às vezes, testemunhamos a morte de alguns cachorros amados antes de ver entes queridos morrerem. Ou seja, até na morte nossos cachorros nos protegem, nos preparando para outros lutos que fatalmente viveremos, nos ajudando a compreender que o tempo pode minimizar a dor da perda, ou acomodá-la”.
A psicóloga frisa que quando a perda dos animais de estimação é repentina ou trágica, a experiência pode ser mais dolorosa, fazendo surgir sentimentos gerados pela culpa advinda da sensação de não ter feito o suficiente. “O fato é que a morte faz parte da vida, mas geralmente vem pelo envelhecimento ou pela doença. Mas às vezes chega de surpresa, roubando o oxigênio de quem ainda parecia ter muito para viver. Diferentemente dos homens, um cachorro percebe o tempo por marcadores internos, não pelo calendário ou pelo relógio. Por isso temos sempre que curtir o momento, o passeio, o carinho, a brincadeira com a pessoa ou o cachorro amado”, alerta.
Apoio emocional
A trágica morte de Joca se transformou em uma comoção nacional e um luto solidário, com dezenas de pessoas de coração partido oferecendo força para o tutor do golden retriever.
A corretora de imóveis Catarina Ferlin Farah, que reside nos Estados Unidos, é uma delas que sentiu-se revoltada com a imprudência que ceifou a vida de Joca. Ela é tutora de de Íris, uma pitbull american staffordshire terrier que sempre viaja com ela na cabine do avião, como um cão de apoio emocional.
A corretora de imóveis Catarina Ferlin Farah é tutora de de Íris, uma pitbull american staffordshire terrier. Crédito: Acervo pessoal
Ela explica que quando resolveu visitar a família em Vitória por conta de sua ansiedade e síndrome do pânico, não queria deixar Íris. “Foi quando descobri que ela poderia ser um animal de apoio emocional e viajar ao meu lado no avião. Aqui, isso é muito comum e o serviço funciona muito bem. É impressionante a estrutura e o profissionalismo das equipes em terra ou no ar para oferecer o melhor atendimento ao tutor e seu pet”, frisa.
A corretora de imóveis destaca a dificuldade que encontra no Brasil para viajar com cachorros dentro da aeronave. “Não são todas que aceitam. Nos Estados Unidos isso é lei e conseguir a licença é muito fácil, mas o cachorro precisa de um treinamento, independente da raça ou do porte, principalmente se são agressivos. Não estou falando de raças consideradas agressivas, mas de cães com esse comportamento, pode ser até um poodle, mas mesmo assim não há impedimento. Vale o bom senso”, alerta.
Ela conta que todas as viagens que realizou internamente no Brasil com sua cachorra foi um caos, a ponto de fazer ‘barraco’, mesmo com toda a documentação, incluindo o laudo médico atestando a necessidade do cão como apoio emocional. “Para facilitar, carrego uma bolsa com itens da Íris, como o cobertor da Frozen. Antes de me acomodar no assento, o coloco no chão na frente, ela deita e quando o avião decola já está dormindo, até ronca, nem com turbulência acorda”, conta, rindo.
Catarina conta que o caso do Joca a fez lembrar de um border collie transportado no bagageiro de São Paulo para Orlando. “O tutor estava esperando-o no destino final. Eu estava no voo. Quando chegamos, ele foi retirado da esteira, mas sabia que ainda demoraria para ser entregue ao dono. O cãozinho estava todo molhado. Sentei perto e comecei a conversar com ele. Não esqueço o seu olhar desesperado, sem entender nada, minha vontade era de arrancá-lo lá de dentro”, conta.
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