• Rachel Martins

    Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Tatá, o tamanduá-mirim que desafiou a medicina veterinária no Espírito Santo

Publicado em 25/09/2024 às 17h30
Tamanduá-mirim que vive no Parque Paulo César Vinha

Veterinário Fabricio Pagani com o tamanduá Tatá . Crédito: Divulgação

A história do tamanduá-mirim, chamado carinhosamente de Tatá, começa quando ficou órfão e foi encontrado ainda filhote pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM-ES), onde inicialmente foi criado. Mas com o objetivo de dar mais qualidade de vida ao bichinho, em janeiro deste ano ele foi transferido para o Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), em Guarapari.

No começo, ficou em um recinto próximo à sede recebendo alimentação em forma de papa e sendo estimulado a comer cupim. Era solto uma vez ao dia, sob supervisão, e foi se acostumando ao ambiente e quando queria saia em busca de sua própria sobrevivência.

O diretor-presidente do IPRAM, Luis Felipe Mayorga, conta que com o tempo o recinto passou a ficar aberto e Tatá passava vários dias desaparecido comendo cupins (que aprendeu no cativeiro) e quando sentia necessidade retornava para reforçar a alimentação e beber água.

Considerando o risco de estar circulando próximo à Rodovia do Sol, explica Fernanda Severino, servidora do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA-ES), Tatá foi solto em outro ponto do parque, próximo à Trilha do Alagado, onde também teve alimentação e água. “A adaptação foi ótima e aos poucos ele foi ficando mais arredio e demonstrando instinto de proteção”.

Em suas andanças, ele sempre era visto pelos guarda-parques e visitantes, o que lhe trouxe uma certa fama. Mas em julho deste ano Tatá foi encontrado com o braço mordido. Foi constatado pelo médico-veterinário uma fratura no braço direito, sendo necessário realizar uma cirurgia para correção. A marca da mordida era condizente com o ataque de um cachorro doméstico.

Foram duas cirurgias realizadas no Hospital Silvestres, em Vila Velha, pelos médicos-veterinários Eduardo Lázaro e Gabriel Breder, anestesiologistas, e Fabricio Pagani, cirurgião ortopédico e neurocirurgião.

“Foi uma para colocação de placa e outra para a sua retirada. Tatá é um paciente desafiador, tanto na parte da aplicação da anestesia, por ser difícil de realizar a intubação, quanto da anatomia. Tudo precisou ser direcionado para a espécie e o tamanho do animal”

“Foi uma para colocação de placa e outra para a sua retirada. Tatá é um paciente desafiador, tanto na parte da aplicação da anestesia, por ser difícil de realizar a intubação, quanto da anatomia. Tudo precisou ser direcionado para a espécie e o tamanho do animal”

Eduardo Lázaro

Fabrício Pagani destaca que as cirurgias desse tamanduá representam um desafio sem precedentes na literatura científica mundial, pois na ausência de referências precisas, foi necessário realizar uma tomografia computadorizada de todo o esqueleto para comparar o braço saudável com o fraturado.

“Pesquisamos trabalhos científicos relacionados e com base nesse estudo anatômico detalhado, desenvolvemos um planejamento cirúrgico inovador, aplicando as melhores técnicas ortopédicas disponíveis. Nosso objetivo é publicar em revistas científicas essa experiência única para outros animais em situações semelhantes, frisa Pagani.

Tatá, o tamanduá-mirim que desafiou a medicina veterinária no Espírito Santo

Tatá, o tamanduá-mirim que desafiou a medicina veterinária no Espírito Santo. Crédito: Acervo pessoal

O destino de Tatá, ressalta Fernanda Severino, ainda não foi definido. “Estamos aguardando a sua plena recuperação para, posteriormente, tentar uma nova reintrodução dele em seu habitat natural”, conclui.

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