• Rachel Martins

    Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Por que o adestramento ajuda a melhorar o bem-estar do animal?

Publicado em 08/11/2022 às 08h00
O dentista Antônio Marcial do Carmo com sua filha Antonella e Cristal

O dentista Antônio Marcial do Carmo com sua filha Antonella: a golden retriever Cristal foi adestrada. Crédito: Divulgação

O dentista Antônio Marcial do Carmo é tutor da golden retriever Cristal (@cristal_puro_amor), que chegou à família com 40 dias. Segundo ele, sua filha, Antonella Faustini do Carmo, queria muito um cãozinho que não latisse (risos) e que pudesse acompanhá-los em suas atividades diárias, nadar, remar, correr e que fosse inteligente, dócil, carinhoso e brincalhão.

“Um dia estávamos passeando no calçadão da praia e vimos um golden retriever e chegamos à conclusão de que era a raça que queríamos. E foi a melhor coisa que aconteceu para nós dois. Como sou divorciado da mãe de Antonella, ela precisava de uma ‘irmãzinha de quatro patas’ e Cristal preencheu nossas vidas”, lembra Antônio.

Antônio explica que logo começou a pensar em “adestrá-la”, ensinando ele mesmo alguns comandos, como uma forma de melhorar o comportamento de Cristal, além da comunicação e dos momentos de lazer, reduzindo, assim, o estresse e a ansiedade, tanto da cachorrinha, como dele e de Antonella.

O dentista Antônio Marcial do Carmo com sua filha Antonella e Cristal

O dentista Antônio Marcial do Carmo com sua filha Antonella e Cristal. Crédito: Divulgação

“O golden retriever é uma raça muito inteligente e com dedicação e carinho a gente consegue treiná-la. Então, dedicava, sempre, algumas horas do meu dia nessa missão. Inicialmente, queria apenas que ela fosse um cão livre, sem precisar andar com coleira. Mas quando percebi que ela curtia esse momento e estava disposta a obedecer os comandos com naturalidade, ensinei ela a dançar forró, se equilibrar na prancha de stand up, nadar em mar aberto ao meu lado, chamar o elevador, sentar, dar patinhas, deitar, equilibrar bolinha na testa, entre outros. Começamos quando ela tinha seis meses. Não foi difícil”, explica.

TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS

A adestradora e comportamentalista animal, Valquíria Nunes Ewald, explica que, atualmente, o adestramento nada mais é do que as técnicas utilizadas, desde a domesticação, para reforçar comportamentos desejados e adaptar o animal aos parâmetros do ambiente em que o mesmo vive.

“Hoje, são três principais vertentes, o condicionamento ou adestramento funcional, que é utilizado para ensinar comportamentos específicos, desde comandos básicos a funcionais, como em zoológicos para coleta de exames, por exemplo; o básico, que consiste em aplicar os comandos e ensinar o animal rotinas do ambiente em que vive para proporcionar melhor adaptação social; e o comportamental, onde são aplicadas técnicas para o tratamento de comportamentos apresentados fora de contexto por distúrbio emocional, trauma ou deficiência na rotina necessária para atender as necessidades básicas do indivíduo”, explica a adestradora.

Valquíria Ewald conta, ainda, que o adestramento teve início na antiga Grécia com o objetivo de modelar o comportamento dos cavalos durante as provas que hoje são conhecidas como hipismo. “Mas com a evolução da ciência e os estudos sobre comportamento animal, o médico russo Ivan Pavlov começou a compilar os dados existentes e a elaborar sua pesquisa sobre reflexos condicionados, que é a base para o que utilizamos até hoje nos treinamentos”, garante.

Ela ressalta, também, que o adestramento tem como funções principais, fornecer condições de manejo do animal e adaptá-lo a ambientes, rotinas e procedimentos, mas não só cães e gatos. 

