Uma das melhores maneiras de garantir que estejam saudáveis é garantir que eles passem por um check-up anual de cuidados preventivos. Crédito: Freepik
Só quem é “mãe” ou “pai” de gato entende como esses seres são silenciosos. E é exatamente por essa característica que o tutor de um felino pode demorar mais tempo para perceber uma enfermidade no seu pet, em comparação a um cão, por exemplo, explica a médica-veterinária Priscila Rizelo, da Royal Canin Brasil.
“Os gatos são uma espécie solitária na natureza e dependem inteiramente de si mesmos para se proteger de predadores e de outros felinos que possam ameaçar seu território. Como uma estratégia de sobrevivência, tendem a ocultar sinais de dor ou desconforto, visto que demonstrar fraqueza poderia torná-los vulneráveis”, ressalta.
Essa característica, segundo ela, persiste até hoje nos gatos domésticos, fazendo com que demorem para demonstrar claramente que algo não vai bem. Embora possam parecer independentes, devido a essa característica, e serem conhecidos como “pets que demandam menos cuidados do que os cães”, isso não é verdade.
Por isso, explica a médica-veterinária, uma das melhores maneiras de garantir que estejam saudáveis é garantir que eles passem por um check-up anual de cuidados preventivos. E com uma maior frequência para os felinos idosos e em condições crônicas
“É importante que o check-up aconteça regularmente, mesmo que os gatos pareçam saudáveis, pois muitos não apresentam sinais claros de dor ou desconforto aos seus tutores”, alerta.
As primeiras idas ao médico-veterinário, explica Priscila Rizelo, durante a fase de filhote até 1 ano, incluem a administração de vacinas preventivas, medidas de proteção contra parasitas, investigação de problemas congênitos e discussões sobre o procedimento de castração. “Para monitorar o crescimento saudável de um filhote, são usadas curvas de crescimento especialmente elaboradas para gatinhos, de maneira semelhante ao que é feito para acompanhar o desenvolvimento de crianças”.
Já no gato adulto, após 1 ano de idade, é comum avaliar o peso, a saúde bucal, digestiva, os hábitos de higiene e o comportamento geral do animal. “Para os maduros e idosos, a partir dos 7 anos, é recomendado realizar avaliações mais frequentes, normalmente a cada seis meses.
“Nesses estágios, o foco recai na identificação de sinais de dor, na manutenção da saúde dental, na avaliação da saúde renal e na detecção de mudanças comportamentais, como alterações nos padrões alimentares e na utilização da caixa de areia”, ressalta.
" Um ponto comum a todas as fases da vida é a avaliação nutricional e a recomendação de uma alimentação de qualidade adaptada à idade e necessidades específicas do animal"
Priscila Rizelo
A médica-veterinária lembra, ainda, que nos filhotes a realização de testes para detecção de doenças infecciosas como a leucemia viral felina, conhecida como Felv, e para a imunodeficiência viral felina, conhecida como FIV, são imprescindíveis. “Essas doenças são transmissíveis entre gatos e, infelizmente, tem uma alta prevalência no Brasil. A Felv é possível de ser prevenida por meio da vacinação”.
Já nos adultos, explica, a obesidade é a condição mais prevalente. A avaliação é realizada por meio de exame físico e do Escore de Condição Corporal, uma tabela de nove pontos utilizada para saber se o animal está abaixo ou acima do peso ideal.
“Atualmente, pesquisas globais indicam que mais de 50% dos gatos estão acima do peso, sendo que a obesidade tem consequências negativas para a saúde, incluindo maior risco para o desenvolvimento de diabetes e problemas articulares. Portanto, acompanhar regularmente o peso e preveni-lo é uma estratégia fundamental para mantê-los saudáveis a uma série de outras doenças”.
Já nos gatos maduros, conclui, a avaliação dos rins é importante, já que a doença renal crônica é a principal causa de morte em felinos com mais de cinco anos e afeta de 30 a 40% dos animais com mais de 10 anos de idade.
