A cachorrinha Deca também está em tratamento. Seus tutores perceberam um caroço subcutâneo próximo a uma de suas mamas. O diagnóstico precoce foi fundamental para o tratamento. Crédito: Divulgação
Como sabemos, outubro é o mês de campanha de prevenção do câncer de mama que acomete milhares de mulheres. Mas você sabia que cães e gatos também podem sofrer com a doença? Aliás, é o processo tumoral mais frequente em cadelas, enquanto em gatas é o terceiro tipo mais comum. Lembrando, ainda, que os machos também são suscetíveis a ela, embora em menor incidência.
Por isso, com o objetivo de alertar e informar os tutores que possuem animais de estimação sobre o diagnóstico precoce, a prevenção e o tratamento, neste mês é realizada também a Campanha Outubro Pet Rosa. É muito importante, então, que os “pais” de cães e gatos fiquem atentos a qualquer sinal de nódulos nas mamas de seus pets, quanto mais cedo a doença for constatada, maiores são as chances de cura.
Os tutores de Deca, Ricardo Sued e Viviane Miguel Sued, uma cachorrinha Sem Raça Definida (SRD), de 7 anos, descobriram entre agosto e setembro de 2021 um “caroço” subcutâneo, próximo a uma de suas mamas. “Logo já consultamos uma médica-veterinária e foram realizados vários exames, e veio o diagnóstico que jamais imaginávamos, carcinoma (tumor) maligno”, lembra, Ricardo.
Ricardo Sued e Viviane Miguel Sued, tutores de Deca, explicam que, apesar do medo, estão confiantes na cura total da cachorrinha SRD . Crédito: Divulgação
Infelizmente, diante do diagnóstico, Deca precisou passar por uma cirurgia em novembro para extrair o tumor e as duas mamas. Após a recuperação da cirurgia, a cachorrinha passou a ser acompanhada pela médica-veterinária Fernanda Ming, da LifePet, que deu início ao processo de quimioterapia.
“Foram, inicialmente, seis sessões de medicação injetável. Durante essa fase, foram feitos vários exames de acompanhamento. E após concluí-las, partimos para a quimioterapia com comprimidos. Serão necessários dois anos para a conclusão do tratamento. E nesse tempo, a cada três meses, a Deca tem consulta com a médica-veterinária e são realizados exames de ultrassom e raio X para investigar ocorrências de metástase”, ressalta, ainda, Ricardo.
Ricardo Sued explica que embora a doença na Deca tenha sido diagnosticada precocemente e que ela já está recebendo o tratamento e tomando as medicações necessárias, sempre dá aquele medo. “A gente cria muito amor pelo bichinho e só de pensar que de uma hora para outra podemos perdê-la, dá um aperto no coração. Qualquer pessoa que sente esse amor, deve ficar apreensivo”, ressalta.
Outra tutora que passou pela mesma situação com seu cachorrinho Sem Raça Definida, Dexter, de 8 anos, foi Bruna Pereira Nunes. Embora não tenha sido um tumor nas mamas, num espaço muito curto de tempo eles observaram vários nódulos no pet e o aumento dos mesmos também foi bem veloz.
O cachorrinho Dexter também teve câncer e está em tratamento. A médica-veterinária oncologista, Fernanda Ming, ressalta que a incidência do câncer em animais tem aumentado nos últimos anos, não só o de mamas. Crédito: Divulgação
“Fui notando um desânimo grande no Dexter, dificuldade em subir na cama, no sofá, e uma falta grande de querer brincar. Quando mexia nele, chorava. Foi quando procurei uma clínica veterinária. Fiquei desesperada, mas a médica-veterinária explicou a situação e foi bastante realista com o diagnóstico e, por isso, iniciamos o tratamento o quanto antes. Fiquei desesperada”, lembra.
O início do tratamento com quimioterapia foi imediato. “Na mesma semana ele já apresentou melhoras. Começamos com alguns medicamentos antes de partir para a quimioterapia. Ele apresentava anemia, peso e plaquetas muito baixas. Mas graças à médica-veterinária, ele vem respondendo super bem ao tratamento. Cada dia melhor! Ganhou peso, plaquetas normais, sem anemia. Mesmo com linfoma, ele tem uma vida normal, faz seus passeios, tosa, brinca bastante e alimenta-se bem. Aconselho aos tutores de seus animaizinhos que ao notar algo diferente em seus pets que procure o quanto antes atendimento especializado, isso pode salvar a vida de seu cãozinho ou gatinho”, garante Bruna Nunes.
