Animais silvestres resgatados. Crédito: IEMA e Karolina Gazoni/Divulgação
O Espírito Santo, assim como todo o Brasil, está sofrendo muito em decorrência das queimadas. E não apenas nós, seres humanos, sofremos diante dessa situação. Os animais silvestres, também. E muito.
O coordenador de Fauna do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA-ES), Cosme Damião Valim Carvalho, explica que a primeira coisa que vem à mente quando se relaciona as queimadas com fauna silvestre são imagens de animais em fuga e com as patas queimadas.
“Na verdade, existe uma série de fatores que influenciam e perduram negativamente na saúde dos animais silvestres, dos quais podemos destacar a perda, ainda que temporária, dos habitats onde vivem. Um exemplo é o de um anfíbio que utiliza bromélias como abrigo e local de manutenção da sua prole. Outro, são os ninhos destruídos, porque embora as aves possam voar para se proteger, uma geração delas se perde com os incêndios em seus habitats. Além disso, ocorre uma drástica redução da oferta de alimentos, considerando tanto os grupos que se alimentam de diferentes tipos de vegetais, que são destruídos pelo fogo, quanto os grupos que se alimentam de outros animais, que terão que buscar outros locais para caçar suas presas”, alerta Cosme Damião.
Os animais que mais são afetados durante situações de incêndio em seus habitats são aqueles de menor mobilidade, como anfíbios e répteis. Já os que possuem maior mobilidade, ou que podem voar, têm maiores chances de evacuação das áreas críticas quando estão vivenciando essa situação.
O coordenador de Fauna do IEMA, destaca ainda que a natureza, por si só, já é um ambiente que proporciona situações de estresse aos animais, seja em confrontos com predadores ou na disputa por parceiros. “Mas nada se compara à perda total ou parcial de seus habitats, que leva à busca por novas áreas não afetadas pelo incêndio, o que pode causar uma superpopulação de determinados animais, gerando encontros mais frequentes de presas e predadores, ou disputa por espaço e alimentos, afetando diretamente a qualidade de vida desses animais”, frisa.
Durante as ações de combate aos incêndios, o que se observa é a fuga dos animais, é raro encontrar algum indivíduo da fauna ainda no local. No entanto, o IEMA recebeu recentemente um filhote de tamanduá e três de gambá, que provavelmente se desgarraram das mães durante a fuga. “Quando isso acontece, eles são direcionados a um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres para que recebam o devido acompanhamento”, ressalta.
O principal objetivo dos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres é buscar a reintrodução dos animais em seus habitats. Mas nem todos conseguem retornar à vida livre, pois podem apresentar sérios comprometimentos de mobilidade, e soltá-los nessas condições os colocaria em situação de vulnerabilidade e possível sofrimento.
“Sendo assim, busca-se por alguma modalidade de cativeiro que possa recebê-los como zoológicos, mantenedouros ou criadores científicos. No Espírito Santo, existe também a categoria intitulada ‘Guardião de Fauna’, que nada mais é do que uma pessoa física que tem autorização para cuidar de um animal silvestre que não tem condições de ser reabilitado e voltar à vida livre, ou de espécie que não ocorre no país, cuja a repatriação é difícil”, conclui Cosme Damião.
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