
Alimentação para pets. Crédito: Shutterstock
Será que os cães de gatos sentem o sabor dos alimentos ou são apenas atraídos pelo cheiro?
Essa dúvida é comum, especialmente quando se observa o entusiasmo de um cão por qualquer alimento ou a seletividade quase impecável de um gato diante de sua tigela.
A resposta é sim: cães e gatos sentem sabores, mas de forma diferente dos humanos e entre si. O aroma dos alimentos desempenha um papel importante na atração inicial, mas o paladar é fundamental para que eles decidam se o alimento será consumido ou recusado.
A médica-veterinária e gerente de produtos da Pet Nutrition, Bruna Isabel Tanabe, explica que o paladar desses animais é mediado pelas papilas gustativas, estruturas presentes na língua e em outras áreas da boca. Elas captam moléculas químicas dos alimentos e enviam sinais ao cérebro para interpretar os sabores.
Os cães possuem cerca de 1,7 mil papilas gustativas, o que permite que percebam sabores, como doce, salgado, amargo, azedo e umami (relacionado às proteínas). Essa capacidade, embora menos refinada do que a dos humanos, é suficiente para identificar alimentos nutritivos e até agradáveis. Já os gatos possuem apenas 470 papilas gustativas, mas são altamente especializadas. Como carnívoros estritos, eles têm uma predileção natural por proteínas e gorduras, e não possuem receptores para o sabor doce, o que reflete sua dieta evolutiva baseada exclusivamente em carne.
“Mas a porta de entrada para o interesse alimentar de cães e gatos é o odor. Como o olfato é muito mais apurado nesses animais do que em humanos, o aroma do alimento é uma ferramenta indispensável para atraí-los. Nos cães, o olfato pode ser até 10 mil vezes mais sensível que o dos humanos, enquanto os gatos, embora não tenham uma sensibilidade olfativa tão alta quanto a dos cães, também dependem amplamente desse sentido. Isso explica por que alimentos com aromas intensos tendem a ser mais atrativos.”

Cães possuem cerca de 1,7 mil papilas gustativas. Crédito: Freepik
A médica-veterinária destaca que o paladar também é uma ferramenta importante para a saúde. “Os pets usam esse sentido como um mecanismo de defesa natural, rejeitando alimentos que tenham gosto amargo ou azedo, pois frequentemente indicam substâncias tóxicas ou estragados. Essa capacidade é essencial para a sobrevivência, especialmente em ambientes selvagens. Já em ambientes domésticos, onde a dieta é controlada pelos tutores, o paladar desempenha um papel diferente, influenciando a aceitação ou rejeição de alimentos industrializados, como rações e petiscos”.
“Quando a alimentação não é atrativa ao paladar, mesmo que seja nutricionalmente completa, podem surgir problemas que afetam a saúde e o bem-estar do animal. Por exemplo, em cães ou gatos que necessitam de dietas terapêuticas para tratamento de doenças como obesidade, diabetes ou insuficiência renal, a rejeição alimentar pode comprometer a sua condição clínica. Com isso, é possível observar palatabilizantes naturais na composição dos alimentos, para torná-los mais saborosos e aumentar a aceitação”, relata Bruna.
Além do impacto na saúde física, o paladar está diretamente relacionado ao bem-estar emocional dos pets. Oferecer uma dieta saborosa e variada pode melhorar o humor e reduzir comportamentos relacionados ao estresse, como apatia, irritabilidade ou até agressividade. Já refeições repetitivas e sem apelo gustativo podem gerar frustração e até levar a problemas de subnutrição em casos de rejeição persistente.
Os sabores que mais agradam os pets em geral são:
- Carne
- Churrasco
- Frango
- Galinha caipira
- Pato e cordeiro são para paladares mais sofisticados
- Salmão e frutos do mar (preferência dos gatos)
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