"É importante lembrar que todos os animais aprendem da mesma maneira, a única diferença é o empenho que colocamos em aplicar as técnicas para ensiná-los. E o mito de que os gatos são mais independentes e não gostam de atividades, não procede. Na verdade, assim como os cães, eles necessitam de uma rotina adequada de atividades físicas e mentais"

"É importante lembrar que todos os animais aprendem da mesma maneira, a única diferença é o empenho que colocamos em aplicar as técnicas para ensiná-los. E o mito de que os gatos são mais independentes e não gostam de atividades, não procede. Na verdade, assim como os cães, eles necessitam de uma rotina adequada de atividades físicas e mentais"

Valquíria Ewald

Valquíria Ewald faz um alerta em relação aos animais resgatados das ruas que muitas vezes sofrem maus-tratos. “No caso de animais que sofrem ou sofreram algum tipo de trauma, o ideal é a terapia comportamental, onde são aplicadas técnicas de adestramento e condicionamento, associadas a ajustes de rotina para que o animal receba o auxílio necessário e consiga atingir o estado a que chamamos de bem-estar”.

Mas em relação ao adestramento de forma geral ela faz um alerta: “Em muitos casos, pela cultura da sociedade, são aplicados métodos aversivos, como o uso de enforcador, onde o comportamento apresentado pelo animal é suprimido de forma que não ofereça transtornos ao tutor. O problema é que esses métodos não indicados fazem com que os animais desenvolvam problemas fisiológicos, como alergias e doenças gastrointestinais e emocionais como a exaustão (depressão)”.

Valquíria Ewald lembra, também, que o adestramento, na verdade, é aplicado pelo tutor, aos adestradores cabe apenas ajudar no processo. “É o tutor que vai passar o resto de sua vida ao lado do animal e por isso é quem aprenderá e aplicará as técnicas necessárias para o ajuste de comportamento e assim, consequentemente, conseguir elaborar dentro de sua rotina a melhor forma de aplicar, inclusive desenvolver junto aos profissionais, as técnicas individuais para melhorar a qualidade do treinamento aplicado, podendo fazer a manutenção constante do que é ensinado, visando sempre a melhoria do vínculo entre tutor e animal”, conclui.

BENEFÍCIOS DO ADESTRAMENTO

A médica-veterinária Juliana Almeida Germano, com especialidade em comportamento animal, que atua na rede “Pet de todos”, ressalta a importância do adestramento.

"Ele oferece uma série de benefícios, tanto para o tutor quanto para o animal. O principal é a melhoria da comunicação entre os dois. Isso porque ao aprender a obedecer aos comandos do tutor, o pet fica mais livre para expressar os comportamentos próprios da sua espécie, sem comprometer a harmonia do lar"

"Ele oferece uma série de benefícios, tanto para o tutor quanto para o animal. O principal é a melhoria da comunicação entre os dois. Isso porque ao aprender a obedecer aos comandos do tutor, o pet fica mais livre para expressar os comportamentos próprios da sua espécie, sem comprometer a harmonia do lar"

Juliana Almeida Germano

A profissional diz que além disso, pela interação próxima com o pet, o tutor consegue identificar as necessidades e limitações do animal com mais facilidade, podendo, inclusive, identificar sintomas de doenças, que se manifestam como mudanças comportamentais e a perda de apetite. 

10 BENEFÍCIOS DO ADESTRAMENTO EM ANIMAIS

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  1. Melhora a convivência e a socialização
  2. Estabelece limites.
  3. Aumenta a interação entre o pet e o tutor, criando um maior vínculo afetivo.
  4. Ajuda o pet a lidar com frustrações.
  5. Diminui o estresse e o medo dos pets.
  6. Ajuda o pet a desenvolver o autocontrole.
  7. Proporciona uma vida mais estimulante para o pet, com mais atividades físicas e mentais.
  8. Educa o pet a passear próximo ao tutor, com ou sem coleira.
  9. Educa o pet a obedecer a comandos, como “sentar” e “ficar”.
  10. Educa o pet a fazer suas necessidades em locais específicos.
    Fonte: Juliana Almeida Germano

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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