“A avaliação da saúde renal é feita por meio de exames de ultrassonografia, acompanhado de outros que avaliam a função dos rins, como creatinina e SDMA (dimetilarginina simétrica). Os animais apenas demonstram sintomas de doença renal quando pelo menos 75% da função renal já foi perdida, por isso a detecção precoce de alterações na forma e na função renal permite que se retarde a progressão da doença e que se aumente a expectativa de vida dos animais após o diagnóstico”, garante.
O check-up periódico é tão essencial para garantir a saúde e a qualidade de vida dos felinos que a Royal Canin Brasil criou, em 2029, a campanha “Meu gato no vet”, uma iniciativa global que incentiva os tutores a levarem seus felinos ao médico-veterinário a fim de realizá-lo.
“O objetivo é conscientizar sobre a importância dos cuidados preventivos com a saúde dos gatos, por meio do compartilhamento de conhecimento em diferentes canais, como, por exemplo, podcast e websérie, sempre com a participação de especialistas e tutores, dando depoimentos de histórias reais, além de diferentes ações em parceria com médico-veterinários”, conclui.
CARACTERÍSTICAS DOS FELINOS
- Gatos têm 12 vibrissas em cada bochecha. Esses pêlos sensoriais, também conhecidos como bigodes, são essenciais para ajudá-los a perceber o ambiente ao seu redor. Além de ajudar na orientação espacial, eles os auxiliam a determinar se conseguem ou não passar por uma abertura estreita. As vibrissas também são sensíveis ao movimento do ar, permitindo que os animais percebam qualquer mudança em seu entorno.
- Diferentemente dos humanos, os felinos têm uma visão noturna excepcional. Seus olhos contêm uma camada refletora que amplifica a luz disponível, permitindo que eles vejam melhor em condições de pouca iluminação. Os gatos requerem apenas um sexto dos níveis de luz necessários aos humanos para ver. Além disso, possuem uma visão periférica mais ampla do que a dos humanos, o que os ajuda a detectar movimentos ao seu redor.
- Os gatos podem ser verdadeiros atletas e têm uma incrível capacidade de saltar e equilibrar-se em superfícies estreitas. Conseguem saltar até cinco vezes o comprimento do seu corpo.
- Se comunicam com seus tutores de várias maneiras, por meio do corpo, sons e gestos. O ronronar, por exemplo, pode expressar contentamento, enquanto o movimento da cauda geralmente indica irritação, ao contrário dos cães, que é interpretado como satisfação. Além disso, eles podem fazer mais de 100 sons diferentes, desde miados carinhosos até ronronados de contentamento. Cada som que eles emitem tem um significado especial.
- Eles decidem o que comer com base no cheiro e na textura do alimento. Ao contrário dos humanos, a percepção do sabor é menos importante para os gatos. Seu paladar é menos desenvolvido, enquanto o olfato é altamente desenvolvido, sendo o primeiro sentido que atrai os felinos para o alimento. Se o cheiro do alimento for atraente, eles comerão. Depois de sentir o cheiro, eles podem mostrar preferência pela sensação do alimento na boca, como tamanho, forma, textura e sabor.
- Naturalmente, os gatos têm o hábito de ingerir uma pequena quantidade de água. Isso pode estar relacionado ao seu processo evolutivo, por terem vindo de regiões desérticas, onde se adaptaram a concentrar a urina e, assim, evitar a perda de água corporal. Por isso, é importante oferecer alimentos úmidos, que possuem de 80 a 90% de água em sua composição, para ajudar a aumentar o volume de água ingerido diariamente. Água sempre fresca e limpa, em vários potes espalhados pela casa, também pode contribuir para a sua hidratação.
- Gatos podem ajudar a reduzir o estresse nos humanos. A companhia de um gato pode trazer tranquilidade e conforto, contribuindo para um ambiente mais calmo e relaxante.
- A paixão por gatos é chamada de ailurofilia. O termo vem do grego e significa "gato" + "paixão".
- Com os cuidados adequados com a nutrição e com consultas regulares ao médico-veterinário, os gatos podem desfrutar de uma vida longa e saudável ao nosso lado.
- Não deixe de levá-los, ao menos uma vez por ano, para fazer o check-up e garantir o bem-estar dos felinos, trazendo mais qualidade de vida a esses seres maravilhosos denominados felinos.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.
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