Expectativa de vida
A médica-veterinária oncologista, Fernanda Ming, ressalta que a incidência do câncer em animais tem aumentado nos últimos anos. “Podemos atribuir isso ao fato de hoje eles terem uma maior expectativa de vida. E com o tumor de mama não é diferente, é o mais diagnosticado na espécie canina e o terceiro na felina”, lembra. Segundo ela, o desenvolvimento de diversos tipos de tumores ainda é um mistério, até mesmo para a medicina humana.
"Sabemos que é multifatorial e que diversos processos precisam acontecer para um paciente desenvolver um tumor. Mas, atualmente, entendemos que a castração precoce de cadelas diminui consideravelmente as chances de desenvolvimento de tumor de mama, sendo recomendado a realização entre o primeiro e o terceiro cio. A gravidez psicológica e o uso de anticoncepcional também são fatores que podem desencadear a formação desse tipo de tumor"
Fernanda Ming
Fernanda Ming explica, ainda, que com o avanço da medicina veterinária hoje já é possível contar com diversas abordagens de tratamento, desde as cirúrgicas, até a quimioterapia e a radioterapia. “É muito importante ressaltar que o diagnóstico de câncer não é uma sentença, muitos pacientes vivem anos sem nenhuma intercorrência relacionada com o tumor. Por isso é tão importante buscar a opinião de um especialista. E lembre-se, o diagnóstico precoce é ainda nossa principal arma”, conclui.
Cinco dicas para ajudar tutores na prevenção de câncer de mama em seus animais
- Castração: segundo pesquisas, a chance de uma cadela desenvolver um tumor de mama é de 0,5% se for castrada antes do primeiro cio e de 9% no caso das gatas. Recomenda-se, de forma geral, que o procedimento seja realizado entre o primeiro e o terceiro cio, mas a melhor opção é consultar um médico-veterinário, tudo depende do paciente pet. Além disso, é importante ressaltar que no caso de cadelas e gatas, a amamentação não previne o tumor de mama. E atenção: a administração de anticoncepcional aumenta a chance do desenvolvimento de tumores malignos.
- Palpação: uma boa maneira de observar as mamas dos animais, ou mesmo fazer um exame geral, sem estressá-los, é aproveitando os momentos de brincadeira e de carinho na barriga para apalpar as mamas, verificando se há ou não presença de algum nódulo na região, ou em outras partes do corpo. O ideal é colocar o animal de barriga para cima e apalpar delicadamente ao redor de todos os mamilos, prestando bastante atenção se existe algum aumento de volume ou textura diferente. Percebendo alguma alteração, o quanto antes procure ajuda de um especialista. Lembre que o diagnóstico precoce ainda é nossa melhor maneira para a cura.
- Cuidado com a obesidade: é bom lembrar que a obesidade em cadelas com idade entre 9 e 12 meses é um fator de risco para o desenvolvimento do tumor de mama. Daí a importância de manter o peso ideal nessa fase da vida, isso ajuda a proteger contra essa neoplasia no futuro. Além disso, sabe-se que o tecido adiposo tem função endocrinológica, já que pode produzir também o estrógeno, hormônio relacionado com o aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama.
- Dieta: estudos mostram que o tipo de gordura presente na dieta pode interferir no risco do câncer de mama. É importante ressaltar que dietas ricas em ômega-3 podem ter um efeito protetor contra o aparecimento de tumores mamários. Outro ponto primordial é uma dieta equilibrada, sem deficiências nutricionais (como a carência de vitamina D) e a disbiose intestinal, que é o desequilíbrio na composição da microbiota do intestino. Vale lembrar que a dieta natural em cães e gatos vêm ganhando espaço, no entanto, ela precisa ser realizada por um nutrólogo a fim de garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários.
- Acompanhamento de rotina: realizar o acompanhamento periódico com o médico-veterinário e os exames de rotina ajuda na prevenção do câncer de mama e dos outros tipos de câncer também. Alguns exames de sangue e de imagem são capazes de auxiliar no diagnóstico precoce das alterações neoplásicas.
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